Capítulo 13

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    A consciência volta lentamente. Sinto-me nas nuvens. Nunca estive tão feliz. Mas as memórias voltam rapidamente e o meu coração aperta. Sinto a mão de Wre'can a acariciar as minhas costas. Dói só de pensar em deixá-lo...

- Minha Kysa...eu estava tão preocupado, estiveste inconsciente por mais de quarenta cronus.- ele diz suavemente.

Presumo que isso corresponda a quarenta minutos. O que me deixa com pouco tempo.

- Estou bem... não sei o que aconteceu... depois de tu...bem... - as minhas bochechas aqueceram - eu senti...foi muito bom, mas fiquei tão cansada... - tento disfarçar a dor na minha voz.

Ele leva a mão à minha intimidade.

- Penso que agora entendes, minha Kysa. - ele passa os dedos pelas minhas dobras - Tudo o que eu quero de ti é a tua felicidade. - ele circula aquele ponto - Não sou como os vossos machos que só se interessam pelo prazer deles mesmos...- arfo com as sensações que os dedos dele provocam em mim.

- Não é como se eu já tivesse estado com outro macho... - digo corando violentamente.

Ele cessa os movimentos e emite um som de felicidade. Tento voltar-me mas ele segura os meus quadris, impedindo-me.

- Será doloroso para ambos se te moveres minha Kysa. - ele sussurra ao meu ouvido.

Sinto que ele ainda está dentro de mim.

- Porquê?

- Os machos thurkkesianos incham dentro da fêmea depois do acasalamento. - ele diz suavemente.

- Por quanto tempo? - preocupação atinge-me.

Não tenho muito tempo.

- Na primeira vez entre companheiros de ligação, cerca de cinquenta cronus... para garantir que a fêmea carregue a prole do macho.

Pânico faz o meu coração acelerar.

- Eu posso estar grávida?!

- Não, minha Kysa... – suspiro de alívio - Tu estás definitivamente a carregar a minha prole. - terror apodera-se de mim.

- O quê?!- guincho.

- Começo a pensar que não desejas carregar a minha semente, minha Kysa...- ele disse meio brincando.

- Eu não posso estar grávida...não... eles vão...isto não pode estar a acontecer! - digo meio histérica.

A minha mente está em branco. Que raio eu faço agora? Silêncio desconfortável prolonga-se pela sala. Passados alguns minutos sinto-o a desinchar. Ele sai de dentro de mim, deixando-me com uma sensação de vazio.

- Irei providenciar pílulas para evitar que a minha semente se aloje no teu ventre.- a voz dele soa magoada.

Ele veste-se rapidamente e vira-se para sair.

- Wre'can, espera...- finalmente consigo dizer - não é isso, e-eu...eu quero ter um filho teu!- ele trava no beiral da porta- Mas...- ele vira-se.

- Mas o quê?- ele rosna

- E-eu só não estava à espera é tudo...- suspiro - ...mas agora que penso nisso, parece um sonho tornado realidade. - sorrio falsamente.

Isto vai complicar as coisas. Ele vem até mim, sorrindo e prensa-me contra o painel de controlo.

- Lamento, minha Kysa. - ele sussurra.

- Porquê?- perguntei confusa.

- Eu menti. Eu ia trazer vitaminas para que a minha semente crescesse forte no teu ventre...não para que ela morresse. - ele disse meio envergonhado.

Sorrio. Ele é adorável quando arrependido...

- Não faz mal.- digo suavemente.

Beijo-o apaixonadamente. Ele afasta-me de repente, rosnando.

- O que se passa?

- Nada, minha Kysa, nada. - ele diz friamente.

Estranho a reação dele. Por momentos um silêncio desconfortável preenche a sala. Então eu lembro-me: eles estão a chegar.

- Wre'can?

- Sim, minha Kysa?

- Podes devolver-me as minhas armas?

- Não precisas de armas! É meu dever proteger a minha Kysa! Sempre!- ele diz meio rugindo.

Mordo o lábio pensando num novo plano.

- Então e os meus brincos podes devolver-mos? Eles são muito valiosos para mim...- ele encara-me com uma expressão confusa – Tu sabes, aqueles pedaços de metal que eu trazia nas minhas orelhas...- vejo o corpo dele a tensionar.

- Isso eu posso providenciar. - ele diz seriamente - Não pode faltar nada à minha Kysa! - ele sai rapidamente da sala deixando-me confusa.

Ele acabou de ser sarcástico? Estranho. Mas agora não tenho tempo para pensar mais nisso... tenho que me concentrar em pôr o plano em ação. 

-- Aqui estão, minha Kysa. - Wre'can diz, entregando-me os brincos.

- Obrigada Wre'can...

Não quero deixá-lo nem traí-lo desta forma. Mas é para a sua segurança. Retiro o frasquinho contido no meu brinco abro-o e sopro parte do pó que ele contém para a face de Wre'can que me olha magoado. Espero que resulte...

Segundos depois os seus olhos começam a ficar nublados e ele desaba. Corro para o segurar e deito-o cuidadosamente no chão.

- Minha Kysa...porquê?- a voz dele soa arrastada.

- Sinto muito...- ele dá um rosnado baixinho - ...voltarei para ti, prometo. - ele luta para manter os olhos abertos - Só...espera por mim...- os olhos dele fecham - Amo-te, Wre'can... - ele finalmente apaga.

Beijo os lábios dele e levanto-me, limpando as lágrimas dos olhos.

Vou até ao porão e sopro o pó restante por cima das raparigas e dos thurkkesianos. Deve ser suficiente para os deixar inconscientes por duas horas.

Espero um pouco e começo a arrastar todos para a nave de Wre'can. Em meia hora acabo a tarefa, ofegante. Os malditos thurkkesianos são pesados como pedra! Tenho apenas meia hora para os tirar daqui...vai ser apertado...

Dirijo-me à sala de comandos da nave thurkkesiana. Demoro um tempo até perceber como funciona. Vejo que há uma rota definida para um planeta. Thurkkur.

Clico sobre ela. Uma contagem decrescente começa. Corro para fora da nave. A porta dela fecha-se atrás de mim. Corro pelos corredores até à sala de controlos. Quando lá chego vou diretamente ao painel de controlos e selo as portas do cais, abrindo o porão. Ativo a funcionalidade de transparência e vejo a nave thurkkesiana a descolar e a desaparecer de vista. Desabo. Ele foi-se...

Os alarmes soam novamente, mas desta vez sei quem é. A nave aterra. Foi por pouco...

Fecho o porão e inicio o processo de pressurização. As portas abrem-se sigo até ao porão de embarque. Quando lá chego encontro cerca de dez mulheres dos Esquadrões Esmeralda, Safira e Obsidiana.

- Agente 285! Como está?- a voz de Sr. Stone faz-me arrepiar - Tratou de tudo? - os olhos dele varrem o porão, aceno positivamente - Sabia que podia contar com a senhorita, 285! Sempre foi fiel à associação. Por isso em frente a estas testemunhas promovo-a a líder do Esquadrão Rubi! - ele sorri maldosamente.

As expressões das mulheres variam entre pena e choque. Não perco a postura.

- Agradeço a promoção Sr. Stone.

Ele olha para o relógio.

- A nave de reboque chegará dentro de pouco tempo. Está na hora de irmos! - ele exclama.

Embarcamos e descolamos. Nesse momento faço uma promessa silenciosa ao meu filho. Dentro de um mês estaremos nos braços do teu pai. Isto se ele ainda me quiser depois de tudo....

285 - Abdução de uma assassinaOnde histórias criam vida. Descubra agora