Capítulo 3 - Quando tudo começou. PARTE 1

481 74 9
                                    

Boa leitura <3



Kim Taehyung — Seul

Uma coisa que me faltava nesse momento era clima para comemorar o casamento da minha irmã. Essas grandes reuniões só me colocavam cada vez mais para baixo. Meu pai fazia questão de exibir a filha cirurgiã que ele tinha o maior orgulho do mundo, e quando não me humilhava na frente das pessoas, fingia que eu nem existia. Em parte eu preferia a segunda opção, mas mesmo assim era tudo uma grande merda.

É bem difícil fingir que nada me afetava, porque a verdade era que eu estava com cicatrizes abertas e purulentas em minha alma, uma tremenda infecção a consumia. Se estivesse pelo meu corpo físico, morrer de sepse seria uma realidade, mas a morte da alma pode ser bem pior. Viveria como um zumbi, sem alma. Só teria que manter meu organismo vivo me alimentando.

Sou um acadêmico de medicina e futuro geriatra. Eu observava a morte de perto e mesmo assim não tinha coragem de abraçá-la. A dor de não ser bom o suficiente só piorava com o passar dos dias e eu já não suportava a vida desde o início desses 6 míseros anos de graduação, que foi quando meus problemas se intensificaram. O que me mantém vivo é que sou fraco e covarde. E repito: Era tudo uma grande merda.

Aqui estou eu, sorrindo para uma foto em família. Cercado de hipócritas que fingem se importar comigo, mas não se importam. Cheguei no salão já querendo implorar para ir embora, contudo o máximo que eu ganharia seria um beliscão no braço e uma ameaça vinda do meu pai. Eu não podia estragar o dia deles, então me mantive quieto.

Ninguém reparou no quão silencioso e observador me tornei nos últimos 10 anos. Eu nunca aparentei ser uma pessoa deprimida, sempre gostei de sorrir e me vestir bem. Montar meus próprios "looks" estilosos e vintages, às vezes eu ousava usar roupas coloridas e divertidas, mas nada me impedia de fazer única coisa na qual eu me sentia vivo, que era ser vaidoso. E reafirmo: minha aparência jamais seria de alguém que estava chegando ao fim do poço. Eu só era infeliz perto da minha família, de resto eu gostava da vida.

O problema era que eu vivia com eles e era sustentado por eles, mas isso mudaria e não estava longe de acontecer. As únicas coisas boas que herdei foi a beleza e inteligência, meu pai discordava, mas ele não concordava com nada mesmo. Sempre fui estudioso e meu boletim comprova isso. Sem contar que minha posição nas classes sempre foi em 1.º e 2.º lugar. Ser o melhor aluno da turma a se manter no top três durante todo colegial era para poucos. Ao menos isso eu podia me gabar.

— Sejeong, esses são os diretores do hospital em que seu irmão fará residência em Cirurgia Geral.

— É um prazer em conhecê-los, meu irmãozinho é muito sortudo em ter conseguido essa vaga graças a vocês. Muito obrigado por lhe dar essa oportunidade. Perceberão o quão bom profissional ele é.

Eu ouvia de longe a conversa, sabia que minha irmã dizia aquilo por educação, pois ela tinha conhecimento sobre minha recusa em fazer residência na área cirúrgica, mas não havia nada que ela pudesse fazer. Também tinha medo do papai, então só restava aceitar as decisões impostas por ele. Agora ela estaria livre dele, pois moraria com seu marido, Yugyeom, um artista plástico renomado. Sim, eu vivia cercado de riquinhos esnobes e não tinha muita escolha.

— Cadê seu filho? Quero conhecê-lo. Pelo que a querida Sejeong diz sobre ele, deve ser um rapaz brilhante.

— Ele está pelo salão quando eu encontrá-lo, apresento-os. — Ele me olhou nos olhos com uma expressão fechada e eu soube na hora que não era para me aproximar do Sr. Lee em hipótese alguma. — Lee Dong-Wook, vou cumprimentar e apresentar minha filha para os meus outros convidados, depois nos falamos. — Ele o reverenciou e saiu.

Um bom motivo para viver | jjk + kthOnde histórias criam vida. Descubra agora