Capítulo 5

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Caminho silenciosamente, pelos cantos escuros da nave, até ao quinto homem, o maior de armadura prateada e derrubo-o. Antes que ele reaja posiciono a faca kroteana contra o pescoço dele. Ele rosna e tenta soltar-se.

- Mexe-te muito e degolas-te a ti próprio. As facas kroteanas são extremamente afiadas...ou pelo menos foi o que ouvi dizer...- ele imediatamente para de se mover.

Os outros robôs correm até nós circulando-me. O vermelho rosna e tenta aproximar-se.

- Mais um passo e o teu amigo já era... - sorri inocentemente.

- Ainda queres uma fêmea humana Saft'ir? - o amarelo pergunta ao verde.

Com a mão livre retiro a arma de choque do meu tornozelo direito e atiro contra o amarelo. Ele cai imediatamente no chão. Detesto engraçadinhos.

- Definitivamente. - Saft'ir murmura.

Olho para o robô amarelo, caído no chão. Ele não está morto, acho. Talvez lhe tenha queimado alguns fusíveis. Provavelmente ficará inconsciente durante um bom tempo. O suficiente para eu abrir a escotilha e os mandar de volta para o espaço, mas desta vez, fora da nave. Sorrio com a ideia.

- Calma, fêmea humana. Estamos aqui para te ajudar. Onde estão as outras fêmeas? - o robô azul pergunta cautelosamente.

- Achas mesmo que eu te diria? - debocho.

O alienisna vermelho tenta avançar contra mim. Disparo contra os três. O que eu seguro rosna.

- Parece que somos só nós agora, amigo...- ele emite uma espécie de rosnado raivoso - Ora! Não é assim que se trata uma senhora! Se bem que de senhora eu não tenho muito...Mas isso não importa! - suspiro - Sabes que mais? Hoje já tirei demasiadas vidas...não quero matar mais nada. Vou dar-te duas hipóteses: um, rendes-te, pegas nos teus amigos robôs, mete-los na nave e voltam para de onde vieram, ou dois, tu lutas, eu mato-te e ejeto os outros aliens para o espaço, ainda vivos. Qual vai ser? - ele não responde - O gato comeu-te a língua, foi isso? - ele rosna novamente e, de alguma maneira, agarra na faca que eu seguro, atirando-a para longe.

Ele rapidamente inverte as nossas posições e prensa-me contra o chão, segurando as minhas mão em cima da minha cabeça e usando o peso do seu corpo, sob as minhas costas, para me impedir de mover.

- Escuta bem humana! - a voz sai gutural - Esta é a tua última oportunidade, nós desviamo-nos da rota pra vos auxiliar. O meu povo não magoa fêmeas, mas farei uma exceção se tentares magoar a minha tripulação. Estamos entendidos? - aceno com dificuldade - Vou soltar-te então.

Ele sai, lentamente, de cima de mim. Eu sinto a minha intimidade a latejar. Que sensação mais estranha.... Concentra-te 228!

Coloco o meu peso sob os meu joelho esquerdo e desenho um círculo no chão, com a minha perna livre, fazendo-o perder o equilíbrio. Ele cambaleia e cai de costas com um estrondo.

Corro até ao painel que abre o porão. Mas antes que lá consiga chegar, algo me atinge por trás. O impacto faz-me embater de lado contra a parede. Uma dor intensa percorre o meu corpo. A minha visão está turva. Quase não consigo respirar. A dor é intensifica a cada instante. Algo quente e húmido escorre pelo meu nariz e boca. Sangue, de certeza.

Tento mover o braço direito, mas percebo de imediato que está partido. A dor aumenta a cada segundo. Com a mão esquerda tiro o pequeno explosivo kroteano, que escondi no meu soutien. Preciso que ele se aproxime.

- É tudo o que tens? - a minha voz sai num fio, junto com imenso sangue e uma forte onda de dor.

Ele rosna e aproxima-se.

- Olha o que me fizeste fazer humana...- a voz dele sai rouca e baixa.

Sinto com nota de arrependimento, talvez?

- Vem aqui ...- tusso um pouco ao pronunciar esta palavras.

Ele rosna alto e ajoelha-se ao meu lado. Perto o suficiente. Agora tenho de o distrair. Sorrio para ele.

- Mais perto gatinho, eu não mordo. Não conseguiria mesmo se quisesse. - tusso novamente sentindo-me ofegante.

O alien aproxima-se, tirando o que eu achava ser a sua cabeça. Choque atinge-me ao analisar as feições dele. 

Ele é a pessoa, uh, criatura mais atraente que eu já vi. Os cabelos prateados que caem até ao peitoral, as feições que embora humanoides apresentam alguns traços animalescos, as pequenas presas que emolduram os seus lábios carnudos, a cicatriz que lhe atravessa a sobrancelha, tudo nele grita viril. Mesmo os estranhos olhos prateados, quase parecem com os de um gato, são extremamente hipnotizantes. Sorrio maliciosamente. Nada mau para última memória.

- Gatinho inocente...- digo e retiro a trava de segurança.

Fecho os olhos e espero a explosão. Ela não acontece. Em vez disso um rosnado e o barulho de algo a ser esmagado enchem o ar. Abro os olhos. A face dele está contorcida de raiva. Um cheiro agradável atinge o meu nariz. Ele rosna guturalmente:

- Minha!

Tento afastar-me dele mas a dor torna-se lancinante. Pontos pretos dançam à frente dos meus olhos.

- Vai ficar tudo bem minha Kysa ... - oiço a voz rouca do alienígena antes de apagar.

285 - Abdução de uma assassinaOnde histórias criam vida. Descubra agora