•Álcool e Magia - IX

372 41 45
                                    

— São 12 galões para a senhora - falo para a velhinha sorridente a minha frente que mexe na bolsa.

Ela me entrega o dinheiro e leva a sua compra ainda falando sobre os netos travessos.

O dia foi bem calmo, apenas algumas senhoras e crianças comprando seus novos looks para o inverno.

Decido ir trocando um pouco as cabideiras de roupas e tiro algumas peças de verão que agora não saem mais e troco por algumas capas e jaquetas.

Depois da enorme troca na loja e na limpeza gigantesca no estoque, separo algumas caixas com roupas da coleção retrasada para doação. Ninguém quer comprar roupas que não são mais da moda mas é muito bem aceito em orfanatos e asilos.

Esqueço-me de trancar a porta da loja então quando estou terminando de varrer escuto a sineta tocar.

— Desculpe, já fechamos - digo do corredor que estou, e saio em direção à porta.

Encontro George parado na entrada da loja, ele brinca com os dedos com uma feição tediosa, seu olhar ainda transmite tristeza mas não raiva.

Ele não carrega mais aquela barba mas o cabelo ainda está um pouco comprido caindo nos olhos, seu cheiro não exala mais a cigarro, mas ainda tem álcool lá no fundo.

— ah, oi - falo, sem saber qual postura devo tomar

O Weasley abre a boca para falar mas nada sai, está mudo. Ele fecha engole e tenta de novo.

— Rony me contou o jeito que eu te tratei quando você foi me ver, e mesmo assim quando eu acordei sóbrio no outro dia eu vi a casa arrumada como nunca, e a comida deliciosa que você fez.

Eu fico sem saber oque falar, eu realmente não sei.

— eu.. eu me senti culpada, depois daquilo que você falou eu tinha que retribuir um porcento então pelo menos ajudei um pouco na casa - a frase saiu mal organizada e desconexa eu tentei gesticular mas recolhi minhas mãos com a falha.

— Não Malia, eu derramei todo o meu fracasso em cima de você, minhas frustrações você não teve culpa nenhuma e eu só não entendi porque você não foi - saiu uma lágrima do seu olho direito e George parecia não perceber — eu não entendi.. porque antes fiquei imaginando nos dois lutando lado a lado e eu nem sei o porquê disso.

— George eu fugi porque não posso fazer magia - falei e me assustei com minhas palavras, pensei se tinha como recolher elas mas já era tarde.

— como? Eu percebi aqueles outros dias, mas pensei que só tivesse dificuldade – ele estava mais perto agora e eu dei um passo para trás desconcertada.

— eu já cruzei o caminho de Voldemort

— oque? Como assim?

— Eu nem sabia quem era ele, depois que eu fui saber a história de Harry, mas quando eu estudava fora de Londres eu saía para beber sem saber das consequências.

Hoje era mais um dia de festa, eu e minha turma combinamos de sair para beber nas ruas de Beacon Hills. Nesse dia chovia muito e a visão na rua ficava limitada, mas não foi motivo para deixar de comemorar a vitória do nosso time de quadribol.

Depois de encher a cara tive uma pequena briga com uma amiga, pois ela estava dando em cima do meu ficantezinho. Dali saí para rua falei que ia para casa e não era para ninguém me seguir.

Com a varinha em mãos usava o feitiço 'Lumos' para iluminar um pouco a rua que devido a forte chuva e escuridão a visão era quase impossível.

Faltando poucas quadras para chegar em casa escutei vozes grossas e algumas movimentações  meu coração parecia parar, eu sentia cada batida dele agora.

A cabeça burra de alguem bêbada jovem e burra me mandou ir ver oque era, pois não era comum essa movimentação as 4h da manhã.

Quando me aproximei, vi um homem com olhos de cobra, ele era bem pálido e lutava com alguns aurores que eu já vira no jornal. Alguns foram mortos sem pesar e os outros fugiram. O homem riu maleficamente se sentindo vitorioso. Seu amigo ou servo sei lá, dava pequenas risadas também, mas sem tirar a glória de seu mestre.

Esse homem gorducho, provavelmente servo parecia ter visto algo na moita em que eu estava escondida e ficou encarando-a com olhar suspeito, fiquei observando sua cara estranha pelas frestas das folhas e logo em seguida ele parecia ter tirado da cabeça que tinha visto algo.

Segurei a respiração, ficando mais em silêncio possível, apertei os braços contra meu corpo para lutar contra o frio, já estava encharcada por conta da chuva. Meu celular começou a tocar, mas graças a Deus eu o tinha posto no silencioso pois não queria papo com ninguém depois da briga.

Respirei em alívio, escutei um estampido, algum deles havia aparatado, soltei todo ar dos meus pulmões agradecendo por estar bem.

Peguei a minha varinha do chão para começar a me mexer para ir embora, mas meu cabelo prendeu em um dos galhos da moita que eu estava escondida. Tentando puxar fez um pouco de barulho, como tudo continuava em silêncio pensei que o outro já havia ido embora.

Estupore - escutei e vi muito rapidamente o homem rechonchudo com a varinha em mãos.

Fui atingida por um lance de luzes vermelhas e me lembro de cair no chão e senti muita dor da cabeça por ter batido na quina da calçada .

George escutava tudo com a boca em "o" seu rosto carregava um enorme espanto.

— mas estupore não é um feitiço tão perigoso, não era para ter feito tudo isso com você. - falou indignado.

— mas o feitiço me jogou longe me fazendo bater a cabeça Georgie - expliquei — depois no hospital descobriram que eu bati muito forte uma parte do cérebro que nos bruxos armazenamos a capacidade de fazer magia e é por isso que eu não consigo até hoje, até falaram que se eu fizesse um certo tipo de fisioterapia eu poderia voltar, mas nunca tentei muito.

— Isso é.. uau. Mas em um sentido ruim é claro

Estava rindo de sua confusão, mas parei quando percebi que sua feição estava estranha, não sabia os seus sentimentos agora.

— ei, oque houve? - perguntei

—  oque houve? Você ainda se preocupa comigo? Você com todos esses problemas ainda foi na minha casa e mesmo quando eu te falei as piores coisas que poderia ainda me ajudou.

Fiquei sem saber oque responder então apenas mexi os ombros e fiquei em silêncio analisando seu rosto.

— sério, me desculpa, eu te peço perdão e vou te pedir perdão para sempre eu fui um babaca.

— ah tudo bem no início doeu, mas você não tinha como saber

— nada justifica Hale, sério me perdoa.

— okay, eu acho. - mexi nos meus dedos pensando um pouco — não queria que você continuasse bebendo

— não me peça isso Hale, é o único jeito que me faz aliviar a saudade de Fred.

— mas não faz bem - falei e me perpetuei, era óbvio que ele sabia disso mas é uma válvula de escape.

— eu não sei se posso realizar Seu pedido agora, mas juro que mais para frente eu paro, quando cicatrizar mais um pouco ok?

— bom, se você não vai parar de beber agora, vamos ficar bêbados para esquecer juntos.

Passamos até a madrugada tomando firewhisky, todos que tinham no meu armário. Choramos juntos e contamos algumas histórias de infância mas com certeza as deles eram mais engradadas.

O Weasley me contou os detalhes da guerra e eu contei como era a pensão em que fiquei nesse tempo. Fizemos carinho no pirata que agora ja estava maior.

E eu só lembro de acordar com braços  em minha volta na manhã seguinte.

💜🥃

E é isso, e tudo bem.

Votem e comentem se gostaram.

Um beijo e até breve!♡

Purple Love - George WeasleyOnde histórias criam vida. Descubra agora