Capítulo 1

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Corto a garganta do homem. O trabalho está terminado. Finalmente. Limpo o sangue nas mãos ao tecido do meu vestido preto. Saio do motel e dirijo-me ao hotel onde estou hospedada.

Entro no meu quarto e sento-me na a enorme cama. O meu relógio apita e então o holograma de homem de meia idade aparece. É um dos meus chefes, Sr. Stone.

- 285, como vai a missão?

- Está concluída Senhor.

- A sua eficácia é deveras impressionante, agente...- os seus olhos brilham de malicia - Com a sua beleza eu jurava que iria ser colocada no Esquadrão Rubi, como a sua irmã. - cerro o meu maxilar, com a menção da minha irmã - Mas agora vejo que estava enganado, a senhorita é mortífera...

- Obrigado, Sr. Stone.- digo entredentes - Quando voltarei para a Associação? - o homem sorri sombriamente.

- Esteja pronta amanhã ás cinco da manhã iremos recolhê-la.

Então o holograma desaparece. Atiro-me para a cama. Amanhã volto para o inferno. Hoje tenho de aproveitar. Pego no telefone do quarto e marco o número da receção.

- Boa noite Senhora, em que podemos ajudá-la?

- Uma pizza de atum e uma Coca-Cola, por favor. - coloco o telefone no suporte e sigo para a casa de banho.

Abro a torneira e encho a banheira de sais e de espuma. Alguém bate à porta. Deve ser o que eu pedi. Fecho a torneira. Vou até á porta e abro-a. Um rapaz loiro, com um uniforme verde-garrafa encara-me com um sorriso.

- Boa noite Senhorita. Sou o William, trago o que pediu. - ele olha para mim como se esperasse algo - Aham...Posso entrar? - eu desvio-me e ele entra com um carrinho - Aqui está o seu pedido. - ele destapa o prato.

Não resisto e ataco, dando uma grande mordida numa fatia. Os sabores inundam a minha boca. Solto um gemido de satisfação. Só então me lembro que não estou sozinha. O rapaz encara-me com diversão. Coro um pouco.

- Oh! Hm...- pego numa fatia, estendendo-a para ele - Quer uma?

- E-Eu realmente não devia...- ele diz, atrapalhado.

- Eu insisto! - digo e ele pega na fatia, dando uma pequena mordida. - eu sorrio quando ele fecha os olhos em apreciação - É divina, não é?

- Sim, obrigado senhorita.

- Queres fazer-me companhia? - eu pergunto e o rapaz cora fortemente.

- Eu estou comprometido, senhorita.

Inclino a cabeça sem entender.

- Comprometido?

- A senhora é absolutamente linda.... mas eu amo a minha namorada...não posso dormir com a senhorita. - ele balbucia.

Terror paralisa o meu corpo.

- D-dormir comigo?! - digo nervosa - Eu só queria alguém para conversar! E-Eu...- começo a hiperventilar - Nada de sexo...sexo é mau. - murmuro a última parte.

- Lamento, senhorita. Compreendi mal a situação. - ele diz sem se aperceber do meu pânico - Ainda quer alguém para conversar? - as palavras dele acalmam-me um pouco.

- Conversar, nada mais. - digo firmemente.

O rapaz cora e sorri envergonhado. Sento-me na cama e dou uma tapinha no colchão, indicando que ele se sente ao meu lado. Ele obedece, sentando-se a uma pequena distância. Quando acabo a minha fatia digo:

- Agora, fala-me sobre essa tua namorada...

- Oh! - o rapaz cora levemente - Ela chama-se Amber, é a mulher da minha vida. Ela é doce, linda e gentil, tudo o que um homem pode querer. Como quero casar-me com ela. Mas os anéis de noivado são demasiado caros...

- O que é um anel de noivado? - pergunto.

O rapaz encara-me como se eu fosse um bicho de sete cabeças. - O anel que se dá quando se quer pedir a alguém para casar? Como é que a senhora não sabe o que é um anel de noivado?!

- Eu...hm...bem...eu estava só a testar-te. – dou uma desculpa esfarrapada - Mas talvez possa ajudar-te com isso.

Vou até ao roupeiro e tiro de lá a caixinha preta, abrindo-a. Tiro os meus brincos e colar de diamante e troco-os pelos que estão na caixa, os que normalmente utilizo. Volto para o quarto e entrego a caixa a William. Ele abre-a e os seus olhos ficam arregalados.

- E-Eu não posso aceitar senhorita.

- Podes e vais, agora sai do meu quarto e vai comprar a coisa de noivado! Imediatamente! - levanto-me e puxo-o até á porta - Agora vai!

Abro a porta e empurro-o para o corredor. Mas ele pega na minha mão impedindo-me de fechar a porta.

- A senhora é uma verdadeira santa....Obrigado. - ele diz e então desata a correr pelo corredor.

Fecho a porta e sorrio tristemente. Aquela mulher tem tanta sorte. Uma vida normal, um emprego comum e um homem que a ama profundamente. Ela tem tudo o que eu desejo.

285 - Abdução de uma assassinaOnde histórias criam vida. Descubra agora