Capítulo 4

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- Aqui é enfermaria. Há médicos na sala? - pergunto e Carla ri, deixando-me confusa.

Uma rapariga com traços latinos levanta-se.

- Eu chamo-me Camila sou...era enfermeira em Cuba. - a pronúncia dela confirma-o.

- Eu era veterinária, mas posso, cuidar de lesões se não forem muito graves...- Mayra murmura, levemente vermelha.

- Cuidem das mulheres feridas. - ela acena e eu puxo-as à parte - Conversem com elas...tentem perceber se há possibilidade de alguma tentar fazer o mesmo que a Sophia... - elas acenam novamente.

Afasto-me delas. Saio discretamente e vou até à sala de controlo. Mas travo ao ouvir passos. Deixei algum Krot por matar? Encosto-me numa curva do corredor e espero. Um vulto surge. Puxo-o e empurro-o contra a parede colocando a faca kroteana contra a sua garganta. Mas não é um Krot. É uma humana. Afasto-me e guardo a faca.

- Porque raio me seguiste Gemma? - olho em redor, suspiro de alívio quando não vejo sangue nem cadáveres.

- Eu ... eu queria...- ela balbucia.

- Volta para trás, o cenário é horrível a partir daqui. - digo autoritariamente.

- Não! Eu aguento! - ela cruza os braços decidida.

Suspiro e avanço. Posso ouvir a respiração dela a ficar mais pesada a cada corpo que passamos. Cerro os dentes, sentindo-me nervosa, mas nunca olho para trás, continuando a caminhar. Quando chegamos à sala de controlo, viro-me para ela.

- É melhor ficares aqui. - digo tentando controlar os meus nervos.

- Não! Eu aguento! - ela insiste.

- Não foi um pedido. Ficas aqui. - ela encolhe-se.

Entro e encosto a porta. Olho para a cena. Três dos quatro Krots estão no chão, com uma poça negra à volta deles. Mas o outro...os seus membros estão caídos no chão. O seu corpo mole na cadeira. O seu abdómen aberto com parte dos órgãos a escorrer para a cadeira.

Mas o mais perturbador era o ar de horror na face daquele krot... que não deixa dúvida de que ele tinha sentido tudo. Aquilo é a prova que um monstro passou por ali. Que eu passei por ali.

Vou até ao painel e desligo os motores, o sinal de socorro é imediatamente ativado. O meu coração aperta. Qualquer um pode recebê-lo, mas esta é a nossa melhor hipótese.... Duvido que a Associação consiga chegar a tempo. Talvez sejamos encontradas por aliens honrados...

Um suspiro de horror tira-me dos meus pensamentos. Olho para trás, Gemma olha para o cómodo com horror.

- Gemma, eu avisei-te...- ela olha para mim com os olhos vidrados.

- Ele mereceu? - desvio o olhar - O que é que eu estou a perguntar? Claro que mereceu estes aliens nojentos raptaram-nos sabe-se lá para quê! Sabes uma coisa? - aceno negativamente - Eles ainda são mais nojentos por dentro! - ela faz uma careta engraçada, fazendo-me rir - A sério não achei que podia ficar pior, mas isto...- ela gesticula para o krot esventrado -... isto faz-me querer arrancar os olhos e vomitar ao mesmo tempo.

Desta vez rimos juntas.

- Vamos? - Gemma pergunta.

- Vamos.

Assim que saímos da sala de controlo os alarmes disparam. Isto só pode significar uma de duas coisas: ou a ajuda chegou ou estamos fritas.

Puxo a Gemma de volta para a sala.

- Ouve preciso que seles todas as portas exceto a do porão. O sistema dos krots é simples...

- Krots? - ela questiona.

Merda! Meti água...

- Explico depois...prometo. Não abras a porta a não ser que...

- Batas três vezes no metal, eu sei!

- No caso de eu não voltar...- tirei o meu colar, entregando-lho - sopra o pó que está aqui sobre qualquer um que entre. - ela aceita hesitante.

- Mas vais voltar, certo? - faço um esgar.

- Se eu não sobreviver eles também não o farão. Não abras a porta a não ser que ouças o sinal.

Saio e oiço a porta a trancar-se atrás de mim. Sigo na direção do porão. Agora é rezar para que eles sejam aliados...

Chego ao porão de embarque rapidamente. Agacho-me e observo. Cinco alienisnas enormes. Quatro deles estão reunidos do lado esquerdos do porão, o outro encontra-se perto da nave de costas. Eles são enormes e assemelham-se a robôs. São todos de cores diferentes, mas carregam todos os mesmos estranhos padrões brancos. As feições deles são simples, tendo apenas um círculo branco onde deveria estar a boca. Nunca vi ou ouvi falar desta espécie de alienígenas. Parecem realmente fascinantes.... Concentra-te, 228!

Retiro a faca kroteana da liga que tenho na coxa. Aproximo-me dos quatro homens pelas sombras, de forma a que possa ouvi-los. É um tiro no escuro mas talvez o tradutor que os idiotas dos krots inseriram no meu ouvido tenha o dialeto deles.

- Este dialeto é estranho...

Eles falam a minha língua?!

- Sim é muito suave...- disse o azul.

- Será que os humanos são compatíveis? - o amarelo pergunta.

- Não sei mas pelos registos que temos, as fêmeas são adoráveis. Quero uma para mim...- o verde diz.

- Se o capitão te ouve a dizer isso arranca-te a pele, Saft'ir- o amarelo diz sorrindo.

- Ele quer é ficar com todas isso é que é, Ka'arg! - o alienisna vermelho, pronuncia-se – Reza para que ele deixe algumas intactas para nós!

Eles continuaram a falar. Mas eu ouvi o suficiente: eles querem-nos como escravas sexuais. Tenho que os eliminar, antes que eles encontrem as mulheres.

285 - Abdução de uma assassinaOnde histórias criam vida. Descubra agora