Post Tenebras, Lux | Sevmione

Capítulo 2

"O encontro de duas personalidades é como o contato de duas substâncias químicas: se houver alguma reação, ambas são transformadas."

- Carl Jung

Várias coisas pareceram estranhas para Hermione em relação à descoberta quando ela parou para pensar a respeito. Por um lado, a absoluta falta de sigilo; quando ela começou a procurar com seriedade, não foi muito difícil encontrá-lo. A escolha do pseudônimo era óbvia. A caravana não estava protegida ou escondida magicamente de forma alguma, embora ela tivesse evitado chegar muito perto; era bem provável que houvesse algumas defesas desagradáveis no local. Mesmo assim, algo parecia errado; aquele era Severus Snape, o homem que havia sido espião e agente duplo durante duas guerras e, no entanto, ali estava ele, em plena luz do dia. Isso não fazia sentido. Ele poderia ter se escondido de forma muito mais inteligente; então, por que não o fez? Por que estava perambulando abertamente pela estação de Waterloo na hora do rush? E por que, agora que ela sabia que ele estava vivo, ele não havia se mudado ou se escondido?

Foi aí que as coisas se complicaram. Ela simplesmente não o conhecia bem o suficiente para sequer arriscar um palpite. Na verdade, ninguém o conhecia; mesmo os antigos colegas que haviam trabalhado com ele por vinte anos não haviam ajudado muito nas buscas anteriores. Ele devia saber que corria o risco de ser descoberto ao andar por aí tão abertamente, então, presumivelmente, essa era sua intenção o tempo todo; parecia que ele queria que alguém descobrisse que ele ainda estava vivo. E se ele não tivesse tomado medidas para se esconder, agora que ela sabia... Havia várias explicações possíveis, ela decidiu finalmente. Primeiro, ele simplesmente não acreditava que ela fosse inteligente o suficiente para descobrir. Segundo, ele não acreditava que ela se daria ao trabalho de procurá-lo. Ou três... ele queria ser encontrado.

Seus pensamentos foram interrompidos quando o telefone tocou, assustando-a. "Alô?"

"Olá, sou eu", a voz de Harry a cumprimentou. "Alguma novidade?"

"Não tenho certeza", respondeu ela lentamente.

"O que aconteceu?"

"Bem... Eu não fui totalmente honesta com você antes. A razão pela qual eu sei que ele ainda está vivo é que eu o vi."

"O quê?"

"Eu deveria ter te contado, mas ainda não tinha percebido quando liguei para você. Eu estava em choque, eu acho. Não fui procurá-lo nem nada. Eu estava andando por Londres e literalmente o encontrei. Ele me deu um fora, mas não antes de falar comigo - com relutância. Definitivamente era ele. E agora... Acho que encontrei o lugar onde ele está morando. Mas algo parece errado".

"Como assim?" Harry perguntou fracamente.

"Foi fácil demais." Ele começou a rir, e ela sentiu um sorriso se aproximar de seus lábios. "Eu sei, eu sei, mas me ouça. Ele estava vagando livremente por Londres. Ele está usando um nome falso muito óbvio. Levei duas semanas para localizá-lo - Snape, que o Ministério e a Ordem estão caçando há dez anos. Ele nem sequer está tentando se esconder, Harry. Não há nenhum feitiço de ocultação, nem mesmo um encanto repelente de trouxas, e ele não tentou mudar sua aparência". Bem, com exceção de uma ou duas pequenas diferenças estéticas, pelo menos. "Isso parece com o Snape para você?", perguntou ela.

"Quando você diz dessa forma, não." Ela podia ouvir a carranca de Harry em sua voz e podia imaginá-lo passando os dedos pelo cabelo. "Então, você acha que isso é... Não sei, uma armadilha?"

"Acho que não. Não há razão para isso. Ele não precisa nos atrair se quiser fazer contato e não acho que ele se daria ao trabalho de fazer joguinhos. Não, acho que isso é outra coisa."