Coração Alado 💓

O Golpe

... Anos atrás fazenda La Selva...

Era um dia especial para Caio, finalmente terminava a escola e iria começar a universidade para trabalhar com o pai, estava feliz e entusiasmado. Depois de uma noitada com os amigos e bastante álcool, ele chegou bem na hora de comer, sentou na mesa quando o  almoço estava pronto e todos na mesa, menos Antônio que estava atrasado e não aparecia desde a noite anterior.

— Angelina pode servir o almoço pra todos, Caio já pode parar de beber _ sua voz foi dura, mas preocupada.

— Não manda em mim... _ levantou e a encarou com raiva _ eu queria a minha mãe hoje, não você Irene.

— Caio para irmão, não arruma confusão hoje _ Daniel levantou preocupado com aquela reação dele _ a mamãe pediu pra Angelina fazer lasanha pra todo mundo.

— Tô pouco me importando pra lasanha _ pegou um prato e jogou no chão com raiva _ eu quero que ela vá pro inferno.

— Caio olha os modos, seus irmãos tão aqui e você está muito bêbado pra pensar na besteira que tá falando _ ficou entre o filho e o enteado e segurou o braço do mais velho.

—  Tira suas mãos sujas de mim sua vagabunda! _ a empurrou sem medir sua força.

Irene caiu com tudo no chão machucando o braço, deu um grito de dor e se protegeu com medo de um novo ataque do enteado. Mas quando Caio segurou o braço dela pra levantar a madrasta e lhe dar um sacode sentiu o primeiro soco e caiu por cima da mesa tonto.

— SEU MOLEQUE... FICA BEBENDO A NOITE INTEIRA PRA BATER NA MINHA MULHER SEU MERDINHA?

— Meu deus não _ se meteu na frente do marido _ para com isso Antônio... Você não pode bater no seu filho _ impediu ele com a mão em seu peitoral.

— Aí...aí... _ Caio tinha a mão no rosto e gemia de dor.

— Machucou ele Antônio! _ estava brava com o marido.

— Mãe seu braço, tem que cuidar também _ Daniel estava assustado com aquele cenário familiar.

— Vai pro quarto com a Petra, conversa com ela meu bem _ falou calma, mas no fundo queria só chorar _ eu vou cuidar do seu pai e do Caio.

— Tem certeza que vai ficar tudo bem? _ foi até Petra que estava assustada.

— Absoluta meu amor, pode ir lá pra cima com a Petra.

Os dois acenaram positivamente e foram subindo as escadas bastante apreensivos, Daniel olhou pra trás vendo se estava tudo bem e foi atrás da irmã. Caio ainda estava se recuperando do soco que recebeu do pai quando Angelina chegou com a travessa de lasanha e parou no meio do caminho.

— Leva isso pra cozinha e trás o kit de primeiro socorros e gelo pro Caio _ olhou pra empregada e depois pro marido _ e pro Antônio por na mão também.

— Te salvo da fúria desse irresponsável e ainda sou culpado disso _ cruzou os braços contrariado.

— A culpa disso é sua também Antônio, devia tá com a gente e não trabalhando de um dia pro outro _ segurou o braço machucado e gemeu de dor.

— Huuum... _ levantou e olhou pro pai _ trabalhando nada, ele tava era no bar da Cândida.

— Moleque eu te mato na porrada entendeu? _ foi pra cima dele, mas foi impedido.

— JÁ CHEGAAA!! _ sentia mais dor, mas seus olhos se encheram de lágrimas de tristeza.

Ver a esposa daquele jeito foi triste e penoso, Irene era uma grande mulher, mas ele era homem e precisava se render as tentações que tinha no bar da Cândida, matar seu desejo sexual. Mas não pensava que quem matava seu desejo de amor era Irene e que ela iria se magoar quando descobrisse essa traição.

...Tempos atuais Nova Primavera...

Os ânimos estavam exaltados, Caio como sempre estava brigando com Irene, pra ele a madrasta era culpada do desenteresse do pai pelo sumiço do corpo da mãe. Enquanto ele andava de um lado pro outro esbravejando ela estava calma, sentada no sofá, tomando um chá.

— Você não presta sua cobra venenosa _ bateu o pé como um menino birrento.

— Eu não sei do que está falando Caio _ disse calmíssima e cruzou a perna .

— Sabe sim... Você colocou essa ideia de não buscar a minha mãe na cabeça do meu pai verdade? _ a encarou com ódio.

— Aí meu querido, tanto tempo vivendo comigo e ainda não entendeu que eu e seu pai nos amamos e que sua mãe tá no passado _ disse debochada, não tinha paciência prós chiliques do enteado.

— Eu só espero que ela esteja viva e que quando meu pai bater os olhos nela te esqueça de uma vez por todas e viva feliz com ela _ retrucou com raiva.

— Você é um mal amado sem noção e que não aceita a felicidade do seu pai _ levantou e o encarou _ eu não tenho medo de você Caio La Selva!

— Você é uma sem coração, não merce os filhos que tem, Daniel agora que tá num bom lugar, bem longe de você... _ sentiu o rosto queimar e olhou ela com mais ódio.

— Não coloque o nome dos meus filhos nessa sua boca podre entendeu? _ ela estava uma fera.

A mulher estava se comportando como uma leoa atacada, andava de um lado pro outro e olhava Caio com ódio, nunca ligou prós impropérios do enteado, mas foi a gota d'água ele falar de Daniel, a morte do seu primogênito ainda doía como se tivesse acontecido há minutos atrás.

— Tá vendo aí Caio... Trinta anos vivendo nessa casa e eu nunca te levantei a mão, mas você derramou a gota que faltava pra derramar.

— Num bateu porque não quis sua bruxa _ tocou o rosto que ardia.

— Nunca me aceitou nessa casa e não duvido que faria de tudo pra me atrapalhar a vida.

Antônio que descia as escadas ouviu toda a briga e logo foi pro lado da esposa, sabia que o filho tinha passado do limite e iria intervir.

— Não admito que você fale desse jeito com a minha esposa!

— Sua esposa... _ deu um sorriso cínico _ a Irene é só mais uma vagabunda na sua vida, casamento de verdade você teve com a minha mãe.

— Minha vontade é de te dar uma boa surra... A última que eu ia te dar você não levou por sorte seu moleque _ olhou Irene e depois ele com raiva _ peça desculpa agora ou vou te deserdar.

— Eu não vou pedir nada pra ninguém, se quiser pode me tirar dessa herança maldita, não quero nada do senhor.

— Pois não vai ter... Se considere deserdado seu moleque! _ foi duro nas palavras.

— Ninguém tira nada do meu filho, nem você que deu a vida Antônio La Selva! _ sua voz ecoou na sala.

A mulher que escutava tudo da porta da frente entrou com tudo e olhou com triunfo pra todos, principalmente pra Irene, os dias de madame dela estava para acabar em breve. Antônio estava atônito ao ver ela e reconhecer sua figura.