3 - Dante

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A vida nem sempre foi muito fácil pra mim. No começo eu tinha princípios, hoje eu faço o que eu quero. A lei e minha. Tenho contatos em todos os lugares inimagináveis, hoje, tudo gira conforme eu decreto. Se me orgulho disso? Sim, por que quando eu tentei ser apenas um garoto e lutar pelos meus direitos, simplesmente me ignoraram, assumi o comando ainda muito jovem, tentei sair dessa vida como meu pai mas foi em vão. Aceitei que o mundo e dos espertos e de quem decreta as leis que no caso antes era meu avô. Aprendi a lutar e a ser respeitado aonde quer que eu fosse. Aprendi a ter amigos por perto e meus inimigos mais perto ainda. Gosto da crueldade que habita em mim, gosto do grito de socorro e do desespero, por que eu sei que hoje são feitos por mim. Por que na minha época ninguém me ouviu. Mas não pense que saio por aí maltratando os outros, só a quem precisa, e quem sabe pedir ajuda. Também não sou trouxa de confiar nas pessoas, antes que eu libere a crueldade que existe em mim, eu pesquiso tudo e vejo se aquela pessoa realmente e digno da minha ajuda.

Tenho um motoclube que e heranca de meu avô. Não trabalhamos com tráfico, nem drogas. E ainda assim aqui tem pessoas formadas em várias áreas que possam me ser útil um dia.

Aqui tínhamos todos os quartos com televisão e banheiro individuais, mas a cozinha era no primeiro andar, a cozinha era pra todos, era o lugar de se sentar e colocar o assunto em dia em como foi o dia de cada um. Eu gostava disso, gostava que as pessoas aqui gostavam de compartilhar, não abrimos mão disso por nada. Claro que os assuntos mais pesados não conversávamos aqui.

Tem pessoas que frequentam o lugar por se sentir em casa. E tem pessoas que moram aqui por ter passado dificuldades na vida, seja ela qual for. Somos como uma família. Um defende o outro.

- Fala ae cara. Tudo tranquilo. Disse meu amigo e irmão Julian.

Ele havia acabado de voltar de uma missão na qual eu o designei.

- Tudo. Como foi lá? Perguntei.

- Tudo tranquilo, o cara tem uma proposta pra você. Disse que aceita o acordo se você garanti um lugar de honra pra filha dele.

Ele disse me fazendo o olhar? Um lugar de honra?

- Ele acha que eu sou o que? Que aqui e o que? Ele quer da a filha dele como moeda de troca? Perguntei ainda sem acreditar.

- Na verdade ele disse que quer falar com você pessoalmente, parece que o problema e mais complicado. Disse me fazendo suspirar.

As coisas são fáceis de se resolver, eu só queria entender por que as pessoas tendem a complicar tudo.

Abri meu notebook e o liguei, acessei as câmeras do lugar pois gosto de observar tudo, gosto de saber tudo que acontece. Uma cena me chamou a atenção, uma mulher aterrorizada sendo ameaçada por dois cachorros. Eles estavam prontos para ataca-la, porém esse não foi o ponto. Havia um cara com os cães, um cara dando ordem, e a ordem era atacar, atacar a pobre moça, não sei o que ela deve ter aprontado, mas seja o que for ela não desisti. A vejo tentando fugir de todas as forma. Sou chocalhado e olho ao meu lado. Havia me esquecido que meu amigo estava ali. E principalmente havia me esquecido dos problemas. Relutei pensando se devia ajudar. Onde ela estava existe uma porta escondida, uma porta que por fora e uma continuação da parede como se ela não existisse. Uma porta de escape.

- A gente vai ajudar? Perguntou meu amigo.

- Não sei. O que ela deve ter aprontado pra este cara estar jogando os cachorros em cima dela? Perguntei curioso.

- Não sei. Mas será que ela fez alguma coisa mesmo? Ela e tão pequena.

Sim. Ela parecia tão frágil, tão cansada.

- As aparências enganam meu amigo, ela pode ser uma ladra. Falei.

- Sim, como também pode estar sendo apenas injustiçada. Qual foi cara? A gente sempre ouve os dois lados e se você não percebeu o cara parece estar se divertindo.

Analisei melhor e sim. O cara estava gargalhando do desespero da mulher, e foi essa sua atitude que o sentenciou. Me levantei e corri em direção a porta, ela não teria muito tempo. Eles estavam só esperando a ordem.. Sei disso por que também tenho cães treinados. Também tenho cães a meu favor. Dígito a senha no painel e abro a porta imediatamente. Ainda vejo os cães avançando e só tenho tempo de fechar a porta a puxando para dentro. Foi muito rápido, e não percebi que na pressa a puxei com tanta força que acabei a derrubando.

Ela se encolheu e percebi as lágrimas de desespero em seus olhos, parecia tão pequena que não pensei duas vezes quando a levantei e a carreguei até meu quarto. As pessoas olharam mas não falaram nada. Eles sabiam não jugar, simplesmente ajudavam quem precisava, até por que um dia foram eles nessa situação. E se ainda estão aqui e por livre vontade. E por que eles quiseram ficar, não e como se eu os obrigasse, que cobrasse uma dívida, não. Eles ficam por gratidão, e e assim que a cada dia mais crescemos.

Tão minúscula, tao assustada, seu olhar julgador não me passou despercebido, seu olhar de medo, não me importei. Eu sei que sou um pouco assustador e eu realmente não me importo. A permiti ficar pois quero ouvir sua história, a localizei dizendo que estava no Motoclube e sua reação não foi diferente. A levei até o banheiro, ela se banhou, e voltou com uma camisa minha que ficava em seus joelhos, a ofereci minha cama e a mesma adormeceu imediatamente, parecia a dias sem dormir, a dias sem se alimentar direito. E foi pensando nisso que sai do quarto, indo direto a cozinha e mandando preparar um banquete pra ela.

Dante. MC - Lobos Onde histórias criam vida. Descubra agora