green part three.

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Alerta de gatilho: este capítulo contém episódios narrados explicitamente sobre os seguintes assuntos: tentativa de suicídio, agressão e estupro. Caso você não se sinta bem em ler isso, eu recomendo que você NÃO LEIA esse capítulo. Para quem continuar a ler Green part three, uma ótima leitura.



"Gritos e mais gritos de dor poderiam ser ouvidos, eu berrava tanto que meus pulmões chegavam a arder, lágrimas escorriam dos meus olhos esperando para que aquilo tudo acabasse logo e eu pudesse me trancar no meu quarto. Meu pai, que até então era para ser meu herói e protetor, estava por cima de mim, entrando e saindo dentro de mim a todo tempo, enquanto repetia inúmeras vezes o quão sujo e pecaminoso eu era.

Meu corpo todo estava dolorido, não só pela surra que eu havia levado anteriormente, mas por conta disso, por conta que meu pai estava me rasgando por inteiro e eu sentia uma dor insuportável. Essa não foi a primeira vez que aconteceu, desde que me assumi gay para meus pais, minha mãe se recusava a ficar perto de mim, enquanto meu pai fazia o que Deus mandava fazê-lo, castigar os pecadores e nisso eu estava incluso.

Sempre que minha mãe saía de casa, seja para fazer mercado ou qualquer outra coisa, meu pai aproveitava do tempo livre e lá se iniciavam as sessões de tortura, a cada vez que eu fazia isso, eu chorava e rezava para que Deus se ele ainda me amasse me levasse embora, ou eu mesmo faria isso.

Daryl assim que terminou sua 'punição', ele se limpou e saiu de meu quarto. Não demorou muito tempo e mamãe estava em casa, eu me tranco ali e permaneço em posição fetal para processar ou pelo menos tentar, o que havia ocorrido. Dias como esse se tornavam os meus piores pesadelos, soluços e lágrimas, era assim que você iria me encontrar caso me visse naquele momento."

– Sr. Clifford, poderia por favor nos dizer quem é? precisamos preencher os dados da certidão de óbito, por favor consegue rapidamente identificar o cadáver? – Um dos homens mais velho sem paciência se refere a voz em minha direção, eu estava tão chocado e paralisado naquele lugar que eu não sabia o que fazer, minha boca parecia ter sido colada com super-cola, eu apenas emitia sons de choro, mas ela não abria para nada, eu resolvo secar as lágrimas que insistiam em se formar em meus olhos e de uma vez tomar a iniciativa de dizer. – O cadáver é da minha mãe, Karen May Clifford. Ela estava sumida por alguns dias, ela sempre fazia isso, não achei que ela estivesse morta. – Eu ergo o olhar e me aproximo do corpo de minha mãe, eu sentia um aperto enorme no coração, mesmo que ela me odiasse e me renegasse em vida, eu ainda a amava, pois foi ela quem me ensinou tantas coisas na vida, ela me ensinou a ser uma boa pessoa.

Eu já havia saído do necrotério, estava em casa com os olhos inchados e vermelhos de tanto chorar, eu olhava fixamente para a xícara fumegante de chá em minhas mãos com a minha cabeça no modo estático, como nas televisões de antigamente. Deixo um longo suspiro escapar enquanto bebia o chá de camomila que havia feito enquanto Karen vinha em minha mente sem parar, era flashes de memórias de quando era uma criança feliz misturados com ela me deixando trancado em meu quarto sem algum tipo de comunicação com o mundo exterior e sem um copo de água ou prato de comida.

Se na época eu soubesse que eu iria destruir minha vida, eu não teria me assumido gay para meus pais. Minha mãe durante a minha infância era um amor, sempre me levava tomar sorvete, lia historinhas para dormir e sempre que eu me assustava com os raios durante as tempestades ela vinha dormir comigo, lembro também quando ela me chamava pelo apelido que somente ela utilizava comigo Kitten como ela carinhosamente me chamava desde que eu me entendia por gente. A mudança drástica de uma mãe incrível, que daria sua vida para o próprio filho mudou naquele dia 31 de agosto de 2017, a partir disso minha vida se tornou um inferno.

"Eu esperei todos dormirem, estava de madrugada e eu me sentia nojento, violado e principalmente um peso, não só para mim, mas para todos em minha volta. Eu já havia deixado uma carta de despedida para quem eu amava e me importava. Estava cansado, completamente exausto de tudo aquilo e só queria pôr um fim nisso tudo, não estava aguentando mais carregar toda aquela dor e não poder fazer parar. Eu estava trancado em meu quarto, mais especificamente no banheiro do meu quarto, encarava meus pulsos enquanto agora eles tomavam uma cor vermelho vinho e todo aquele líquido viscoso e quente escorria. Minha visão estava começando a ficar turva e a única coisa da qual eu recordo era a voz de Calum gritando pedindo por ajuda.

Não lembrava exato por quanto tempo havia ficado desacordado, mas assim que recobrei a consciência, minha mãe assim que me viu de olhos abertos começou a usar as piores palavras as quais alguém poderia dizer, ela gritava e berrava o quão envergonhada ela estava por ter um filho que desistia fácil das coisas, do quão irresponsável eu estava sendo e queria que eu tivesse morrido, pois segundo ela sua vida seria mais fácil sem ter um peso ao seu lado a lembrando o tempo todo de que ela havia falhado como mãe."

Mesmo Karen sendo uma escrota, eu a amava podem me chamar de besta, idiota ou de qualquer outra coisa, mas eu a amava. Me inspirava nela, mas apenas em seu lado meigo e gentil, me inspirava naquela mulher que um dia me disse que eu teria um futuro brilhante com o que decidisse fazer e que eu poderia contar a ela basicamente tudo, pois sempre seria minha amiga e ficaria ao meu lado em qualquer coisa, mas aparentemente ela mentiu.

Eu já havia mandado uma mensagem para Calum contando o que havia ocorrido, os policiais não quiseram dar muitos detalhes sobre a morte da minha mãe, mas o estado que eu a vi no necrotério eu já poderia ter uma certa noção do que se tratava.


Espero que tenham gostado do capítulo, tentei deixar ele o mais leve possível.


Qual a idade de vocês? Eu tenho 20 T . T. 


With luv, 


Mxx.

My heart so full of you, I can hardly call it mine. Onde histórias criam vida. Descubra agora