Refúgio, a cidade perdida.

Capítulo 10 - Nova doutrina

Daniel havia estudado fora, nas melhores faculdades do país e isso o fez ter uma visão de mundo bem diferente da do seu pai. Ele tinha planos e por isso usou a sétima parte da cidade, onde não morava ninguém, para construir galpões.

Os moradores ficavam apenas na quinta e sexta parte da cidade. As três primeiras serviam para as plantações, armazenar água e cuidar do gado.

Daniel queria produzir armas e trouxe um vasto conhecimento sobre isso. Ele também treinou algumas pessoas para produzirem ferro e com isso Quedhes ficou uma cidade rica e bem procurada por mercadores.

Os dez primeiros anos de Daniel como prefeito foram de muita prosperidade e paz, mas no décimo-primeiro ano um homem misterioso surgiu na vila causando problemas.

Seu nome era Frank, que chegou à vila acompanhado de sua esposa e seus dois filhos adolescentes. Frank era um profundo conhecedor das escrituras e a princípio se propôs a ajudar Lopes, que já estava muito velho para cuidar da igreja.

Frank era um exímio pregador e dominava muito a oratória. Ele rapidamente alcançou uma boa posição dentro da igreja e passou a ser respeitado por Daniel e os líderes de Quedhes.

O filho mais velho de Lopez se chamava Johnny Lopez e devido a avançada idade do pai passou a tomar conta da igreja.

Quedhes crescia cada vez mais e Daniel recebia constantes visitas de pessoas importantes. Frank cativava as pessoas com seus ensinamentos e certo dia fez uma reinvindicação a Daniel.

— Sei que o pastor Jhonny é o responsável pela igreja aqui de Quedhes, mas muitas pessoas me perguntam porque eu não fico como pastor da igreja.

— Jhonny assumiu o lugar do pai dele já há algum tempo, creio que uma troca não seria boa para a nossa cidade. Você tem muita qualidade Frank, mas se quer mesmo ser pastor deve ir para outra cidade.

— Eu gostei daqui e pretendo ficar Daniel, mas pense no que falei, acho que a cidade está fraca espiritualmente e precisa de um líder religioso mais carismático e mais influente com as pessoas.

Daniel não concordou com Frank e seu filho mais velho, de nome Arthur, que ouvia a conversa o questionou.

— Será que ele não tem razão pai?

— Não filho, um líder como eu não pode se guiar pela voz dos homens, mas apenas pela voz de Deus.

— Mas Jhonny é bem inferior a ele em relação as pregações e ao carisma.

— Com certeza, mas Jhonny é o escolhido de Deus para esse lugar, assim como nós somos para governar, ele é o escolhido para cuidar das almas.

Arthur não concordava com o seu pai, mas não conversou mais sobre o assunto.

Meses depois, Frank pregou na igreja no culto de aniversário da cidade. Quase toda a população estava presente no maior prédio de Quedhes.

A igreja de Quedhes era muito grande e naquele dia, Lopez, bem avançado em idade, comandou o culto. Ele usou a bíblia branca que havia ganhado de Caleb e contou a história de fundação da cidade.

Ele não falou muito e pediu para que seu filho e Frank pregassem um pouco antes do culto ser encerrado.

Jhonny pregou muito bem e levou as pessoas as lágrimas. Frank pregou muito bem, mas ao final deixou uma mensagem que não pegou muito bem para a maioria dos presentes.

Jhonny falou que todos que moravam em Quedhes já eram salvos e que não importasse o que fizessem, o nome deles não seria riscado do livro da vida. Um ensinamento totalmente contrário a pregação de Lopez e o seu filho.

Daniel chamou a Frank para que ele se explicasse e o pregador falou que tudo o que ele dizia era bíblico. Daniel não concordou e disse para Frank não confundir a cabeça das pessoas. Uma semana depois, Frank fez algo que fez Quedhes virar um barril de pólvora.