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Boa leituraaa, um bejoo💋

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Era quarta-feira, portanto um bom dia para dar uma passada no trabalho de Mara e vê-la. A primeira vez que a vi era uma quarta-feira. Na frente da biblioteca, para ser mais precisa.

Eu disse a mim mesma repetidas vezes que isso só fazia parte de meus planos para o Super Bowl. Talvez, se eu repetisse muito, começaria a acreditar.

Fazer sexo em público, e ainda mais num estádio de futebol, era um feito imenso. Eu precisava introduzi-la na questão aos poucos.

Primeiro passo: fazer sexo em um lugar igualmente-público-mas-com-probabilidade muito menor de ser
-flagrado, como a Coleção de Livros Raros da Biblioteca Pública de Nova York.

Mas não era o primeiro passo de meu plano. Eu sabia disso. Eu só precisava passar a mão por dentro do bolso interno do sobretudo para saber que minha visita de quarta-feira significava mais.

Pois ali, metida onde ninguém podia ver, havia uma perfeita rosa creme, com apenas um toque de cor-de-rosa nas pontas.

Depois que Mara saiu de minha casa no domingo, procurei no Google pela inscrição que encontrei por dentro das alianças de meus pais. Os versos vinham de um poema de John Boyle O'Reilly.

Fascinada, fui à biblioteca e encontrei um pequeno volume da obra do poeta. Passei a noite lendo vários de seus poemas, mas me vi voltando com tanta frequência a “Uma rosa branca" que, no fim da noite, o livro se abria naturalmente naquela página. Refleti sobre o significado do poema, perguntando-me se Mara o conheceria.

Se eu lhe desse a rosa creme tingida de cor-de-rosa, ela entenderia o significado por trás dela? Será que saberia que meus sentimentos cresciam para além do que eu imaginava que podia sentir? Por qualquer uma? E eu queria que ela soubesse disso?

O medo me triturava. Era tão novo. Tão inesperado. Embora estivesse assustada, eu precisava saber. Tinha de saber se Mara sentiria o mesmo.

No fim, decidi levar a rosa à biblioteca. Eu podia deixar escondida no bolso do casaco. Mais tarde decidiria se queria dar a ela.

Parei dentro da biblioteca por alguns minutos, vendo Mara trabalhar. Ela estava de costas para mim e tinha uma pilha de livros a seu lado. Trabalhava com presteza.

A certa altura um homem se aproximou e ela riu do que ele disse. Quando ele partiu, sua mão foi distraidamente ao pescoço e ela passou o dedo em minha coleira. Uma onda louca e chocante de ciúmes me tomou. Ele a fez rir. Algum dia eu a fiz rir? Pensei em nosso curto tempo juntas. Não, nunca. Com uma determinação renovada, fui até a recepção.

- Preciso ver uma coisa da Coleção de Livros Raros. 

Ela nem mesmo se virou. Não percebeu que era eu.

Lamento. A Coleção de Livros Raros é aberta apenas com hora marcada e no momento temos pouco pessoal. Eu não tenho disponibilidade esta tarde.

Talvez ela não tenha reconhecido minha voz.

- Isto é decepcionante, Maraisa.

Ela girou quando usei seu nome. Sua boca se abriu e seus olhos ficaram arregalados de choque.

– É uma hora realmente muito ruim? - perguntei.

- Não. Mas tenho certeza de que você tem exatamente os mesmos livros na sua casa.

Sim, mas você não está lá. Você está aqui. Pensei que isso estivesse evidente.

- Provavelmente — admiti.  E prosseguiu ela, ainda sem me ouvir realmente — alguém terá de acompanhá-la o tempo todo.

A Dominatrix-adpt malila Onde histórias criam vida. Descubra agora