Satan Reincarnate [PT-BR]

"Você é a minha mulher." parte 1

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Eu estava no chuveiro esfregando meu cabelo. Havia apenas 4 em 1 shampoo masculino, mas não me importei. Eu estava pensando no momento em que a mão de Tom agarrou meu ombro, e naquele momento me senti segura de todos os demônios que estavam me assombrando.

Eu não percebi o quão sã Tom me fazia sentir. Ele me fez sentir como se meus sentimentos fossem validados e eu tinha todos os motivos para senti-los. Ele era sonhador, como uma cópia e cola de Bill, mas não uma personalidade repugnante. Ele ajudou a matar Katie, mas se sentiu culpado. Bill não.

Tom tinha olhos diferentes, seus olhos eram mais quentes, enquanto os do Bill pareciam frias. Os olhos de Tom me lembravam o dedilhar de um violão silencioso ou sentar ao lado de uma chama em uma noite fria. Os olhos de Bill me lembravam sorvete, mas apenas quando queimava os dentes. Desliguei a água encanada, saindo para o bloco no chão.

Me enrolei na toalha, me olhando no espelho. Amassei meu cabelo nas mãos - provocando uma tensão desconfortável em meus pulsos - com um pouco de condicionador, já que não tinha gel. Sequei meu corpo e vesti as roupas de Tom. Cheirava a ele - eles cheiravam como seu toque era tão agradável.

Acho que estava começando a me apaixonar por Tom - eu me apaixono pelas pessoas tão facilmente. Quando olhei para ele, não fiquei enojado, porque ele era sua própria pessoa; não Bill. Suas roupas se agarravam ao meu corpo perfeitamente, fazendo-me sentir confortável. Doeu como o inferno absoluto para colocá-los, meu buraco de bala queimado e as cicatrizes intensas no meu pulso, e tudo.

Eu estava um pouco constrangida com o fato de não estar usando sutiã ou calcinha, e era estranho não estar usando. Vou conseguir alguns eventualmente, mas estava apenas desconfortável e me senti 'desprotegida'. Eu tinha aprendido um pouco de alemão nas últimas semanas, mas não sabia o que significava.

Quando Bill estava no café comigo, ele estava falando com alguém ao telefone. Eu me lembro dele dizendo:

",Ich trinke Kaffee mit Angelina, meine Frau".

Eu sei que meine Frau significava 'minha mulher', dependendo do contexto. Ele me chamando de sua mulher me deixou muito desconfortável na época, e me deixa ainda mais desconfortável agora.

Eu sabia um pouco de alemão da minha mãe, quando ela estava brava às vezes ela gritava 'nein!' Todos sabiam o que isso significava.

O que ela mais gostava de dizer para mim em alemão era:

"Geh in dein Zimmer und schwelge in Selbstmitleid, soweit es mich interessiert."

Isso significava: "Vá para o seu quarto e entregue-se à autopiedade, tanto quanto me interessa". Eu sabia palavra por palavra, ouvia todos os dias. Eu estava tão feliz por estar longe disso.

Ocasionalmente, eu praguejava em alemão, assim como minha mãe fazia. Os que ela mais usou foram:

"Scheiße, Scheiße" que significava 'merda, merda!'

Ou "Verdammt noch mal", que significa "droga".

Uma vez, minha mãe disse algo que me fez amar a mim mesma. Ela nunca tinha me elogiado, então foi bom o suficiente.

Ela disse: "Du bist fast so schön wie deine Schwester!" significava:

'Você é quase tão bonita quanto sua irmã!'

Eu sorri com o pensamento, sabendo que ela tentou.

Saí do banheiro cruzando os braços, porque estava constrangida por não ter sutiã por baixo da roupa.

"Tom?" Eu chamei, no corredor.

"Huh?" Ele respondeu de volta, ainda em seu quarto.

"Você tem uma jaqueta ou algo que possa me emprestar?" Eu disse, ainda cobrindo meu peito.

"Uhh... sim, me dê um minuto." Eu o ouvi se arrastando e vasculhei seu armário recém-abastecido. Ele puxou um grande suéter 4 vezes maior do que meu corpo.

"É uh- É um pouco grande." Ele disse, brincando.

Eu ri, estendendo a mão para agarrá-lo. Ele deu uma olhada no meu pulso, e seu rosto ficou frio. Eu coloquei sobre o meu corpo, rapidamente me afastando de seus olhos no meu pulso. Esforcei-me para colocá-lo, ainda tinha um buraco de bala no ombro.

"Quer saber, só vou colocá-lo mais tarde para resolver meu pequeno dilema." Eu ri, apontando para o meu ombro.

Ele riu de volta, uma risada muito falsa, mas ainda aqueceu meu coração partido.

"Obrigado pelo banho." Eu disse gentilmente.

"A qualquer momento." Ele respondeu. Eu me virei e voltei ao banheiro para pegar o curativo.

"Você quer que eu jogue isso fora?" Ele perguntou, apontando para a gaze na minha mão.

"Oh- não. Não." Eu disse, segurando-o no meu peito. Seus olhos encontraram a marca do batom e ele teve uma onda de compreensão em seu rosto.

Passei correndo por ele, segurando a jaqueta e a gaze contra o ombro. Eu estava muito dolorida, mas fui literalmente baleado e tive cortes de centímetros de profundidade em meus pulsos.

Desci e abri o congelador, e peguei uma porção de frutas congeladas. Eu o contorci sob minha camisa, contra a ferida em meu braço. Eu o pressionei ali, esperando que aliviasse um pouco a dor. Sentei-me no sofá, recostando-me.

Ninguém estava mais aqui fora, era só eu. Olhei para os meus pulsos, olhei para a carne roxa inchada em torno dos cortes horrivelmente profundos. Eles se sentiram melhor, para ser honesto. Entre minhas pernas também estavam doloridas - mas eu nem ia mencionar o motivo. Eu não conseguia pensar nisso - eu ainda temia Bill.

Eu temia o que ele faria comigo e temia que ele fizesse isso de novo. Examinei meus braços serrados e lembrei-me da maneira como ele me pegou gentilmente. Lembrei-me do jeito que ele gritou meu nome, do jeito que ele me tocou gentilmente. Doeu que ele só me tocou assim quando eu estava morrendo, e não diariamente.

Lembro-me da maneira como os dedos em pânico de Katie envolveram minhas mãos, deixando-as dormentes. Lembrei-me de ouvi-la chorar, e lembrei-me dela me dizendo que iria melhorar. Nós duas sabíamos que ela estava mentindo, no entanto.
Lembrei-me de como Tom gentilmente pegou minha cabeça, dando alguns tapas agressivos.

"Angie? Fique conosco, Angelina." Pensei nele chorando. Eu ainda senti a lágrima quente que ele deixou no meu nariz, ainda balançando minha cabeça suavemente.

Ele sempre foi tão gentil comigo, ele não me tocou com raiva nenhuma vez. Eu tinha a música 'pin up galore' gravada na minha cabeça por Lizzy Grant. Eu estava cantarolando, suavemente enquanto inspecionava meus pulsos.

Eu estava traçando meus dedos ao longo da carne roxa inchada, tentando evitar a dor. Os cortes eram limpos, áreas irregulares tão afiadas. Olhei para os nós dos meus dedos, e eles ainda estavam um pouco cortados e machucados. Eles não doeram tanto, no entanto.

Ouvi Tom e Bill discutindo lá de cima.

"Sie ist meine Tom!" Bill gritou, mais enfurecido do que eu jamais o tinha ouvido. Suas vozes eram incrivelmente profundas em alemão, eu nunca tinha ouvido Tom falar isso antes.

"Dann hör auf, sie wie eine verdammte Puppe zu behandeln!" Tom gritou de volta.

Eu estava tentando desligar, tudo estava me dando dor de cabeça. Olhei pela janela, e Gustav e Georg estavam espirrando um no outro com macarrão de piscina na água. Tentei me concentrar nisso, e não nos dois homens gritando lá em cima.

Eu esperava que Bill não descesse e tentasse me bater - eu estava confuso sobre como ele estava andando em linha reta.

Concentrei-me na dor em meu ombro novamente, esperando que a ferida me distraísse ainda mais.

***