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Pov Wednesday

Inspirei fundo e busquei me recompor, antes de desviar a atenção para Enid. Eu ainda me recordava nitidamente de sua respiração em pescoço, de sua voz rouca afirmando que me queria, e de como ansiei experimentar o sabor de sua boca.

Estas novas sensações causavam pavor em mim, em adição, êxtase descomunal. Como se eu precisasse sentir cada vez mais o seu toque sobre mim.

De qualquer forma, segui em sua direção e quando estava perto o suficiente, a Sinclair fixou seus azuis em meus castanhos, esperando que eu me pronunciasse.

Não o fiz. Apenas girei sob os calcanhares e apanhei meu cabelo, em um pedido mudo que ela entendeu e acatou.

Enid suspirou pesado e deslizou sua palma suavemente por minha cintura, aproximando nossos corpos. A maior fechou o zíper do meu vestido e eu perdi o fôlego ao sentir seu beijo sobre a minha nuca, antes dela inspirar fundo.

- O seu perfume é tão bom, senhorita Addams! Ele me enlouquece! -sussurrou meio fora de si e eu contive um gemido ao sentir a ousada americana morder delicadamente o meu ombro- eu adorei o seu presente, obrigada! -complementou beijando o local doloso e indicando seus sapatos.

Somente então, notei que ela estava usando os tênis que eu lhe dei, acompanhados de uma calça jeans e uma blusa social, apenas para me agradar. Eu possuía ciência sobre.

Senti o meu coração disparar e ansiei deixar-me ser dominada pela insanidade, saciando meu anseio por sua boca macia e quente. No entanto, regressei a racionalidade ao escutar suaves toques sob a madeira e então, Blair adentrou o quarto.

- Eu sinto fome! -a mais nova reclamou e eu sorri com humor, enquanto sua irmã revirava seus intensos olhos azuis.

De todo o modo, a maior me estendeu sua mão, a qual, eu aceitei de bom grado e seguimos acompanhando a adolescente em direção a sala de jantar.

De imediato, fomos recebidas por cumprimentos calorosos de meus pais e dos Sinclair, para a alegria de Blair, principiando nossa refeição.

- Sabe, vocês formam um belo casal! -minha mãe comentou ao receber sua sobremesa, observando minha interação com Enid.

- Eu concordo, Morticia! E por este motivo, quero oferecer um brinde! -o senhor Sinclair exclamou animado, sendo o foco dos demais- ao amor de Wednesday e Enid! E que ele dure para sempre! -ele proferiu e todos brindaram contentes, incluindo minha cunhada, que usou sua lata de refrigerante.

- Filha, eu estive refletindo e penso que iria ser maravilhoso se vocês se casassem aqui! No fim de semana! -Esther se manifestou com expectativa e Enid perdeu o fôlego, buscando disfarçar a surpresa.

- Esplendida ideia! -meu pai concordou, oferecendo um animado sorriso a matriarca Sinclair e eu o repreendi internamente.

- O que vocês pensam a respeito? -minha mama questionou e eu imediatamente fitei Enid ao sentir sua mão sobre a minha. A maior me encarava como quem concordaria com qualquer decisão minha.

- Por mim, sim! -respondi com um sorriso meio forçado e eles comemoraram. Inclusive, abrindo um novo e caro espumante do senhor Sinclair.

- Sabe, para um casal realmente apaixonado, vocês quase não compartilham caricias! Não flagrei um beijo sequer para poder implicar com Enid! -minha cunhada resmungou de modo desconfiado e eu me engasguei com a minha bebida, não conseguindo conter minha reação.

- Blair! -sua irmã a repreendeu, acariciando minhas costas e me auxiliando- tudo bem? -perguntou preocupada e eu sorri sem dentes, afirmando com a cabeça.

- A jovem Sinclair tem razão! -minha mãe exclamou, defendendo Blair, e eu a fitei feio, em um pedido mudo que foi ignorado- não precisam sentir vergonha, querida! Beije a sua noiva! -a matriarca intimou alegre e eu forcei um sorriso, por dentro, lhe repreendendo sem pudor.

Desisti de lutar contra e apenas inspirei fundo, antes de fitar Enid. A compositora, por sua vez, se aproximou meio receosa e desceu seus azuis a minha boca, me encarando mais uma vez como quem pedia permissão e eu concordei.

Senti sua palma macia sobre a minha bochecha, enquanto a outra repousava em minha cintura, e ela inclinou seu rosto com calma, antes de selar delicadamente nossos lábios em um doce e singelo beijo.

Eu suspirei com paixão entre o contato e levei minhas mãos aos seus ombros, os acariciando. Abidiquei do meu orgulho e me entreguei a Enid Sinclair, aproveitando a sensação de sua boca contra a minha.

Seu sabor era delicioso e viciante, e seu ritmo era carinhoso, contudo, poderia ser capaz de virar afoito se não nos controlassemos.

A boca de Enid era quente e gentil, causando-me êxtase de modo irreal, e eu entrei em combustão, paralisando.

Era como se existisse apenas ela e eu, em nosso mundo particular, onde o tempo e a distância não possuíam influência sobre a gente. Onde os problemas se dissolviam como gelo perto do fogo e onde eu poderia ir ao paraíso, apenas com um mísero toque seu.

Encerrei o beijo por não consiguir mais lidar com a falta de ar e depositei um selinho sobre seus lábios inchados, me afastando minimamente de Enid.

Assim como eu, a maior estava ofegante e seus azuis fixados aos meus castanhos demonstravam uma confusão de sentimentos e ansiedade.

Eu não deveria, contudo, desejava por sentir o seu beijo pelo resto de minha vida, sempre lutando arduamente contra meus pulmões, para não precisar me distanciar.

E enfim me dei conta de que eu havia cometido o maior e mais prazeroso erro que podia. Eu me apaixonei por Enid Sinclair, a irritante compositora americana, de estilo adolescente rebelde, e a minha noiva de mentira.

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