É Aqui Que a Diversão Continua

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Narrador



A Guerrini nunca tinha esfregado uma louça com tanto fervor, isso ela podia afirmar!

O semblante irritado da loira indicava que sua paciência estava sendo testada em pontos que a deixavam por um fio de estrangular alguém - vulgo Isabela Souza -, especialmente porque a sua "querida amiga" tinha feito questão de pedir para ela lavar o seu prato, desencadeando em um efeito dominó onde a grande maioria do grupo pediu o mesmo ou simplesmente colocou a própria louça sobre a pilha ENORME que se formava, sem se importar de saber o que ELA achava sobre isso.

Não que ela pudesse fazer muita coisa. Quer dizer, ela poderia até negar levar o prato de Isabela, mas não o do restante dos amigos, por isso, engoliu toda a raiva que sentiu da brasileira e se dirigiu para a cozinha com a maior carranca, tomando um cuidado triplo para não esbarrar em nada e acabar se esborrachando no chão com todo aquele material frágil e quebrável que carregava.

E, para melhorar a sua situação, Andrea, que era uma das únicas pessoas que não tinham simplesmente jogado sua louça sobre ela, aparentemente estava prestes a dizer que ela não precisava fazer aquilo, que poderia só deixar tudo na pia e que mais tarde resolviam...

No entanto, a Souza fez o imenso favor de interceptá-la no meio do caminho e começou um papo que, obviamente, era só conversa fiada para distrair a mexicana de seu objetivo e deixar com que a loira sofresse esse terrível destino.

Pelo menos teve o consolo de que Agustina a ajudaria. Isso sim era amiga! E estava tudo se saindo muito bem, até uma comoção começar do lado de fora há aproximadamente cinco minutos atrás. A curiosidade a corroeu por dentro, mas estava presa ao seu dever graças à droga de um desafio que ela mesma tinha proposto! Por isso, com muita dor no coração, pois perderia a sua ajudante, pediu à Palma para ir xeretar o que estava acontecendo e voltar para lhe contar.

E ela foi, só nunca voltou.

Desde então, Giulia vinha pensando que poderia perder qualquer desafio, mas ela não perderia esse nem que se acabasse em lágrimas! Não ia trabalhar para aquelas duas nem que ganhasse um caminhão de bichinhos de pelúcia por isso!

Naquele ponto, a comoção já tinha diminuído e começava a ouvir alguém afinando um violão. Imaginou que o pessoal começaria a tocar e a cantar enquanto esperavam a digestão para entrarem na piscina, e, como não queria perder o momento musical, acelerou o processo de lavar a louça. Faltava pouco, muito pouco, só um terço para enfim alcançar a agora tão sonhada liberdade!

E foi quando estava esfregando um copo que, pelo canto do olho, percebeu que alguém se aproximava para entrar na cozinha pela varanda. Rapidamente ela virou o rosto para a porta, um sorriso animado pintando o rosto e a raiva sendo esquecida. A Palma tinha voltado, afinal! Já tinha perdido as esperanças de que...

Não era Agustina.

Por instantes, o sistema operacional da italiana simplesmente travou. Ficou ali, estática no lugar, o choque pela surpresa a deixando paralisada por alguns instantes até que o copo escorregasse de suas mãos e caísse sobre o restante da louça em um baque, o que a despertou de seu estupor.

"Mas o miserável não tinha dito que não vinha?!?!?!", pensou com o coração acelerado - provavelmente pelo susto e só por isso! -, seu olhar agora fixado na figura de Guido Messina em carne e osso.

Assim como a loira, o argentino ficou ali, parado, a encarando sem dizer uma palavra. Conforme o silêncio se alongava, mais tenso ele ficava.

Como ele havia conversado com a Souza mais cedo, realmente não estava nos seus planos participar da comemoração de Jandino. Entretanto, quando sua mãe descobriu não deixou barato. Se uniu à sua tia e, sendo a dupla de irmãs imbatível que eram, foi convencido - por livre e espontânea pressão - a pegar o carro e partir para a chácara do pai de Andrea. Se estava no clima para uma festa? Passava longe disso! Estava cansado, esgotado até, provavelmente nem passaria a tarde no hospital de tanto que seu corpo e mente clamavam por um descanso. Contudo, como as duas mulheres não sabiam de seus planos - ou de seu real estado -, não precisaram de muito para convencê-lo, além de que um aniversário não se comemora todo dia, pensou consigo mesmo. Poderia ter toda a razão em tirar o dia para descansar, porém sabia que no final teria aquela miserável pontinha de culpa por não ter estado presente nesse dia pelo amigo.

O Desafio dos 30 DiasOnde histórias criam vida. Descubra agora