Bagunça - VIII

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A felicidade retornará as ruas junto com o movimento nas lojas. Emma e eu andávamos bastante atarefadas e já podíamos pensar nas férias.

Senti a ausência de George, mas com o movimento não pude ve-lo,  botei na cabeça que mesmo com o movimento eu o visitaria hoje.

No fim da tarde os raios laranjas já passavam as janelas e apenas algumas senhoras olhavam os sapatos.

— Emma eu vou ir ali ok? Se eu não chegar a tempo você só fecha a loja que depois eu arrumo tudo.

— Sem problemas Hale, já está tranquilo agora.

Entro nas loja dos gêmeos e não tem a música habitual, sua iluminação está mais fraca por uma lâmpada queimada não trocada.

Nas prateleiras tem alguns vazios mas no último corredor Rony Weasley está com algumas caixas para repor a mercadoria, mas pelo seu ritmo vai demorar uns 30 anos.

— hm, oi Ron - me aproximo e ele me olha sem muita animação mas sorri amarelo.

— oii, como vai? ‐ pergunta por educação.

— é. Agora bem depois de tudo né  - tento deixar o clima agradável mas parece tudo constrangendor demais. — você sabe de George?

— Ele está lá em cima, não está em um dia muito bom, mas pode entrar.

— Ah

Sensação de estranheza.

Subo as escadas empoeiradas da loja e bato na porta que pendura um "seja bem vindo" com uma foto dos Weasley's vestidos de palhaço.

— não tem ninguém - diz uma voz arrastada — Fred atende a porta pra mim.

Silêncio.

— ah porra - a mesma voz diz e agora escuto movimentos.

A maçaneta gira e a porta abre. Assusto-me com a confusão.

George reúne cabelos bagunçado, olhos cansados e uma pequena barba por fazer.

— ah é você - diz sua voz arrastada e não entendo oque ele quer dizer com isso mas tento o abraçar.

Levo minhas mãos ao redor dele em um abraço mas ele não se mexe para retribuir. Pelas suas costas vejo a bagunça.

Inúmeras garrafas de firewhisky espalhadas e porta retratos com vidros quebrados. Sem querer falar mal mas a casa fede um pouco e tem cigarros apagados em um cinzeiro.

Me afasto sem saber oque falar, acho que um "tudo bem?" Não é nada adequado.

Abro a minha boca para falar, mas nada sai além de resmungos.

— Vai embora Hale - diz e meu nome sai com desgosto de sua boca.

— oque houve Weasley? Aquele dia me olhou com nojo da janela, nunca mais apareceu, agora fala assim.

— como assim oque aconteceu? Ah claro que você não sabe, deve ser porque em mínimo sinal de guerra ao invés de ficar ajudar o seu mundo você correu para qualquer lugar que fosse. - Suas palavras são como facas e elas partem todas para o meu peito.

— eu..

— Sabe porque essa casa está uma zona?? Porque virei um bêbado imundo, dependo de minha irmã para me alimentar e Rony para não deixar a loja falir.

Com muito medo perguntei.

— e Fred?

Sua cara ficou mais carrancuda, seus olhos ameaçaram marejar mas ele piscou e voltou ao seu olhar frio, que no fundo carregava tristeza.

— Fred? O meu irmão? Meu irmão é um herói, ele morreu, mas morreu lutando. Morreu e levou vários comensais consigo, morreu mas está em cada canto dessa casa, cada canto de mim e está principalmente no espelho. ‐ seu dedo apontava para a casa mas também apontava para mim com nojo — meu irmão é um herói, morreu como herói e lutou como herói. Não como uns e outros que fugiram igual cadelinhas medrosas e voltaram quando tudo estava bem.

Ânsia

O seu cheiro de álcool misturado com suas palavras cortantes pois verdadeiras me enjoavam e eu tentava trancar as lágrimas enquanto as palavras eram cuspidas em mim

— Fred está a sete palmos da terra, mas sei que ele está em um lugar muito melhor, pois é isso que acontece com pessoas que morrem como heróis, com pessoas que se sacrificam pelos outros. Pessoas como você vão para o inferno pois fogem de tudo. - ele deu mais um gole em uma garrafa e em seguida saiu correndo para o banheiro.

Aproveitei a ausência para chorar, deixei que toda a água caísse dos meus olhos, mas mesmo com uma dor eminente no peito decidi me explicar outro dia e ir ajuda-lo.

Segurei os seus cabelos enquanto ele vomitava no sanitário, ele não parecia agora nem estar consciente para saber quem estava ajudando. Coloquei ele no chuveiro gelado e ele resmungou, lavei os seus cabelos tentando não molhar minhas roupas enquanto ele se debatia querendo fugir do banho, ajudei-o a escovar os dentes.

Desci e pedi para Rony ajudar o outro Weasley a trocar de roupas e ele ficou impressionado ao saber que ele tomou banho.

Voltei para cima quando ele estava trocado, lhe obriguei a tomar uma garrafa de agua e com dificuldades pelo seu tamanho o ajudei a deitar na cama. Coloquei cobertores por cima dele e desliguei as luzes.

Mesmo chateada, chorando e sem magia comecei a jogar fora as garrafas de álcool, recolher todos os tipos de lixo, lavar as louças empilhadas, botar as roupas para lavar varrer e tirar pó dos móveis, jogar as bitucas de cigarro fora e passar um spray de cheiro de frutas para acabar com o cheiro ruim da casa, que já tinha diminuído com a limpeza.

A casa estava um brinco e eu exausta, da janela dava para perceber que era tarde da noite. Fiz um jantar com coisas que havia nos armários quase vencidos.

Servi um prato para mim como recompensa pela limpeza e desci falando para Rony jantar e tentar alimentar George.

Tomei um banho em casa e estava tão exausta que não tive tempo para remoer toda a história de Fred

Morto.

Apenas encostei a cabeça no travesseiro e dormi deixando para resolver amanhã.

💜📍

Demorei mas voltei, capítulo um pouco mais pesado hoje.

Votem e comentem se gostaram.

Um beijo e até breve!♡

Purple Love - George WeasleyOnde histórias criam vida. Descubra agora