— Nossa! — Ele sorriu, desviando seus olhos de mim.
— O que foi?
— Suas reações! Você parecia tão curiosa para saber da minha vida naquele dia e finalmente, quando falei tudo, você apenas diz "ata" "por quê?" "Compreendo".
— Acho que o mimado aqui é você — Sorri.
Ele olha para mim sorrindo e me dá um leve empurrão no meu ombro, e eu devolvo um empurrão mais forte enquanto sorrimos da brincadeira.
— Amiga, que decepção de roupas são essas! — Exclama Roselie, triste, olhando o guarda-roupa de Alora.
— Alora, você tem algum vestido? — Pergunto, à procura de algum no meio daquelas roupas.
— Meus vestidos ficaram todos no palácio — Diz Alora.
— E agora? — Roselie se joga na cama.
Pego uma calça preta jeans justa, um pouco aberta no final, com um suéter branco de mangas longas e detalhes de crochê, e calço o meu tênis branco básico, que àquela altura estava mais para marrom.
— É... dá pra sobreviver — Roselie examina meu look.
[...]
— Será que o ataque já passou? — Pergunto a Atlas enquanto tomamos café da manhã.
Quando ele vai responder, é interrompido.
— Bom dia pessoal, que a paz de Eloim reine em vocês! — Um homem alto de pele escura, vestindo uma roupa social simples, aparece.
— Pai - Alora o abraça.
— Bom dia, senhor Ferri — Falamos em uníssono.
— Pessoal, queria pedir um favor a vocês.
— Pode pedir, senhor Ferri — Atlas fala.
— Como vocês sabem, aqui na vila trabalhamos com o ferro e utensílios. Mas também investimos nas geléias de morango. Eu não encontrei ninguém para fazer a colheita de hoje, e as geléias já foram praticamente todas vendidas. Vocês poderiam ir colher alguns morangos? Eu poderia fazer isso, mas vou para a cidade hoje. Prometo recompensá-los! — A voz daquele homem era educada.
— Pode deixar com a gente — Afirma Atlas.
A plantação estava vermelha de tantos morangos.
— Minhas costas estão doendo — Roselie reclama, colocando as mãos nas costas.
Como os pés de morango não eram altos, pelo contrário, eram baixos, era impossível as costas não doerem.
— Pensa na geléia de graça que vamos receber, Rose! — Alora tenta motivá-la.
Minha sexta já estava tomada de morangos. Eles eram grandes e vermelhos.
— Parecem perfeitos para a geléia — Atlas aparece do meu lado.
— Verdade! — Digo meio baixo.
— Você está bem?
Pensei um pouco.
— Eu só estou com saudade da minha mãe — Afirmo.
— Eu sei como é.
— Será quantos dias passou lá no outro mundo? — Indago, colhendo mais morangos.
— Eu não sei. O tempo aqui é diferente. Talvez tenha se passado horas, dias, meses até anos — Fala Atlas.
— Isso é assustador! — Exclamo.
Escutamos um barulho parecido com trovões, olhamos para o céu e vemos nuvens escuras misturadas com tons de verde escuro se aproximando.
— Corre — Atlas grita, fitando o céu.
Alora pega os morangos e os joga dentro de uma cabine de madeira e traca a porta, saindo correndo em nossa direção.
— Temos que ir agora! — Sua voz sai trêmula.
— O que é isso? — Fico paralisada, olhando para as nuvens, até que sinto Atlas me puxar pelo braço.
— É chuva tóxica, Orly, temos que correr — Explica ele.
E começamos a correr o mais rápido possível. Mas a casa estava tão longe. Nossa sorte é que aquele terreno era plano.
Entramos num matagal de milho que parecia um labirinto, nos cobrindo por inteiro. Era longo e nos impedia de correr rápido.
Conseguimos nos livrar daquele labirinto.
Até que começamos a ouvir a chuva caindo, nossos olhos estavam arregalados, as faces tensas, e a casa estava logo à frente.
"Falta pouco, continua correndo", dizia para mim mesma.
Conseguimos entrar antes da chuva nos alcançar. Mas Atlas pisa em um buraco na frente da casa e cai. Vemos as gotas caírem em suas costas e buracos se abrirem em suas roupas, seguidos de fumaças curtas.
— Atlas — Gritamos.
Mas ele faz cara de dor por causa das queimaduras.
— Levanta — Grito, sem poder ir até ele.
Ele tenta, mas a pele de suas costas sangra e se abre quando as gotas caem. Não consigo vê-lo assim, e não me importo de ganhar uma queimadura, talvez de terceiro grau, e corro até ele, o puxando pelo braço e o colocando de pé. Sinto aquelas gotas caindo pelo meu corpo. A sensação é como se todo o meu corpo estivesse em chamas. Junto as forças e arrasto Atlas para dentro, e os outros me ajudam a sustentá-lo para dentro.
— Orly - Atlas força seus olhos para olhar para mim. Sua voz é baixa, e seu corpo treme de dor.
Olho para ele antes de uma escuridão tomar conta da minha vista e sinto meu corpo caindo com força no chão.
— Ela está acordando — Uma voz familiar diz.
Tudo em mim dói. Meus olhos parecem que estão inchados, e há curativos por todo o meu corpo.
— O que aconteceu? — Minha voz sai fraca.
— A chuva atingiu você e Atlas. Mas vocês estão fora de risco. O médico do palácio veio aqui e os medicou — Asahi explica.
Quando olho para o lado, Atlas está sentado na cama e também está com curativos por todo o corpo. ele olhava para mim com um olhar profundo.
— Você está bem, Orly?
— Acho que sim — Faço esforço para sentar na cama.
— Obrigado! — Ele agradece.
— Estava te devendo essa — Fito seus olhos.
Ele desvia o olhar com um sorriso no rosto.
— Voltem a descansar. As queimaduras vão desaparecer daqui algumas horas — Afirma Asahi.
— Mas como queimaduras vão sarar assim tão rápido? — Indago.
— As queimaduras da chuva tóxica não duram muito tempo, apenas doem por algumas horas — Responde Atlas.
— Ah, tá — Observo os curativos.
As palavras deles foram fiéis; realmente, depois de um descanso de três longas horas, as feridas já haviam desaparecido.
— Como vocês ficaram pouco tempo na chuva, não vai haver cicatrizes — Afirma o médico.
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Orly e o Reino Secreto (Concluído)
RomanceUm Reino que é governado por um Rei imortal chamado Eloim. Mendaz um servo rebelde tenta roubar Kadosh o livro que é responsável por manter a paz do reino. Mendaz engana metade dos servos de Eloim, mas o Rei descobre seu plano, e Mendaz e seus cúmpl...