Capítulo bónus 1 (Wre'can POV)

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Ela está imóvel. Pálida. Deitada na maca do centro médico da minha nave. Os seus cabelos negros realçam a sua pele tão clara que quase nem se distingue das paredes da sala.

O meu maior desejo é que aqueles olhos da cor da estrela-mãe se abram, mesmo que ela grite comigo por ser um mau companheiro e magoá-la. Só quero que ela acorde. Nada mais interessa.

O robô do centro médico trabalha no corpo dela pelo que parecem milhares de cronos. Verifico o painel do centro médico. Rosno. Ainda sem relatórios sobre o estado da minha Kysa. Estou à beira da loucura.

Entre os meus cônsules apenas Ka'arg e Saft'ir, acordaram. Enviei-os à procura das restantes fêmeas. O nosso computador detetou vinte formas de vida a bordo. Humanos. Todas fêmeas. A nossa fera obriga-nos a ajudar sempre uma fêmea em apuros. As fêmeas thurkkesianas são raras. Espero que estas fêmeas possam ajudar a salvar a minha espécie.

- Wre'can, tens de ver isto...- a voz de Saft'ir tira-me dos meus pensamentos.

Levanto-me e sigo-o. Atravessamos o porão de embarque e entramos num corredor estreito. Bufo irritado, encarando a cabeleira verde do macho.

- Encontraste as fêmeas? - pergunto irritado com tanto mistério.

- Não, mas encontrei isto... - ele desvia-se dando-me uma visão de todo o corredor.

Dezenas de corpos de Krots jazem no chão, sangue escuro está salpicado nas paredes e no teto. O cheiro é insuportável, fazendo-me contorcer o nariz.

- Uma verdadeira chacina... - digo atordoado pelo cenário.

- Meu Khosur, achas a tua companheira fez isto?- ele pergunta pasmado.

- Pela forma como ela lutou contra nós tenho a certeza absoluta que sim... - respondo.

- Mas os relatórios dizem que os humanos são fracos e incapazes de lutar! - ele abre novamente o holograma sobre os humanos.

- Penso que ela seja uma exceção...

- Ela fez um ótimo trabalho...o cheiro destas criaturas impede as nossas feras de sentir o cheiro de qualquer outra coisa. Além disso o material desta nave confunde os nossos scâneres. É impossível encontrar as humanas.

- Ei Wre'can! A nossa Kysa fez uma verdadeira matança! - oiço a voz de Ka'arg atrás de nós.

- Vou verificar como estão Grow'anr e Melb'on. – Saft'ir diz verificando o seu aparelho de controlo – Os conhecimentos médicos de Melb'on seriam uteis, neste momento. – rosno concordando.

Saft'ir afasta-se de mim e de Ka'arg.

- Devias descansar um pouco. Pareces ter sido atingido por um Liat. - Ka'arg diz quando Melb'on desaparece do campo de visão - O macho mais poderoso de Thurkkur não deve ter esse aspeto... – rosno com as palavras dele.

- A minha companheira, a minha Kysa, está no centro médico por minha causa! Descansarei quando ela acordar!

- Com esse aspeto ela acorda e morre de susto de imediato! - ele diz, provocando-me.

Como ousa ele falar da morte da Kysa?! Ainda mais quando ela está no centro médico! Sinto a minha fera a rasgar. Ela assume o controlo. Rosno para Ka'arg, que se encolhe e baixa a cabeça em submissão.

- Wre'can...foi só uma brincadeira... - rosno mais alto - ...lamento meu Khosur. - desta vez a minha fera acalma-se e eu reassumo o controlo.

- Está tudo bem, tens razão, eu preciso de descansar, a minha fera está muito próxima da superfície. - suspiro derrotado - Avisa-me se algo se alterar com a minha companheira.

Ka'arg rosna em concordância. Viro-me para sair mas ele interrompe-me.

- Vais contar-lhe o que és? O que ela é para o nosso povo?

- Ela saberá que é a minha Kysa, mas apenas descobrirá o que isso significa quando chegarmos a Thurkkur.

Ele acena seriamente. Então eu saio, sentindo culpa a pesar nos meus ombros. Não conseguirei perdoar-me se algo acontecer com a minha companheira...

285 - Abdução de uma assassinaOnde histórias criam vida. Descubra agora