"Elas" não são minha praia

Prefiro quando é loirinho

Sanji estava no meio de um encontro às cegas desastroso; a moça parecia totalmente desinteressada em si, enquanto o loiro se via nervoso e dando seu melhor para entreter a mesma, mas suas tentativas pareciam totalmente fúteis. A dama definitivamente não queria nada.

Sanji respeitou o desejo dela, pedindo apenas para comerem — já que os pedidos foram feitos e o loiro não iria desperdiçar comida — e logo após iriam embora.

Talvez tenha sido a pior escolha para amenizar a situação, visto que o clima na mesa era incômodo, sem diálogos ou interações.

O loiro mirou a dama em sua frente e flagrou um sorriso pequeno em seus lábios, enquanto suas bochechas estavam levemente rosadas, contudo, quem dera ele esse olhar tão encantador estivesse em si; olhando para a mesma direção que a moça, viu, não muito longe dali, um cara de cabelos verdes, pele morena e bonita, com um ar masculino e charmoso.

Ok, a noite de Sanji definitivamente acabou de piorar.

Ele tentou ignorar que sua companhia estava bem mais interessada num cara qualquer, e focou em seu prato, que não parecia mais tão delicioso.

Seu olhar, vez ou outra caía sobre a mulher em sua frente, e no homem bonito a metros dali, e a mesma se recusava a olhar para outro canto. Contudo, para sua surpresa, sentia o olhar do moreno em si. Sanji ficou confuso com sua constatação, afinal, qual seria a razão para o indivíduo olhar para si.

Olhou para o esverdeado mais uma vez, e sentiu que tinha toda sua atenção novamente. Que estranho.

O homem apoiou o queixo em sua mão e um sorriso se formou quando Sanji resolveu olhar mais uma vez. Certo, aquele estranho já estava olhando para si há um tempão, mas o loiro não fazia ideia do porquê.

Comeu desesperadamente, enquanto a mente trabalhava. Repetiu as mesmas ações de olhar a garota e logo após o moreno do outro lado. O loiro então concluiu que era uma provocação, dado que a situação era uma das mais cômicas: Sanji estava sentado, em um encontro — o pior de sua vida — com uma garota que não está dando a mínima para si, enquanto um cara aleatório, do outro lado do recinto, simplesmente fisgou a garota só com seu charme. Era mais que claro que Sanji estava sendo feito de chacota.

Sentiu-se triste e inseguro, então levantou-se dizendo:

— Com licença, eu volto já — Esperou uma resposta e tudo que recebeu foi um resmungo, e então saiu.

Foi até o banheiro tomar um ar e lavar o rosto. Sanji estava terrivelmente abalado por seu dia acabar tão mal, visto que, quando marcou o encontro, ficou radiante; ultimamente o loiro estava carente e queria muito uma companhia.

Lavou as mãos e logo após jogou água da cara várias vezes, secando logo em seguida. Quando olhou para o próprio reflexo no espelho, deparou-se com uma silhueta atrás de si e muito perto, e obviamente, tomou um susto.

— Olá loirinho, te assustei? — Era o cara de cabelos verdes.

Sanji não gostou de vê-lo ali, então apenas lhe encarou e lhe ignorou, dirigindo-se para saida do banheiro.

— Ei, calma aí — O moreno insistiu e segurou o ombro do loiro.

— Senhor, tem uma pessoa me esperando. Preciso ir.

— Qual é? Ela não tá nem aí para você! Sei que já percebeu.

Sanji estava certo, aquele cara estava debochando de si. Tinha total certeza naquele momento. Manteve-se calmo, e respondeu ríspido:

— Olhe... Já percebi tudo, ok? Pouco me importa se você está de olho nela, me deixe ao menos terminar o jantar e então você pode falar com ela.

O moreno arregalou os olhos levemente e logo em seguida riu.

— Você… É bem lerdo — O esverdeado disse.

Sanji franziu as sobrancelhas, confuso:

— Do que está falando?

— Oras, é óbvio que eu estava flertando com você!

Foi a vez do loiro de arregalar os olhos, ficando mudo. Não esperava de forma alguma aquela reviravolta.

— Não fique tão surpreso, eu dei todos os sinais, você só é lerdo demais — O moreno tentou esconder, mas Sanji conseguiu reparar que o mesmo estava acanhado.

Sanji achou aquilo tão… Fofo.

— B-bem, eu agradeço… — Sanji sentiu-se patético por só conseguir dizer aquilo.

Não esperava que um cara se interessasse por si. Se as moças já eram praticamente impossíveis, imagina os caras? O loiro estava muito surpreso.

— Não agradeça loirinho, eu tenho uma proposta!

Sanji ficou curioso.

— Qual?

O moreno sorriu e o loiro se viu pensando que era um sorriso muito bonito. Aquele cara era muito bonito! Concluir tais coisas era esquisito.

— Primeiramente, meu nome é Roronoa Zoro, estou encantado — Num ato totalmente clichê, o maior tomou a mão de Sanji e beijou-a. Sanji assistiu aquele gesto sentindo seu coração romântico e bobo bater mais forte.

— E-eu sou Vinsmoke Sanji — Colocou as madeixas loiras um pouco crescidas para trás da orelha. Estava envergonhado.

— Seu nome faz jus a sua beleza, Sanji.

Com uma pronúncia lenta, Zoro fez todos os pelos do corpo do loiro se arrepiarem ao chamar seu nome.

Merda, esse cara sabe flertar!

— Q-qual a proposta?

— Oh sim, pois bem… Percebi que o clima em seu encontro não é dos melhores, assim como aquela mulher, que estava flertando com outro bem embaixo do seu nariz!

Sanji suspirou, ficando triste novamente. Percebendo isso, Zoro tomou sua mão com delicadeza, trazendo o loiro para mais perto. Teve toda a atenção daqueles olhos azuis encantadores, o que deixou o esverdeado bem satisfeito. Agora, a expressão do outro, ao invés de triste, era curiosa e até envergonhada, deixando Zoro ainda mais contente.

— Então… Lhe convido a sentar-se comigo. Eu te darei a atenção necessária. Iremos conversar, comer e rir, e quando a noite acabar, eu te darei meu número e você vai decidir se quer me ver denovo.

O mesmo sussurrou enquanto encarava os olhos de Sanji e a cada palavra, o loiro sentia o ar lhe faltar nos pulmões; não sabia se era pelo abraço apertado que Zoro lhe dava, ou por seu coração ser mole demais. Não importava, estava mais que atraído.

— A única desvantagem é que eu vou tentar lhe deixar corado a todo momento, afinal… — Beijou a bochecha do loiro — Você fica adorável assim.

E Sanji corou.

Sim, ele queria muito ir, contudo, seria falta de educação deixar uma dama sozinha, não?

Disse exatamente isso, e Zoro respondeu:

— Ela não merece seus sentimentos, venha comigo assistir a cara engraçada que ela vai fazer!

Zoro afastou-se e caminhou até a porta do banheiro, virando-se apenas para estender a mão, esperando Sanji pegá-la como uma concordância.

E Sanji pegou-a.

E de fato, a cara da mulher foi uma das mais engraçadas quando, além de estar ao lado de Zoro, Sanji também sentou com o mesmo, fazendo a mulher levantar-se furiosa e sair do restaurante. O loiro assistiu aquilo preocupado, pensando se era o certo provocá-la, contudo quando ouviu a risada do moreno, toda preocupação se foi, dando espaço para um sentimento bom.

Sanji com toda certeza mandaria mensagem no dia seguinte.