Noite sem Estrelas

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Anos Atrás... Quarto do Casal La Selva:

Alguns meses depois a família tinha crescido e Irene segurava aquele pedacinho de gente em seus braços, Daniel era uma parte dela e de seu marido. O menino tinha nascido num dia ensolarado de agosto, quase não chorava e sempre estava de bom humor, algo bem raro num recém nascido.

Antônio chegava sempre na soneca da sua morena, pegava o menino e ficava com ele ao seu lado na cama, ficava olhando com cara de bobo aquele pequeno ser e só pensava em ter mais um filho com Irene aumentar a família era sua perspectiva pro futuro. E perdido em seus pensamentos nem percebia a mulher lhe observando em silêncio, encantada com a delicadeza que o bruto fazendeiro via o seu filho.

— Parece que Daniel te escolheu como pai.

— Eu? _ olhou pra ela com uma ternura rara pra ele.

— Sim, você Antônio La Selva _ acariciou seu rosto, desenhou os lábios dele com os dedos.

— Me sinto dele, não sei como explicar morena _ segurou a mão dela e beijou _ você me deu o maior e melhor presente que um homem pode receber nesse mundo.

— Que bom meu amor, porque eu tive medo de não ter você ao meu lado _ suspirou triste.

— Sou bruto, mas não ia te deixar sozinha morena _ a beijou rápidamente.

— É cedo, mas podemos pensar em um irmãozinho pro Daniel né mó?

— Não é uma ideia ruim, mas eu quero aproveitar nosso casamento mais um pouco.

— Vamo sim meu amor _ segurou o rosto dele e o beijou.

Quando Antônio saiu foi a vez de Caio entrar e conhecer o mais novo integrante da família, sentou na cama e acariciou a cabecinha do irmão, com a expressão toda abobalhada não acreditou quando o pequenino segurou seu dedo com sua mãozinha minúscula.

— Ele tem força pra ser só um pitico de gente né?

— O Daniel gostou de você, é o irmão mais velho dele, não pode deixar nada de ruim acontecer com ele.

— Eu prometo pra você, que nada vai acontecer com esse pitico de gente _ disse tudo isso olhando o irmão.

— Tenho certeza que vão se dar muito bem Caio _ sorriu e olhou os dois.

Dias Atuais... Sala da mansão La Selva:

Para Caio ainda era difícil conviver com Irene mesmo depois de tanto tempo, mas nunca facilitou para ela todos esses anos e viviam entre guerra e paz, o elo forte que ligava os dois era Antônio. Mas quando estavam sozinhos tinham o mínimo de respeito e comunicação, na hora do almoço os dois faziam cara nojo a cada garfada que Antônio dava no bife de fígado, chegaram a levantar juntos e irem embora pra cozinha.

— Não entendo o seu pai, eu odeio fígado e ele insiste em comer como um troglodita aquela coisa _ falou aborrecida.

— A Angelina já saiu pra casa da sobrinha , e agora o que nós vai comer _ coçou a cabeça sem saber o que fazer.

— Que um sanduíche de mortadela? _ foi até a geladeira.

— Isso nem é pergunta, é claro que eu quero Irene _ foi buscar o pão e a faca.

A mulher mais velha sorriu com o jeitinho dele que era idêntico ao de Antônio, na verdade dos três filhos o mais velho era o pai cuspido e escarrado, não tinha o que descordar.

— Longe de mim perguntar da sua vida, mas ainda anda encontrando a viúva? _ olhou pra ele de canto de olho.

— E porque a pergunta?

— Por nada, mas você sabe que essa relação não é do agrado do seu pai _ disse preocupada.

— Não Irene, eu num vou cair nessa sua falsa preocupação sua entendeu? _ balançou a cabeça negativamente _ a Aline tá na dela e eu na minha.

— Bom, se não quer falar tá tudo bem _ começou a preparar o sanduíche com bastante mortadela do jeito que ele gostava.

— Já sabe da novidade? _ sentou e pegou o sanduíche que ela oferecia.

— Do que tá falando? _ mordeu seu sanduíche desconhecendo a "novidade".

— Se tá tranquila assim é porque o meu pai não disse ainda _ deu mais uma mordida no pão.

— Fala de uma vez menino! _ disse impaciente.

— O meu pai te disse que a minha mãe pode tá viva? Que pode voltar a qualquer instante desse? _

— Viva? E porque ela não apareceu? Porque te deixou sozinho? Caio isso vai acabar com meu casamento _ socou a mesa e virou de costas pra ele.

— Ela com certeza não quer meu pai _ tentou ponderar.

— Não... Não quer mesmo, é bom que não queira _ apertou a mão com força.

Ela saiu pisando duro da cozinha e encontrou o marido na sala tomando um uísque bem relaxado e de olhos fechados. Foi então que se encheu de coragem e lhe deu um bom tapa na perna fazendo ele acordar.

— Que? Que?  _ abriu os olhos assustado _ Irene?.

— Que história é essa de Agatha viva? _ foi direta na pergunta.

— Como? Quem te disse? _ limpou a garganta nervoso.

— Então é verdade Antônio La Selva? _ sentiu seu coração doer.

— Não...sim... Olha nem temos certeza de que ela tá viva, mas pode ser que sim _ levantou e tentou abraçar a esposa.

— Não é justo comigo... _ esticou o braço impedindo ele de se aproximar _ com a gente , e nossa família como fica?

— Como assim nossa família como fica? _ segurou a mão dela entrelaçando seus dedos nos dela com carinho _ fica como está morena, como sempre esteve todo esse tempo.

— Não tenho certeza se é o certo ficar ao seu lado, Agatha ainda ocupa um pedaço grande do seu coração _ tocou o peito dele e suspirou.

— A Agatha _ suspirou e sentiu o peito disparar _ ela não... Não vai voltar pra casa, todo esse tempo foi o suficiente pra provar que não há perigo de volta.

— Coração disparado, voz trêmula  e sua testa fica muito suada _ se afastou dele rapidamente _ é só falar no nome dela que você já sente La Selva.

— Irene pelo amor de deus, para de pensar nessas coisas _ foi atrás dela, mas novamente foi afastado.

— Antes eu me sentia rival de um fantasma, agora eu já sei que ela está mais viva que nunca e pode me arrancar de você _ sua voz veio carregada de medo e mágoa _ vai me deixar por ela verdade?

— Irene eu... _ parou de falar e olhou a sombra perto da porta que lhe chamou atenção.

Coração Alado 💓Onde histórias criam vida. Descubra agora