Capítulo 7

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— Nossa! — Ele sorriu, desviando seus olhos de mim.

— O que foi?

— Suas reações! Você parecia tão curiosa para saber da minha vida naquele dia e finalmente, quando falei tudo, você apenas diz "ata" "por quê?" "Compreendo".

— Acho que o mimado aqui é você — Sorri.

Ele olha para mim sorrindo e me dá um leve empurrão no meu ombro, e eu devolvo um empurrão mais forte enquanto sorrimos da brincadeira.

— Amiga, que decepção de roupas são essas! — Exclama Roselie, triste, olhando o guarda-roupa de Alora.

— Alora, você tem algum vestido? — Pergunto, à procura de algum no meio daquelas roupas.

— Meus vestidos ficaram todos no palácio — Diz Alora.

— E agora? — Roselie se joga na cama.

Pego uma calça preta jeans justa, um pouco aberta no final, com um suéter branco de mangas longas e detalhes de crochê, e calço o meu tênis branco básico, que àquela altura estava mais para marrom.

— É... dá pra sobreviver — Roselie examina meu look.

[...]

— Será que o ataque já passou? — Pergunto a Atlas enquanto tomamos café da manhã.

Quando ele vai responder, é interrompido.

— Bom dia pessoal, que a paz de Eloim reine em vocês! — Um homem alto de pele escura, vestindo uma roupa social simples, aparece.

— Pai - Alora o abraça.

— Bom dia, senhor Ferri — Falamos em uníssono.

— Pessoal, queria pedir um favor a vocês.

— Pode pedir, senhor Ferri — Atlas fala.

— Como vocês sabem, aqui na vila trabalhamos com o ferro e utensílios. Mas também investimos nas geléias de morango. Eu não encontrei ninguém para fazer a colheita de hoje, e as geléias já foram praticamente todas vendidas. Vocês poderiam ir colher alguns morangos? Eu poderia fazer isso, mas vou para a cidade hoje. Prometo recompensá-los! — A voz daquele homem era educada.

— Pode deixar com a gente — Afirma Atlas.

A plantação estava vermelha de tantos morangos.

— Minhas costas estão doendo — Roselie reclama, colocando as mãos nas costas.

Como os pés de morango não eram altos, pelo contrário, eram baixos, era impossível as costas não doerem.

— Pensa na geléia de graça que vamos receber, Rose! — Alora tenta motivá-la.

Minha sexta já estava tomada de morangos. Eles eram grandes e vermelhos.

— Parecem perfeitos para a geléia — Atlas aparece do meu lado.

— Verdade! — Digo meio baixo.

— Você está bem?

Pensei um pouco.

— Eu só estou com saudade da minha mãe — Afirmo.

— Eu sei como é.

— Será quantos dias passou lá no outro mundo? — Indago, colhendo mais morangos.

— Eu não sei. O tempo aqui é diferente. Talvez tenha se passado horas, dias, meses até anos — Fala Atlas.

— Isso é assustador! — Exclamo.

Escutamos um barulho parecido com trovões, olhamos para o céu e vemos nuvens escuras misturadas com tons de verde escuro se aproximando.

— Corre — Atlas grita, fitando o céu.

Alora pega os morangos e os joga dentro de uma cabine de madeira e traca a porta, saindo correndo em nossa direção.

— Temos que ir agora! — Sua voz sai trêmula.

— O que é isso? — Fico paralisada, olhando para as nuvens, até que sinto Atlas me puxar pelo braço.

— É chuva tóxica, Orly, temos que correr — Explica ele.

E começamos a correr o mais rápido possível. Mas a casa estava tão longe. Nossa sorte é que aquele terreno era plano.

Entramos num matagal de milho que parecia um labirinto, nos cobrindo por inteiro. Era longo e nos impedia de correr rápido.

Conseguimos nos livrar daquele labirinto.

Até que começamos a ouvir a chuva caindo, nossos olhos estavam arregalados, as faces tensas, e a casa estava logo à frente.

"Falta pouco, continua correndo", dizia para mim mesma.

Conseguimos entrar antes da chuva nos alcançar. Mas Atlas pisa em um buraco na frente da casa e cai. Vemos as gotas caírem em suas costas e buracos se abrirem em suas roupas, seguidos de fumaças curtas.

— Atlas — Gritamos.

Mas ele faz cara de dor por causa das queimaduras.

— Levanta — Grito, sem poder ir até ele.

Ele tenta, mas a pele de suas costas sangra e se abre quando as gotas caem. Não consigo vê-lo assim, e não me importo de ganhar uma queimadura, talvez de terceiro grau, e corro até ele, o puxando pelo braço e o colocando de pé. Sinto aquelas gotas caindo pelo meu corpo. A sensação é como se todo o meu corpo estivesse em chamas. Junto as forças e arrasto Atlas para dentro, e os outros me ajudam a sustentá-lo para dentro.

— Orly - Atlas força seus olhos para olhar para mim. Sua voz é baixa, e seu corpo treme de dor.

Olho para ele antes de uma escuridão tomar conta da minha vista e sinto meu corpo caindo com força no chão.

— Ela está acordando — Uma voz familiar diz.

Tudo em mim dói. Meus olhos parecem que estão inchados, e há curativos por todo o meu corpo.

— O que aconteceu? — Minha voz sai fraca.

— A chuva atingiu você e Atlas. Mas vocês estão fora de risco. O médico do palácio veio aqui e os medicou — Asahi explica.

Quando olho para o lado, Atlas está sentado na cama e também está com curativos por todo o corpo. ele olhava para mim com um olhar profundo.

— Você está bem, Orly?

— Acho que sim — Faço esforço para sentar na cama.

— Obrigado! — Ele agradece.

— Estava te devendo essa — Fito seus olhos.

Ele desvia o olhar com um sorriso no rosto.

— Voltem a descansar. As queimaduras vão desaparecer daqui algumas horas — Afirma Asahi.

— Mas como queimaduras vão sarar assim tão rápido? — Indago.

— As queimaduras da chuva tóxica não duram muito tempo, apenas doem por algumas horas — Responde Atlas.

— Ah, tá — Observo os curativos.

As palavras deles foram fiéis; realmente, depois de um descanso de três longas horas, as feridas já haviam desaparecido.

— Como vocês ficaram pouco tempo na chuva, não vai haver cicatrizes — Afirma o médico.

Orly e o Reino Secreto (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora