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Ela terminou de comer e empurrou a bandeja na cama.

- Tem algum espelho por aqui?

- Não sei... - Ela queria se ver. Seria uma boa ideia? Eu deveria deixar? Eu achava que ela estava linda, mas o que ela pensaria? - Acho que não.

Ela passou o dedo pelo rosto e estremeceu.

- Está ruim? Acha que estou horrorosa?

Levantei-me e fui à pia. Harry teria um espelho, se eu não tivesse. Encontrei um espelho pequeno e entreguei a ela, vendo-a se examinar.

"A pobre criança ficou presa nesse carro por quase três horas, vendo e ouvindo os pais morrerem."

As vozes eram baixas e suaves. Não sabiam que eu escutava. Não sabiam que eu estava acordada.

"É de se perguntar como uma coisa assim a afetará." - Ai - disse Mara. - Vou ficar com um olho roxo. Vai parecer que apanhei.

"Faz a gente pensar que talvez fosse melhor se ela..."

"Onde estou? Mamãe e papai estão aqui?"

"Espere, olhe. Acho que ela acordou."

- O que foi isso? O que aconteceu? - perguntou Mara.

Olhei para ela. Ela tocava de leve o

curativo.

- Ferimento na cabeça - expliquei. - Tinha sangue para todo lado. Não parava e eles não estavam tentando estancar. Estavam preocupados demais em saber se você tinha quebrado o pescoço ou se teria hemorragia interna.

Eles tiraram mamãe e papai do carro. Por que estavam cobertos de vermelho? Tudo aquilo era sangue?

"Os ferimentos na cabeça sangram muito. Eu me lembro." "Segure a menina! Tire-a daqui!" Mara disse alguma coisa, mas não ouvi.

- O quê? - perguntei.

Meu sangramento parou.

Sim, para Mara o sangramento parou. Ela estava bem. Ia viver e estava comigo.

- Sim. Depois que concluíram que você não tinha quebrado o pescoço, fizeram o curativo na testa. - Peguei a bandeja. - Vou colocar isto lá fora.

Narcissa estava na estação de enfermagem, falando com a enfermeira de Mara. Baixei a bandeja e fui até ela.

- Ela está indo bem. Comeu toda a canja.

- Que bom. - Ela sorriu. - Vai passar a noite aqui?

E para onde mais eu iria?

- Era o que eu pretendia fazer.

- Vou lhe arrumar um jaleco. É mais confortável do que esse terno.

- Tudo bem. - Eu tinha me esquecido de que ainda estava de terno. - Quanto tempo ela vai ficar aqui?

- Ansiosa para levá-la para casa?

- Sabe quantas pessoas morrem de infecção hospitalar todo ano?

Ela baixou os papéis que estivera vendo.

- Na realidade, sei. Mas Mara é muito saudável. Não vai morrer de infecção nosocomial.

- Posso alimentá-la direito quando ela estiver na minha casa.

- Pegue leve com a equipe da cozinha. É difícil encontrar pessoal bom.

- Que tal pegar aquele jaleco? - grunhi.

- Vai ficar tudo bem. Espere e verá.

Desejei, e não era primeira vez, ter o  otimismo de Narcissa. Ronald e Harry voltaram pouco depois. Deixei meu lugar ao lado do leito de Mara para que Harry se sentasse.

A Dominatrix-adpt malila Onde histórias criam vida. Descubra agora