Fumaça

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– Vai se foder, seu saco de bosta! Se a gente perder a casa porque tu é um merda, eu te mato antes que a bebida te mate, Frank! –  do seu quarto Ian conseguia ouvir Fiona, que estava na cozinha brigando com Frank.

No outro dia já poderia ver Mickey novamente.

Evitou as visitas pois havia recebido perguntas demais sobre aquelas idas ao juvie.

Encarava o teto do quarto quando Lip entrou, fechando a porta atrás de si.

– A Debbie tá chorando de novo por causa do Frank bêbado, lembra quando a gente era assim também? – Disse Lip já colocando um cigarro entre os lábios e o acendendo.

– É, acho que sim.

–  Nunca esqueço a cara que você fazia quando a Fiona que tinha que te buscar da aula e não a Monica, você vinha chorando até em casa! 

– Era foda...

Lip percebeu a indiferença do irmão, que mal avia lhe olhado quando entrou no quarto.

– É o Mick, né? Fiquei sabendo que logo logo ele sai.

– Mandy te contou?

– Foi sim.

– Pois é.

– E você não precisa ser tão fio assim comigo.

– Há meio ano atrás você tava querendo me tirar do armário a força e o Mickey te dava uma surra gigantesca por minha causa, e as duas coisas nem tinham a ver uma com a outra, não é como se hoje eu quisesse me abrir pra você.

Lip ficou pensativo sobre o que o irmão acabara de lhe contar. Não era apenas isso, era claro, mas poderia imaginar o que o irmão passava. 

– Você tem razão, eu consigo superar que você é gay, mas não o fato que você gosta do Mickey, as vezes meu maxilar ainda dói por causa daquela surra.

Após dois segundos de silêncio, ambos riram.

– Eu também não consigo superar isso, quero dizer, é foda gostar tanto de alguém que as conversas nunca passaram muito do "bom dia, vamos lá nos fundos", salvo raras exceções.

– Pelo menos quando a gente fala dele eu não tenho vontade de vomitar como eu tinha quando você falava sobre o Kash. – Disse Lip.

– É, eu também não sei o que deu na minha cabeça naquela época.

– É a juventude, os hormônios, você tava doido pra poder ficar com um cara e aparece um cara mais velho dando mole, é normal. O anormal era ele, predador do caralho. Quer um cigarro?

Ian foi até a cama de Lip e pegou um cigarro. Lip acendeu outro logo após seu próprio ter acabado. Começaram a fumar perto da janela para que o quarto não ficasse cheirando a fumaça.

– Realmente a sensação de estar com Mickey é diferente, é como se eu tivesse tomando uma injeção de adrenalina o tempo todo.

– Eu sei como é. – Lip realmente sabia, passava por algo semelhante, mesmo que não gostasse de admitir.

– É um sentimento que eu nem consigo descrever, é tão estranho, com ele eu esqueço que a gente mora numa casa de merda com pais de merda e vive uma vida de merda... 

– Liberdade – Lip disse, interrompendo-o.

– Uh? – Ian ficou confuso.

– O sentimento que você tem com ele, é liberdade.

– Será? Eu não me sinto livre em momento nenhum.

–Exceto quando está com ele.

Ian ficou pensativo.

– Não sei se os caras maus fazem meu tipo. – Disse, pensando.

– Ah, claro, são os mais velhos que fazem, né? Na próxima vá arrumar um namorado no asilo então em vez de ser na porta da cadeia.

– Ah, cale a boca! Não é bem assim... – Mas no fundo Ian sabia que era.

Assim como seus irmãos, Ian parecia atrair problemas por onde passava. Não bastasse ser pobre na região mais esquecida de Chicago, ele também era gay.

Como arrumaria um namorado de sua idade, com os mesmos planos de ir pra faculdade, servir ao exercito, ou algo parecido? Como levaria a um baile, como iria ao cinema, como levaria a um primeiro encontro em um restaurante legal? Pois mesmo que ficasse uma hora em um trem até o centro da cidade para irem a bares gays que os aceitassem, Ian não tinha dinheiro para ir a esses lugares, comprar roupas legais ou sequer um mimo. 

Ian soltou a fumaça que mal havia percebido que prendia.

Observou-a bater no teto e dissipar-se.

Queria ter aquela conversa com Mickey, contá-lo sobre tudo que fizera até aquele dia enquanto estava preso.

– Você vai buscar ele amanhã? – Perguntou Lip.

– Não sei,  a Mandy disse que não precisava de companhia, que não tem medo daquele bairro, não sei que outra desculpa dar e não tenho certeza que ele gostaria que eu fosse.

– Só vai, é claro que ele vai gostar.

– Eu não sei, nas últimas vezes que eu o visitei ele não estava muito contente em me ver.

– Pode ser que ele não goste, mas e daí? Mete o louco da mesma forma que ele meteu o louco todas as vezes que apareceu de surpresa na loja.

– Ian soltou a fumaça mais uma vez, assistindo a fumaça desaparecer no ar, mas dessa vez com um sorriso no rosto.

Liberdade era uma palavra que demoraria a passar da cabeça de Ian.

Continuou conversando com Lip mesmo após Carl entrar no quarto e tentar pegar um cigarro também, dois tapas no pescoço vindo de cada irmão mais velho o calou.

Liberdade. 

E no outro dia Mickey seria solto novamente. 

E não apenas Mickey poderia desfrutar da liberdade, mas Ian também.


* NOTAS FINAIS*

E aíiii, me digam o que acharam!

Mickey logo será solto, isso significa que já estamos  na segunda temporada da série!

Se quiserem spoiler dessa fase da nossa fic, é na segunda temporada em que eles passam mais tempo juntos... hihihi

Muito obrigada a quem leu até aqui, cada voto é importante pra gente! 

Até o próximo cap, gente! XOXO

Gallavich Before The StormOnde histórias criam vida. Descubra agora