"Eu nunca confio em um narcisista, mas eles me amam, então, eu os manipulo como um violino. Faço parecer tão fácil, porque para cada mentira que conto a eles, eles me contam três. É assim que o mundo funciona e agora, ela só pensa em mim."
Naquele dia, Charles não pegou a Pole Position. As juntas dos dedos com os nós estourados dificultaram no agarre ao volante, qualquer movimento um pouco mais brusco o fazia choramingar de dor. Ele não costumava bater em muitas pessoas — na verdade, era apenas a segunda ocasião, mesma pessoa, que o fazia na vida — para que suas mãos fossem calejadas contra a sensação. Muito pelo contrário, a primeira posição havia sido conquistada por Checo Perez, o mexicano do grid, seguido de Max Verstappen, Fernando Alonso e Yuki Tsunoda. Ele largaria na sexta posição, com Carlos Sainz ao seu encalço. Até então, nada poderia correr mais como o esperado.
Durante a qualificação, um problema na aerodinâmica do carro de Pierre o desclassificou do Q1, praticamente arremessando o carro em cima do de Charles, o que garantiu a ele um atraso na minutagem da prova. Não culparia o amigo, longe disso, estava ciente que o veículo da Alpine não conseguia se adaptar muito bem com os pneus de chuva, e a programação para o final de semana em Suzuka era de muita tempestade durante todas as etapas do Grande Prêmio Japonês.
O clima no box havia piorado em níveis estratosféricos, os burburinhos já estavam correndo pelo paddock e o incidente entre os dois pilotos da Ferrari abafado com certo sucesso. Carlos não se encontrou com Charles depois do ocorrido, e nem mesmo desejava o fazer, culpou a si por não revidar os primeiros golpes, mas sua mente estava tão dúbia que sequer pensou na hipótese de usar os punhos também. Agora suas mãos coçavam para devolver o que havia recebido do monegasco.
Na cerimônia para a entrega do pneu do menor tempo, enquanto Checo era fotografado ao longe, Charles esbarrava o ombro em Carlos enquanto ajeitava os protetores auriculares, tirando de centro o espanhol que retirava a balaclava do rosto. Foi necessário muito autocontrole para que Sainz não enlouquecesse ali mesmo e enchesse o monegasco de socos e pontapés. Deus sabia da vontade dele de fazer aquilo desde o ocorrido na garagem.
Entregaram a ele as pulseiras e os anéis no caminho para o trailer de número dezesseis, Sebastian estaria o aguardando em seu sofá, juntamente com Lewis e Pierre, mas sua trajetória fora interrompida por uma cabeleira cheia e brilhante, repleta de fios escuros. Laura.
— Tem alguns minutos, Charles? — Questionou com o microfone em mãos, seguida por uma das câmeras cinematográficas. Ela estava trabalhando novamente, afinal.
Embora não houvesse respondido com palavras, o moreno se resumiu em anuir com a cabeça, retirando as luvas das mãos e revelando os curativos que a mesma havia feito minutos antes de entrar em seu carro. A lente da câmera, por ordem de Laura, permaneceu suspensa para cortar aquele momento e em seguida os badulaques de Charles já estavam de volta em seus pulsos.
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After Hours| Sainz & Leclerc.
RomanceTRULY LIES; LIVRO 1. "Feche seus olhos, respire fundo, esqueça o dilema, não existe um problema que não seja dito em voz alta. Angele voltava essa ideia a cabeça toda vez que pensava em discutir com seu namorado, o verdadeiro. Ela o amava, tinha pl...