1 - Maria Clara

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Este livro contém cenas de violência, sexo, entre outros.

Se não gosta, não leia.

3 Meses antes.

Respiro fundo e olho no espelho, as lágrimas descem como rios sem parar. Ate quando irei suportar isso? Até onde uma mulher vai por um casamento?
Fracasso!
Fracassei no meu casamento, e o principal fracassei comigo mesma! Eu nunca deveria ter me submetido a isso, minha família nunca me perdoaria se soubesse até onde eu cheguei. Me pergunto o que eles fariam se fossem vivos. Meu irmão era estourado igual meu pai e provavelmente já tinham colocado meu marido debaixo da terra, mamãe choraria sem parar comigo, era bondosa mas não suportaria isso, jamais!

O vermelhidão em meu braço começava arroxear, assim como meu olho esquerdo. Minha visão estava embaçada pelo inchaço e decido por um ponto final nessa história. Amor não existe mais, não lembro bem quando o deixei de amar, se foram quando as agressões começaram, ou sera que foram com as ameaças?

Meu casamento era bom no início, foi bom por 10 anos, mas derrepente tudo virou um inferno, ele se tornou mais possessivo, tirou minhas amizades, celular e computador, por pouco eu não podia ver televisão também pra não ter que admirar coisas que eu não posso ter. Então veio a prisão domiciliar, as grades na janela e então minha depressao. Aceitei que eu não podia ouvir e falar sobre outra pessoa, não podia nem mesmo ver. Aceitei que não era boa o suficiente pra ninguém que não seja meu marido, aceitei que dependo dele por que ele me sustenta. Então me lembro do que era e do que sou hoje.

Sou uma mulher bonita, meu cabelo e castanho claro liso e cumprido, meu olhos também são castanhos claros, sou magra, e sempre lutei por tudo, sempre conquistei tudo com muito suor.

Trabalhei duro por anos para ter a casa que tenho, com tudo que tenho, a casa era dos meus pais e eu tive que pagar algumas dividas atrasadas pra conseguir passar pro meu nome. Então comecei com a mobília. Tudo do jeito que sempre sonhei. E tinha acabado de fazer dezoito anos. Tinha acabado de me tornar órfã, por que minha família inteira morreu num acidente de carro. Então arrumei um emprego, terminei os estudo e comecei a escrever minha própria história.

Com 22 anos conheci Roberto e me apaixonei, ele era um cara bom, me amava, logo nos casamos e os dez primeiros anos foram tudo normal, como um casamento realmente deveria ser, básico, nada demais, algumas brigas bobas e depois tudo bem, porém a dois anos tudo mudou, e eu não sei o motivo, eu tentei melhorar, correr atrás, lutar para manter meu casamento, então veio a primeira agressão e acho que ali eu deixei de o amar.

Papai sempre foi um cara nervoso, mas nunca com mamãe, ele colocava suas necessidades acima de qualquer coisa, seus desejos e sonhos, e os realizava. Meu casamento não era igual, cada um fazia por si para conquistar o que queria, mais ainda assim era bom. E ainda assim eu tentei com tudo em mim.

Respiro fundo e decido que não toleraria mais isso, que já me submeti o suficiente pra aceitar continuar vivendo esse inferno. Abro a porta e respiro, o som alto no andar debaixo e proposital, pois assim esconderia meus gritos, minhas agressões. Ninguém viria por mim.

Desco as escadas e minha primeira açao e desligar, meu marido está jogado no sofá com uma latinha de refrigerante já que ele não bebe cerveja. Como se nada tivesse acontecido, como se a alguns segundos atrás ele não estivesse socando minha cara. Me jogado na cama e me espancado.

- Tá ficando maluca? Perguntou se levantando.

Tinha dúvidas se ele teria coragem de me bater com o som desligado. Eu teria o prazer em gritar em deixar claro o que acontecia ali. Mas não me arrisquei, eu não duvidaria, não mais.

- Acabou. Falei com a voz firme, sem exitacao.

Ele riu, não, ele gargalhou na minha cara. Cuspiu.

- Isso aqui só acaba quando eu disser que acaba. Não vai se livrar tao facilmente. Declarou mas não deixei que sua fala me atingisse. Não! Eu disse que acabou!

- Eu disse que acabou, pegue suas coisas e saia da minha casa.

Ele olhou fundo nos meus olhos e sorriu. Mas fez o que mandei. Subiu em nosso quarto e logo desceu com uma mochila. Parou na porta e mais uma vez me olhou e sorriu.

- Eu vou, mas não te dou a liberdade. Você e minha e não será de mais ninguém.

Disse e saiu me deixando nervosa. Porém livre. Pela primeira vez em muito tempo eu me sentia livre.

Dante. MC - Lobos Onde histórias criam vida. Descubra agora