Capítulo 16

40 4 23
                                    

Quando a euforia passou, Amanda olhou para Lavínia e disse:
- Isso, a gente muda para cá e mora aonde? Debaixo da ponte?
- Não né animal...? - Lavínia falou sorrindo. - Pensei que num primeiro momento, podíamos pedir para Ricardo...
- Mas será que ele não vai achar ruim? - Amanda disse sem graça, abrindo o portão da casa.
- Acho que não, quando ele ofereceu, disse que quase não vinha mais para cá.... - Lavínia disse sorrindo fechando a porta depois que Sirius entrou.
- Então, já que foi a senhora que armou essa viagem com ele, veja se tudo bem ficarmos por aqui sem um tempo certo de voltarmos e daí a gente fica amiga... - Amanda disse sorrindo meio triste. - Deixo até você ir sozinha buscar suas coisas mais importantes se quiser... - Amanda riu baixinho, fazendo carinho em Sirius.
- Ah que bom que deixa... - Lavínia disse debochada. - Mas não precisa... Se você estiver bem em voltar comigo, eu gostaria... - Lavinia disse sincera.
- Claro... - Amanda disse sorrindo. - Mas e esse ser aqui? - Amanda falou apontando para Sirius que estava virado de barriga para cima.
- Por sorte, a senhora que faz nossos café da manhã, adora cachorro e já disse que se precisasse deixá-lo aqui, ela viria cuidar dele... - Lavínia falou sorrindo coçando a barriga dele que tava todo feliz.
- Nossa, os astros conspirando ao nosso favor... - Amanda disse surpresa, meio chocada.
- Pra você ver né? - Lavínia riu.

No dia seguinte Lavínia ligou para Ricardo e obteve a resposta que tinha certeza que escutaria e transmitiu para a amiga, que ficou mais aliviada e voltou imediatamente para o restaurante, aceitando o emprego de pianista. O dono do estabelecimento ficou muito contente e assim que a menina saiu de seu restaurante, ele ligou para alguém e disse:
- Ela aceitou o emprego. Disse que pode começar imediatamente.
- Ótimo. Grazie mille Paolo... - a voz do outro lado da linha disse sério, mas não bravo.
- E então?
- Ela aceitou... - o homem disse olhando para a mulher em sua frente e então ela sorriu dizendo:
- O caminho está livre então...

No final de semana seguinte, Amanda aproveitou que o restaurante fecharia devido ao feriado da cidade e foi com Lavínia pegar suas coisas em Washington, deixando Sirius em casa, com a senhora indo tomar conta dele todos os dias.
Uma vez em Washington, Amanda olhava para todos os cantos, na esperança de ver Reddington a vigiando, mas nada de o encontrar.
Enquanto elas estavam lá, Aram acabou ligando para Amanda, pedindo ajuda em um caso em que eles estavam e não conseguiam sozinhos.
- Vai... É a sua vida também Mandy... - Lavínia disse sorrindo e piscando para a amiga que saiu rápido pegando sua arma e saiu dirigindo.
Ao chegar na Força Tarefa, ela descobriu que Samar tinha perdido a transmissão com Aram e então ela saiu atrás da amiga depois de ensinar uns truques para Aram encontrar a namorada.
Amanda corria por uma estrada ladeada de neve, o chão estava começando à congelar e à ficar escorregadio, mas a menina não diminuiu a velocidade nem por um minuto e quando Aram disse que ela deveria estar perto, ela diminuiu e conseguiu brecar, apesar de o carro deslizar alguns metros adiante.
- Você tem certeza mesmo Aram? - Amanda disse olhando ao redor.
- Sim, o localizador diz que você está no ponto exato... Você não está vendo ela? - Aram disse aflito, preocupado.
- Não cara... - Amanda disse já entrando em pânico e então ela viu um distúrbio na água do lago e gritou: - Ela tá debaixo da água Aram... O carro está lá... - e com isso, Amanda tirou seu casaco pesado e disse: - Vou tirá-la de lá, mas precisamos de socorro imediato Aram... Chama os médicos, IMEDIAMENTE. - e com isso ela tirou o comunicador e saiu correndo para o lago, onde se jogou de cabeça na água semi congelada e sentiu como se mil agulhas furassem seu corpo, mas continuou a nadar.
Depois de nadar um pouco mais, a menina encontrou a van de cabeça pra baixo e correu para o fundo da van, onde usou toda a sua força e técnica aprendida no SAS e conseguiu abrir a porta depois de dois minutos tentando.
A cena que ela viu ao abrir a porta, chocou a menina: viu Samar flutuando desacordada e isso desesperou Amanda, ao ponto de ela nadar rápido mais do que conseguia e puxar a amiga pelo colarinho de sua jaqueta e a levar para a superfície do lago.
Amanda respirou rápido recuperando o fôlego que quase tinha perdido devido ao desespero de ver a amiga daquele jeito e foi nadando até dar pé, quando conseguiu, passou seus braços por debaixo dos braços de Samar e a arrastou para fora do lago e uma vez na margem do rio, Amanda colocou Samar lá deitada e começou à fazer as manobras RCP para trazer a amiga de volta, enquanto colocava de volta seu comunicador e gritava:
- CADÊ A PORRA DOS MEDICOS ARAM, PELO AMOR DE DEUS, ELA TA MORRENDO...
- Estamos chegando Mandy, calma... - ele disse tão desesperado quanto a menina e então ela ouviu às sirenes e logo em seguida viu Aram correr antes dos médicos para ajudar e ela viu o desespero nos olhos dele. - Vamos Samar... Acorda... Sou eu... - ele dizia enquanto ajudava Amanda.
E então, como se fosse mágica, Samar voltou, tossindo e cuspindo a água em seus pulmões.
- Ai graças a Deus... - Amanda disse chorando e secando as lágrimas enquanto abraçava a amiga.
- Achei que ia ver você só no inferno Mandy... - Samar disse fraquinho sorrindo ao ver Amanda em seu pescoço.
- Não hoje minha amiga... Não hoje... - ela disse secando os olhos e então só paramédicos chegaram colocando Samar em uma maca e indo para uma ambulância e Amanda, pegava um cobertor térmico para se esquentar. - Podem ir... Eu tô bem, vou de carro... - Amanda disse e eles saíram.
A menina estava parada, na margem do lago, sentada, coberta com o lençol térmico, observando o lago que havia voltado a ficar imóvel e chorou. Chorou por sua amiga quase morrer, por sua vida ter virado de cabeça para baixo e por saber que o homem que amava tinha ido embora para sempre de sua vida.
Com esses pensamentos, ela apoiou seu queixo em seus braços, que estavam apoiados em seus joelhos dobrados e ficou observando tudo, até que sentiu alguém cobrindo suas costas com sua jaqueta e ao olhar assustada para cima, viu seu marido, olhando-a com seu olhar enigmático e então ele estendeu uma mão para ela, onde ela aceitou se levantando e então, ele a abraçou carinhosamente mas forte, sendo retribuído por ela.
Eles ficaram daquele jeito por algum tempo e quando ele interrompeu o abraço, ele disse:
- Vejo você no QG?
- É, acho que sim, tenho que voltar para lá mesmo... - ela disse triste, mas sem lágrimas.
- Então até mais, Srta. Evans... - ele disse ainda encarando a menina nos olhos e pôde ver que quando ele disse aquilo, um brilho triste passou pelos olhos da menina e então ele foi para seu carro, deixando a menina sozinha novamente, mas só saiu de lá quando viu que ela foi para seu próprio carro, onde estava mais quente e seguro.
O que Reddington mais queria, era ter levado Amanda com ele, ficar abraçando a menina o máximo que conseguia, mas aquele não era o momento ainda, pois ele sabia que a vida da menina estava em risco, ameaçada novamente por seu passado e para que ela não se machucasse, eles tinham que estar separados e tinha que ser de verdade, mas com esse pensamento, ele foi indo pela estrada quase congelada e estava mais do que disposto à eliminar essa ameaça o mais rápido possível, mas até lá, Amanda tinha que odiá-lo.
Amanda por sua vez, estava pensando na ladeira abaixo que sua vida tinha ido, mas voltou para o QG, onde descobriu que Samar tinha ficado mais tempo debaixo d'água do que deveria e estavam deixando ela em coma induzido no hospital para evitar qualquer dano cerebral que ela pudesse ter.
- E o Aram? - foi a primeira pergunta que ela fez à Cooper quando ele contou para todos da equipe.
- Abalado, como era de se esperar, mas disse que não sairia do lado dela e que trabalharia do hospital... - ele respondeu triste.
Amanda não aguentou e saiu andando para os vestiários e assim que ela entrou, socou uma porta de um armário aberto e ouviu:
- O que o armário te fez??? - era Ressler, que havia ido atrás dela para não deixar a menina fazer nenhuma besteira.
Amanda não respondeu, apenas o abraçou, precisava se sentir amparada e ele era o único ali no momento que podia ajudá-la com aquilo.
Ressler foi pego de surpresa, demorando para retribuir o abraço, mas abraçando a menina gentilmente e dizendo:
- Olha, Samar é dura na queda Mandy... Ela vai sair dessa, você vai ver...
- Mas e se não sair ilesa Donnie? - ela disse chorando, ainda abraçada nele.
- Ela é ex-Mossad Mandy, mais dura que ela... Só um ativo do Mossad mesmo... - ele disse sorrindo meio brincalhão.
Amanda riu baixinho enquanto novas lágrimas escorriam e ela secava.
- Mas isso tudo não é só por ela, é? - ele perguntou olhando-a nos olhos, segurando o rosto da menina.
- Não... Mas não quero falar sobre isso... - ela disse gentilmente, segurando as mãos dele e se afastando um pouco. - Acho que precisava disso... Vamos voltar? - ela disse sorrindo fraco.
- Vamos... - ele disse e então os dois saíram do vestiário e quando chegaram na bancada novamente, Reddington estava lá, querendo informações.
Ao olhar para os dois saindo do vestiário juntos, o sangue dele ferveu, mas ele se lembrou de que não podia demonstrar nada, então ele continuou se mantendo impassível, mas Amanda pegou um brilho de ciúmes no olhar dele e seu coração ficou mais tranquilo.
Apesar de Aram ter falado que trabalharia do hospital, Amanda disse que assumiria o posto do amigo, só indo para campo quando fosse realmente necessário e assim foi feito.
No fim do dia, Amanda voltou arrasada para casa e encontrou em Lavínia sua força para continuar com tudo, ao invés de sair correndo para a Itália de novo e deixar tudo para trás.
- Mandy... Eu sei que você adoraria fazer isso e eu nem te julgo... Mas sei que você iria se odiar em deixar a Samar aqui assim... - ela disse ponderando. - Fica até ela acordar e sair do hospital, vai... - Lavinia disse sorrindo, fazendo carinho na cabeça de Amanda, que estava deitada em seu colo no sofá.
- E se demorar amiga? Temos o Sirius lá e meu novo emprego... - Amanda falou triste.
- Bom, do Sirius eu resolvo, posso ir lá ficar com ele um tempinho e voltar para cá... E seu trabalho, bom... Aviso que você teve uma emergência de família? - Lavínia disse e as duas riram.
- Ótima ideia... - Amanda concordou.
- Então vai tomar um banho quente que eu ainda tô sentindo suas roupas úmidas daqui... - Lavínia falou fazendo Amanda se levantar e então ela foi para seu quarto tomar banho.
Amanda demorou quase uma hora no banho, estava com mais frio do que imaginava e seu corpo estava quase que azul.
Quando ela saiu do banho, Lavínia havia pedido umas pizzas e então elas foram para a frente do sofá e começaram a comer, vendo filmes na TV.

The Red Files - Season 7Onde histórias criam vida. Descubra agora