5 - Dante

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Eu não devia dar o benefício da dúvida pras pessoas. Porém eu errei apenas uma vez pra nunca mais. A noite caia e eu estava mais uma vez no acesso as câmeras do clube. O homem lá fora pensava que passava despercebido. Estava a dois dias já aqui fora esperando uma oportunidade, a dois dias esperando uma certa mulher pra fazer sabe se lá o que. Ela ainda estava em meu quarto e não saia de lá pra nada, adorava minha cama e já imaginei mil coisas que eu teria o maior prazer em fazer ali com ela. Ela parecia tão leve e prazerosa em minha cama. Tinha levado suas refeições para que pudesse se alimentar, e estava pensando seriamente em tira lá lá de dentro pra jantarmos hoje na cozinha social. Ela aceitou minha proteção, até que eu mandasse seu marido pro inferno e eu tinha a plena certeza que eu vou mandar. Odiava homens como ele. Homens que adorava abusar de pessoas menores fisicamente e psicologicamente, homens que tinham o prazer em destruir pessoas inocentes por puro egoismo. Nós tínhamos uma lei aqui dentro, defender quem precisasse, ajudar quem necessitasse e nós ajudamos de muitas formas. Temos centro de reabilitação para quem precise, odeio drogas e não permito que usem no clube, até por que ajudamos pessoas a se livrar desse vício. Temos oportunidades de emprego, e outras coisas. Somos um grupo bom. Um que luta pelas pessoas, e não apenas se beneficia do que cada um pode lhe dar.

Já se passava das oito então decidi que era hora de agir. Era hora de deixar as coisas em claro e recado avisado. Ninguém ficaria rodeando meu clube. Me levanto e visto uma camisa preta, estou usando uma calça jeans e meu conturno. Jogo uma jaqueta por cima pois lá fora está frio, e por mais que eu não vá tão longe eu prezo muito pela minha saúde. Sem contar que e minha marca registrada e eu adoro usar jaquetas. Saio na porta do clube e olho para frente no escuro, não vejo nada mas sei que ele está ali, pego meu celular e confiro. As imagens em infra vermelho me mostra sua forma e sorrio. Atravesso indo direto ao ponto que desejo.

- Você está seguindo um caminho muito complicado se ficar rodeando meu prédio. Digo parando na calçada.

Quem olha assim por fora vai achar que estou falando sozinho. Pois além da escuridão existe duas árvores próximas, que tampam sua forma. Porém eu o vejo por trás delas. Sei todos os pontos de esconderijos ao redor do clube, e um ponto muito bem seguro e vigiado. Meu adversário decide se manter em silêncio. Fortao pra foder a mente da ex esposa e um covarde pra lidar com alguém do seu tamanho. Suspiro e dou a volta. Consigo vislumbrar sua forma agora, o homem estava encolhido como se a árvore fosse sua única proteção. E era na verdade. Meu braço o puxa para mim e o aperta contra a árvore o sufocando.

- Calma ae cara. Calma ae. Pede desesperado.

- Engraçado a hora que eu falei com você, você resolveu me ignorar. Digo o provocando.

- Você tem uma coisa que me pertence cara. E só isso.

- E o que seria? Pergunto curioso.

- Minha esposa. Só estou esperando ela sair.

- Ata, aquela que eu salvei a três noites atrás desesperada por que voce a estava atormentando com seus cachorros?

- Era só uma brincadeira.

- Qual seu problema com ela? Pergunto já não satisfeito pela nossa conversa.

- Ela acha que vai me largar. Riu como se fosse louco.

- E não vai?

- E claro que não. Achei que você pudesse me entender.

- Por que eu entenderia?

- Por que você e homem. Você deveria entender que nós jamais largamos uma mulher gostosa como aquela, principalmente achando que vai me deixar na rua sem nada.

Pensei em suas palavras e o confrontei.

- Ser homem não significa minha falta de caráter. A mulher disse não, então e não, a partir de hoje ela e minha. E eu acho bom você não querer me estressar.

- O que? Perguntou chocado.

- Sua ex esposa agora me pertence. Tem minha proteção e meu corpo para ela. Ela não precisa de você, na verdade ela não precisa já faz um bom tempo.

Disse rindo atiçando sua raiva. O problema era esse. O problema era ser de outro, em não ter nada. O homem estava completamente perdido com sua única obessessao pela mulher. Ele ainda tentou revidar e sair do meu agarre em vão.

- Aquela vadiazinha....

Não deixei que terminasse sua frase, meus dedos acertaram sua face em cheio.

- Não vou repetir. Fique longe dela. Disse me retirando.

Atravesso a rua e entro no clube novamente. Decido ir até a garota em meu quarto para trazer lá para comer mas logo me surpreendo quando passo pela cozinha aberta. A garota conversava animadamente com Letícia, uma senhora de 40 anos responsável pela nossa cozinha e dona de uma comida maravilhosa.

- Dante. Grita ao me ver se afastando da garota.

Aceno e me aproximo. O local está bem iluminado e um pouco cheio devido ser hora de refeição. A garota parece feliz e está bem animada conversando com algumas pessoas ao redor dela.

- Ela parece ser legal.

Aceno concordando. Ela parece ser incrível.

Logo Julian se aproxima e começamos a conversar.

- Quando vai resolver a questão dos piratas?

- Logo. Respondo

Piratas e um motoclube que tem me dado dor de cabeça. Suas ações estão recaindo sobre meu grupo. E não temos nada haver com isso. Tentei uma solução amigável e o homem quer dar sua filha em casamento. Antigamente existia isso. Os clubes se juntavam através do casamento, hoje em dia não mais. Então me surpreendi quando ele propôs. Até por que conheço Alexandre e sei que ele não age dessa forma.

- Podemos conversar?

A voz suave pergunta e logo aceno.

- Meu nome e Maria Clara. Qual o seu?

- Dante. Respondo

- Amanhã eu volto ao trabalho.

- Tá bom. Preciso saber da hora que entra e da hora que sai. Todos os seus endereços que frequenta também.

- Eu entro às 16:00 e não tenho hora certa pra sair, mas posso te ligar. E geralmente e de madrugada, não vai te atrapalhar?

- Não. Digo apenas.

- Então tá. Preciso passar em casa antes então será que agente podia sair daqui amanha umas 14 horas?

- Claro.

- Por que não me disse que eu estava no seu quarto?

- Não me importo.

- Mas eu sim, você dormiu no sofá todos esses dias.

- Aquilo e uma poltrona e você não sabe a maravilha que aquilo faz. Digo sorrindo e ela sorrir também.

- Obrigada por tudo.

Aceno em resposta

- Está com medo? Quando sair daqui. Pergunto.

- Por incrível que pareça. Não. Você e um cara que assusta, e eu me assustei quando te vi, mas ao mesmo tempo eu me senti protegida. Então eu não estou com medo se você cumprir com sua palavra.

- Eu sempre cumpro.

- Que bom.

Eu sempre cumpria com minhas promessas, e minha única promessa no momento era proteger a garota.




Dante. MC - Lobos Onde histórias criam vida. Descubra agora