Post Tenebras, Lux | Sevmione

Capítulo 6

"Os pensamentos são as sombras de nossos sentimentos - sempre mais escuros, mais vazios e mais simples."

- Friedrich Nietzsche.

No dia seguinte, quando passou rapidamente pela caravana para devolver o livro, Hermione o encontrou sentado nos degraus sob a luz do sol, com a perna ruim esticada até o degrau inferior. Ele parecia estar mexendo em um pedaço de papel; quando ela se aproximou, percebeu que ele o estava dobrando com cuidado e precisão. "Isso é origami?", perguntou ela com curiosidade.

Como de costume, ele não pareceu nem um pouco surpreso ao vê-la. "É sim."

"Um hobby pouco convencional", observou ela, encostando-se na lateral da caravana para observar.

Os longos dedos dele cuidadosamente alinharam outro vinco. "Como acontece com muitas coisas, ele perde o mistério quando você olha mais de perto", respondeu ele. "Para alguém tão impopular como eu, o origami é ideal; se alguém se opuser a ele, tudo o que se perde é um único pedaço de papel."

"Exato e cínico como sempre", disse Hermione, suavemente. "O que você está fazendo?"

"Nada, ainda", respondeu ele distraidamente, aparentemente concentrado no que estava fazendo. "Estou apenas experimentando formas."

"Terminei o livro que você me emprestou. Foi muito interessante. Todos os patronos representam totens?"

"Que eu saiba, não." Com cuidado, dobrando um canto do papel, ele olhou para ela, seus olhos se estreitando um pouco contra a luz forte; a luz do sol mostrou que eles eram realmente pretos, as íris quase indistinguíveis das pupilas. "Pelo menos, não nesse sentido. Eu diria que todos os Patronos revelam algo da natureza da bruxa ou do mago que os lança, mas a maioria - se não todos - não reflete tanto quanto um animal totem. Você conhece alguém com um Patrono realmente inadequado?"

"Agora que o seu mudou, não", admitiu ela com cautela. "Mesmo sabendo as razões para isso, uma corça nunca se pareceu muito com você."

"É verdade", ele concordou com uma leve bufada, evidentemente - e de forma surpreendente - não ofendido.

"Existe um equivalente ao encanto do Patronus?", perguntou ela hesitante.

"Para magos das Trevas, você quer dizer?", ele perguntou sem rodeios. Quando ela assentiu com a cabeça, ele pensou por um momento. "Se houver, nunca encontrei referência a ele. Acredito que não. A magia negra permite métodos mais diretos de lidar com os Dementadores e há outras formas de transmitir mensagens."

Hermione assentiu e o silêncio caiu entre eles; como ela havia observado antes, não era desconfortável como tal. Depois de alguns minutos, ele colocou o papel dobrado pela metade no vão da porta e se mexeu, apoiando os braços e se levantando, compensando a rigidez da perna direita sem parecer pensar nisso; obviamente, ele estava bem acostumado a fazer concessões por causa da lesão. Recuperando o equilíbrio, ele procurou no bolso da calça jeans um maço de cigarros e um isqueiro Zippo amassado e danificado.

"Você sabe que fumar faz mal à saúde, não sabe?", perguntou ela em tom de desaprovação.

"Sim, Srta. Granger. Por mais surpreendente que possa parecer, meu nível de inteligência é suficientemente alto e minha compreensão do mundo trouxa é completa o suficiente para que eu entenda o conceito", respondeu Snape em seu tom mais irritante, antes de acender o cigarro e dar uma tragada, exalando uma fina nuvem de fumaça.

Tentando ficar fora do caminho da fumaça, ela franziu a testa e inalou com cautela. "Não tem o cheiro de um cigarro normal."

Ele lhe lançou um olhar divertido. "Como você sem dúvida observou, os cigarros normais geralmente têm um cheiro desagradável. Eu fumo para relaxar, não para acabar fedendo como o beco do lado de fora de um pub. Esse é o meu único luxo. Pelo que sei, é menos provável que eles me envenenem também." Encostado na parede da caravana, ele olhou de lado para ela. "Não entendo por que você nunca se dedicou à cura. Você teria sido capaz de importunar as pessoas o dia todo e fazer todas as perguntas que seu coração pudesse desejar. A única carreira mais provável para você teria sido a de bibliotecária, mas suspeito que você teria sido demitida por ler todo o estoque em vez de realmente trabalhar."