Satan Reincarnate [PT-BR]

O Loiro

(Ponto de vista do Bill)

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Olhei pelo espelho do retrovisor. Eu não tinha ouvido nada dela e fiquei surpreso. Ela estava ferida... quebrada. Eu vi seu rosto quando ela percebeu o que estava acontecendo, eu vi sua alma drenar lentamente de seu corpo. Mas, tudo o que ela fez foi deitar no banco de trás, olhando para o teto do carro. Não havia nada além de uma única lágrima escorrendo por seu rosto. Sua respiração era constante, seu rosto sem brilho. Ela tinha um único cacho em torno de um de seus dedos, torcendo a corda dourada para frente e para trás a cada dois segundos. Eu ainda estava um pouco zangado com ela por ter atacado Tom, mas não estava lá para detê-la imediatamente. Ela ainda estava coberta de sangue, e no pico do tylenol.

"Angelina?" Perguntei. Eu não queria, o nome dela saiu da minha língua, da minha boca. Ela se virou para olhar para mim e pude ver sua alma quebrada através de seus olhos suaves. Havia apenas desgosto plantado neles, não mais raiva.

"Hum?" Ela disse, baixinho. Sua voz estava rouca, e presumi que fosse por causa dos gritos. "Deixa pra lá. Só checando você." Eu disse, suavemente. Não me senti mal por matar Katie, só estava chateado porque Angie queria dormir com ela, e não comigo. Por que ela não me queria? Todas as outras garotas que eu já conheci imediatamente queriam pular no meu colo - ela não. Eu nem sabia quantos anos Angelina tinha. Quem sabe. 17, 25? Você não poderia dizer. Eu nunca tinha pensado em perguntar a ela.

Doeu-me quando observei a facilidade com que ela retribuiu o beijo de Katie, fazendo-me puxar o gatilho implacavelmente. Eu estava feliz que ela era toda minha, no entanto. Nunca pensei que ela fosse fumante ou alcoólatra, mas raramente havia um momento em que ela não estivesse fumando, tomando remédios ou bebendo perto de mim. Ela era perfeitamente em seu juízo perfeito quando a conheci, por que ela não está agora?

Tudo o que quero é ela, e ela me faz querer matá-la por isso. A maneira como ela me faz sentir em relação a ela me deixa com tanta raiva e me irrita profundamente. Por que eu sinto isso por ela? Nunca senti nada por Katie. Mulheres são mulheres. Elas são substituíveis... elas vêm e vão. Algumas voluntariamente, outras não, mas isso não importa para mim.

Mas Angelina... havia algo sobre ela, apenas me atraindo. É como se ela tivesse um canto de sereia mudo, fazendo-me lentamente me apaixonar por ela. Me assustei quando a vi meio morta com cortes de um centímetro de profundidade nos pulsos, mas também me assustou quando percebi que ela estava se apaixonando por Katie. Isso me deixou com tanta raiva que tive que foder aquela enfermeira ... ela meio que se parecia com Angie agora que penso nisso.

Angelina tinha traços bastante comuns, cabelos loiros e olhos azuis; pálido. Mas havia algo tão atraente em sua estrutura. Seu corpo, seu rosto. A a maneira como seus olhos apontavam para baixo, como eles eram tão opacos, mas cheios de cor ao mesmo tempo. A maneira como o cabelo dela deixava o sol brilhar como um espelho. Os cachos para os quais as mulheres usam calor, ela era perfeita aos meus olhos.

Eu nunca tinha sentido sentimentos românticos antes, apenas luxúria. Eu nunca quis as mulheres, eu só queria a maneira como seus corpos me faziam sentir. Os prazeres que me deram. Mas isso, isso é diferente. A voz de Angelina ecoou em minha mente como um pássaro matutino cantando ou uma coruja despertando ao anoitecer. Seu toque sentiu o cheiro de um buquê fresco de lírios, seu cabelo balançando ao vento como a água escorrendo por um vale.

Eu a queria, e a queria para mim. Eu faria qualquer coisa se isso significasse que ela ficaria comigo para sempre - eu iria machucá-la, abusar dela, estuprá-la, bater nela, mas também confortá-la e amá-la se fosse preciso. Eu seria gentil, como fui esta manhã com ela na cama do hospital. Ela parece apreciar as pequenas coisas, como a vez em que me sentei com ela e apenas a deixei chorar depois que Stacy a tocou. Ou na vez em que dancei com ela na briga de cães, na vez em que a deixei me abraçar suavemente. Também me lembrei dela olhando para mim suavemente enquanto tomava seu café na cafeteira, do jeito que fui a primeira pessoa a quem ela pediu ajuda depois que Stacy estava morto em seu chão.

Quando a beijei, pude sentir o medo em seus lábios e não queria que ela tivesse mais medo. Eu queria que ela se derretesse em meu toque, assim como ela fez quando eu a segurei, dormindo, esta manhã. Ela era minha borboleta e eu queria ser sua flor.

Desliguei a música do estéreo, olhando para ela uma última vez. Ela ainda estava na mesma posição, apenas com os olhos fechados. Eu não tinha certeza se ela estava dormindo ou absorvendo a elegante beleza do silêncio que nos cercava.

Eu queria que ela ficasse em paz logo, viva ou morta.

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