green part two.

10 5 25
                                    


Eu sentia as mãos da legista em meus ombros, depositando uma leve carícia ali no local, aquilo não poderia ser real... Eu belisco discretamente meu braço para que eu possa despertar daquele pesadelo, estava tenebroso, eu estava com medo e novamente a sensação de abandono tomou meu corpo.

" – Karen, você precisa parar de ser uma vadia intrometida, sabe que não é dos bons costumes ficar cuidando da vida alheia. Nem parece que frequentamos a porra da igreja nos domingos, sabe que não gosto de mulher minha sendo uma vadia fofoqueira. – Daryl vociferava com minha mãe, ele não estava nos seus melhores dias, na realidade papai nunca teve um bom dia sequer. – Daryl, meu querido, por favor não fale assim comigo, você sabe desde que parei de trabalhar eu não tenho muito o que fazer... – papai havia proibido mamãe de trabalhar, ele dizia que mulheres não poderiam ganhar mais que os homens que a figura masculina que deveria sustentar e manter a casa."

Aquele clima frio e sem vida do necrotério estava me dando náuseas e tremores, não gostava disso, os dois oficiais ficaram a postos do lado do corpo que estava envolto a um saco plástico, lentamente eles puxavam o zíper assim aos poucos revela quem era o cadáver, eu sinto meu coração palpitar cada vez mais rápido e minha respiração ficar cada vez mais pesada, aquele sentimento me consumindo cada vez mais.

" – Papai, mamãe, eu tenho algo que queria compartilhar com vocês. – eu umedeço meus lábios enquanto encarava meu prato de comida que por sinal estava cheio, eu não havia comido um grão da ervilha no parto ou tocado no purê de batatas, meu estomago estava prestes a revirar, eu sentia o suor cada vez mais em meu corpo e minha voz estava trêmula, eu não sabia como falar ou de maneira os contar. – Anda logo Gordon, não temos noite toda, sabe que sou um homem muito ocupado. – meu pai estava sem paciência, o que não indicava um bom sinal, mas se não fosse agora eu nunca iria ter a coragem de tocar nesse assunto novamente. – Papai, mamãe... E-eu... Eu sinto que sou diferente dos outros garotos, não só pela maneira que eu me visto, mas por meus interesses... E-eu não sei como falar isso para vocês, eu sou gay. – Apenas despejei toda a informação para cima deles, eu estava tão nervoso e inseguro, não sabia o que fazer.

O silêncio permaneceu na mesa por alguns minutos, que mais pareceram horas, aquilo estava sendo muito torturante e queria que alguém dissesse algo. Mas na realidade o que eu sinto é meu pai me puxando pelos cabelos até o meu quarto, minha mãe vindo logo atrás falando e gritando que tinha nojo de mim, que isso não era normal, eu estava sendo pecaminoso e desonrando a nossa família. Já meu pai estava agindo como se ele não estivesse nesse planeta ou pelo menos nessa realidade, Daryl trancou a porta de meu quarto e ali meus amigos, iniciou-se uma sessão de tudo de ruim que vocês possam imaginar. – Você é um nojo Gordon, meu filho! Meu único filho não é e nunca vai ser uma bichinha. Você vai ter o que merece, vai se endireitar nem que seja na força bruta. Eu tenho nojo de você Michael, nem posso te chamar de filho, pois isso você acabou de deixar de ser hoje."

Algumas memórias da noite em que me assumi para meus pais invadiram minha mente, uma das razões das quais eu atentei contra minha vida foi por conta daquela noite, Daryl me deixou marcas profundas incapazes de serem curadas, marcas que até hoje me perseguem e eu tento de todas as maneiras ignorá-las, mas é impossível de acontecer isso.

Assim que o saco plástico é inteiramente aberto, é possível ver o cadáver, os olhares dos três adultos desviavam do corpo sem vida para mim de maneira frenética, como se eu fosse desmaiar ou o cadáver iria pular para cima de mim. – Senhor Clifford, reconhece esse corpo? – Oficial Martinez é quem se refere a palavra dessa vez, ele mantinha seu olhar pesado e constante em mim, eu suspiro fundo e ando até ficar mais próximo do cadáver, eu engulo em seco e deixo um longo suspiro escapar ao olhar melhor o corpo ali em minha frente. – Sim, eu reconheço, eu sei quem é. – Não consigo manter muito tempo meu olhar sob aquilo, eu desvio o olhar para o chão tentando disfarçar as lágrimas que estavam em evidência. – E pode nos dizer quem é, Senhor Clifford?. 


Espero que tenham gostado do capítulo, se eu estiver disposta mais tarde faço uma att dupla. Dependendo do número de interações eu posto mais um. É isso, um beijo da Anitta.


Vocês curtem quais bandas além de 5SOS? Eu gosto de waterparks, mcr, blink.... uma infinidade de bandas. 


With luv, 


Milenaxxx


My heart so full of you, I can hardly call it mine. Onde histórias criam vida. Descubra agora