𝕯𝖔𝖓'𝖙 𝕭𝖑𝖆𝖒𝖊 𝕸𝖊

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Amara se chocou de forma bruta com o chão. O gosto de lama atingindo seu paladar antes mesmo que seu rosto mergulhasse na poça que estava tentando evitar desde manhã.

Embora quisesse desistir e apenas ficar ali para recobrar a força, sabia que não poderia parar. Com esforço, apoiou os braços no chão e forçou-se a levantar no momento que uma flecha passou zumbindo sobre sua cabeça. Lembrou-se da noite em que salvou Celaena. Tudo parecia igual, uma noite sombria e gélida, pés descalços roçando a grama verde e escorregadia, o terror e o medo de não conseguir impedir a morte daqueles que amava.

Com as lembranças em mente, pensou seriamente em revidar as dezenas de flechas disparadas em sua direção, isso daria tempo o suficiente para que os outros se escondessem. Com energia renovada se virou pronta para encarar o exército, mas Aedion tinha outros planos, Amara encarou a mão que agarrou a sua e percebeu que se ficasse para trás o amigo ficaria consigo, deu meia volta, ninguém morreria sob seus cuidados.

Correram por muito tempo. Minutos ou horas? Amara já não sabia dizer, não sabia nem mesmo quantos metros seus joelhos aguentariam até cederem a exaustão, só sabia que precisava chegar na fronteira, se fizesse a travessia não precisaria matar ninguém.

Atrás de si as vozes aumentaram, estavam se aproximando. Entretanto, tudo que conseguia ver era o trio de fugitivos que corria à frente. Se desviasse o olhar para apenas espiar o que estava os perseguindo, era nítido que não teria escolha. Como líder, precisaria revidar.

Avaliou todas as possibilidades de atravessar, a mais óbvia porém, não era de seu agrado. Franziu os lábios, para sua infelicidade era o jeito mais rápido.

- Quando chegarmos ao penhasco - respirou fundo na tentativa de buscar fôlego. - Me sigam, nós vamos pular.

A ordem claramente afetou os demais que diminuíram a velocidade, Aedion apertou sua mão em busca de confirmação, mas ela não tinha tempo para isso. Foi clara no comando e se quisessem sobreviver fariam como ordenado.

Conforme se aproximavam do desfiladeiro Amara tentava se convencer de que estava tendo outro pesadelo, era impossível que tivesse deixado as coisas chegarem àquele ponto, felizmente seus pensamentos autodestrutivos foram interrompidos quando mais flechas atingiram as árvores em sua frente. Haviam feito contato de novo.

Fechou os olhos, em um gesto rápido, soltou-se surpreendendo o loiro. Seus movimentos passando em câmera lenta aos amigos conforme se abaixava e tocava o chão. O tremor assustou a todos muito mais que a barreira de terra que ergueu-se entre o exército e a equipe.

Com naturalidade e com força restaurada, Amara chegou ao lado dos amigos que ainda tentavam recuperar o equilíbrio. A bruxa apontou para o monte de terra atrás deles.

- Não vai segurá-los por muito tempo. O rei também tem magia - não ousou olhar para Dorian que abaixava a cabeça envergonhado. - Vamos. O penhasco é logo ali.

Voltou a correr, dessa vez na frente de todos.

- Você disse que vamos pular. Eu não quero pular - A voz de Chaol, tensa, a faz sorrir.

- Não se preocupe - murmurou. - Pular, não significa cair.

Uma explosão faz com que hesite. O rei não estava de brincadeira, queria a cabeça deles. Por sorte já estavam no penhasco. Porém, ninguém tentou segui-la para o meio. Os olhos amendrontados da equipe estavam focados em analisar o ambiente com temor.

Ela parou.

- Podem fazer isso por conta própria ou eu vou derrubá-los - não era uma ameaça. Amara era a única que sabia do perigo que seria continuar ali.

Dangerous MemoriesOnde histórias criam vida. Descubra agora