- 2 - Perseguido

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Naquela noite, Jimin não conseguiu dormir. A cada vez que fechava os olhos, a imagem do grande lobo branco aparecia em sua mente e mesmo quando cochilava ele conseguia sentir alguém lhe observando e um medo incontrolável lhe afligia e em todas as vezes ele abraçava mais seu filhote que dormia sereno. Seus pensamentos eram um turbilhão, e ele sabia que precisava tomar uma decisão. Ele amava Taehyung como um irmão, mas não podia ignorar o perigo que agora rondava sua vida e a de seu filhote.

Quando o sol apareceu, ele levantou, tomou seu banho e trocou de roupa. Saiu do seu quarto devagar e andou até a cozinha, onde achou seu melhor amigo escorado na bancada com o olhar vazio e preocupado. Taehyung estava abatido e parecia que também não havia dormido. Quando notou a presença de Jimin, ele o encarou intensamente e algo dentro deles novamente se acendeu. Era algo familiar, uma sensação de pertencimento e apesar de tudo, confiança.

Tae baixou o rosto e esfregou os olhos. Jimin então andei até ele e o abraçou forte. Seu melhor amigo chorou, sentindo o peso da culpa e do medo.

Jimin suspirou, quebrando o silêncio tenso que pairava entre eles.

— Precisamos conversar sobre o que aconteceu ontem — ele começou, a voz suave, mas firme. Taehyung assentiu lentamente, os olhos ainda cheios de arrependimento.

— Já sei de tudo que vai falar. Eu fui burro e coloquei todos nós em perigo. O nosso bebê agora está desprotegido e eu não consigo pensar em nada para consertar. Ontem, eu só pensava em vocês, no bem de vocês e agora só penso que eu sou um idiota mesquinho. Me desculpa, Ji... por favor.

— Tudo bem, Tae. Vamos dar um jeito como sempre fizemos. Hoje eu vou chegar tarde novamente, então fique com o Sung e o proteja.

— Mas e o Jeon? Como vamos lidar com isso? — ele perguntou confuso.

— Quem sabe não damos sorte e esse homem nem sinta falta do dinheiro, não é? E já que temos dinheiro suficiente, pague as contas e vá ao mercado. Vou levar o dinheiro da senhora Kim.

— Papai, eu quero ir com você. — Ji-Sung apareceu com os cabelos bagunçados e o rosto amassado. Ele vestia seu pijama de gatinhos, que foi presente da senhora Kim, e que Jimin havia detestado.

— Filho, você ainda está de pijama e ...

— Por favor, papai. Eu preciso muito falar uma coisa com a senhora Kim.

Jimin, suspirou cansado.

— Tudo bem, vamos lá.


O dia passou depressa e, quando o sol se pôs, Jimin suspirou cansado com tanto trabalho. Ele arrumou suas coisas na mochila surrada e molhou o rosto antes de passar um pouco de protetor labial. O ômega colocou uma máscara e se despediu dos seus colegas de trabalho. Agora, ele teria que voltar ao bar do dia anterior e cumprir mais umas cinco horas de trabalho. O trabalho era por uma curta temporada, não duraria mais que cinco dias, por isso ele precisava aproveitar bem as gorjetas que recebia.

Lembrou-se dos últimos acontecimentos e suspirou. Deveria sentar naquela noite com Taehyung para ver a quantidade de dinheiro que tinham e tentar agendar logo a cirurgia. Quando saiu para pegar sua moto velha, o vento soprou um perfume diferente. Era algo forte, mas que lhe trazia segurança. O cheiro amadeirado de patchouli e cedro lhe dava uma sensação de paz. Jimin sentiu algo rugir dentro de si e uma inquietação absurda o fez procurar o dono daquele cheiro. No entanto, ele estava sozinho naquele estacionamento.

Intrigado, Jimin balançou a cabeça para afastar os pensamentos e montou na moto. O motor roncou alto quando ele a ligou, e ele se afastou rapidamente do local. No caminho para o bar, o aroma que havia sentido ainda pairava em sua mente, deixando-o desconcentrado. Era como se aquele cheiro estivesse gravado em seu ser, uma promessa de algo que ele ainda não entendia.

O Despertar Do Ômega - JIKOOK  [Reescrevendo]Onde histórias criam vida. Descubra agora