Dores Antigas

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...

Se Agatha pensou em encontrar um matrimônio quebrado se enganou redondamente, isso porque Antônio estava abraçado e rindo ao lado de Irene com algo que ele contava de um modo engraçado, o homem era outro quando estava em paz com a sua morena.
E ela foi cansando de toda aquela melação, resolveu que era hora de dar o primeiro passo da sua entrada triunfal para o casal na sala, mas foi impedida por Angelina que segurou seu braço e a levou pra fora da casa.

—  Ficou louca Agatha? O doutor Antônio te mata se ver você aqui na casa.

— Que me mate, eu já estou cheia de tudo mesmo, viu como ele trata aquela rameira?

— Irene é esposa dele, e mesmo não tendo uma boa relação com minha patroa eu tenho que lhe ter respeito, você não tem mais lugar de dona aqui.

— Mais vou voltar a ter Angelina, não sei como nem quando, mas terei.

— Agatha é bom você aceitar que não tem mais lugar nessa casa e nem no coração do patrão, esse já pertence a dona Irene.

— Dona? _ riu cínica _ de que Angelina? Nem é uma La Selva de verdade, o meu casamento é válido, não o deles.

— Você veio plantar a discórdia mesmo num foi?

— Ver os meus filhos e recuperar o que é meu por direito!

— Então aparecer assim não vai ajudar, primeiro fala com o Caio e depois você pensa como vai falar com o Antônio, mas agora vai embora.

A vontade de Agatha era voltar e contar toda a verdade, jogar a bomba e ver o casamento de Antônio destruído, ela achou que não encontraria o ex marido tão bem e feliz, os comentários era que anos atrás ele ainda sofria com sua falsa morte e gritava pra quem quisesse ouvir que o seu grande amor tinha sido Agatha La Selva!

Na sala Antônio já estava querendo ficar sozinho com a esposa, mas Petra e o italiano não paravam de tagarelar coisas aleatórias, assuntos sem muito sentido pra ele.

— Irene, vamos pro quarto _ olhou a esposa e ela nem pensou muito e entendeu o que ele queria de verdade.

— Tô morta de sono meu amor, vamos pra cama sim? _ levantou e fez ele fazer o mesmo.

— Boa noite filha _ foi até Petra e lhe deu um beijo na testa _ até amanhã.

— Boa noite meu amor _ foi até ela e a abraçou carinhosamente lhe dando um beijo na bochecha.

O casal subiu de mãos dadas, Irene já sabia o que ia acontecer no quarto dos dois. Quando estavam no corredor chegando no quarto Antônio deu uma gargalhada gostosa e encostou Irene contra a parede.

— Aí morena, eu já não tava me aguentando de vontade _ acariciou seu rosto e a beijou intensamente.

— Aqui não homem! _ segurou em seus ombros e deu um sorriso sapeca.

— É o corredor do nosso quarto, ninguém aparece por aqui essa hora _ empurrou as pernas dela pra sua cintura _ podemos ser safados.

— Você é um devasso!

Anos Atrás Fazenda La Selva...

Chovia há quase três dias e Irene estava preocupada com o sumiço de Antônio, cuidava de Daniel que dormia sereno na cama e esperava Caio chegar da escola para jantarem juntos. Mas vozes alteradas e o barulho de vidro quebrando a alertou e foi correndo até o corredor dos quartos buscando de onde vinha a confusão, mas foi depois de um grito de terror que ela correu até a sala e viu o marido sujo e desalinhado, cheirando a bebida e cigarro, com os olhos vidrados no filho mais velho.

— Matou meu amor, esse moleque tirou a Agatha de mim pra sempre!

— Agatha? _ olhou pra Caio e depois pra Antônio _ é uma criança, acha que o menino fez por querer?

— Ele que devia ter morrido, mas a Agatha não, ela não... _ chacoalhou o menino e o jogou no chão com tudo.

— Para pai... _ Caio falou se encolhendo de medo.

— Já chega Antônio! _ ficou entre o marido e o menino _ pega, chacoalha e joga alguém do seu tamanho.

— Irene sai da minha frente ou não respondo por mim _ segurou nos ombros dela.

— Vai Caio, chama a Angelina pra te ajudar meu filho _ falou alto pra tentar afugentar o marido.

Foi tão rápido se levantando do chão e correndo pra cozinha, que não pensou duas vezes, ver o pai tão transtornado lhe deixou aterrorizado. Mas na sala Irene ainda encarava o marido e não abaixava o olhar hora nenhuma, estava com um nó na garganta e já não suportava dividir o amor com a dor dele.

— Já chega com isso de Agatha, vamos subir e vou te enfiar dentro do chuveiro, precisa tirar esse cheiro de álcool, cigarro e perfume barato _ pegou ele pelo braço e foi arrastando pra o quarto deles.

A dor que corroía Antônio La Selva estava transpassando e corroendo o casamento dele, a relação com Irene estava desgastante, ele saia sem avisar e voltava transtornado, não dava um minuto de paz.

— Não da pra viver assim com a lembrança dessa morta entre meu amor e você!

— Não fala assim da Agatha, ela sim foi uma mulher decente, não foi como você _ desdenhou.

— Então você fosse procurar uma mulher num lugar decente senhor La Selva! _ o empurrou e viu ele cair na cama e depois rolando pro chão.

— Irene... _ resmungou e levantou lentamente sentindo o mundo rodar _ para com isso morena, eu sou teu marido.

— Não parece, de um tempo pra cá eu me sinto só um troféu bonito que você expõe nós jantares de negócios _ pegou o travesseiro e jogou pra ele _ hoje você não deita comigo.

— Há há... Muito engraçado dona Irene La Selva _ jogou o travesseiro na cama.

Apesar dos protestos dela o homem não ligou e foi em direção ao banheiro tirando a roupa e deixando jogada pelo caminho, apesar de ainda amar Agatha era Irene sua âncora e guia, a mulher que sempre estava ao seu lado apesar dos erros cometidos a todo momento.

Coração Alado 💓Onde histórias criam vida. Descubra agora