📞🍄 Uma Ligação 🍄📞

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Oliver

— Como foi? — Perguntei ao pequenino e ele balançou o bracinho e fez joinha para mim. — Ela gostou mesmo?

— Eu já falei para você ser mais simpático. Nossa, vocês humanos são tão estranhos. — Cruzou os braços sobre o peito.

— Mas, Irv, se eu gaguejar? Sabe que eu sempre faço isso quando estou nervoso. — Apoiei a minha testa no batente da janela e olhei para as criaturas mágicas voando e caminhando no meu jardim.

Essa era uma das poucas colônias de fadas que tinha sobrado e a minha família protegia esses lugares a séculos de gerações. Todos nós éramos capazes de ver as criaturas após o treinamento, o pólen das fadas tinha esse efeito e depois cada um descobria se tinha uma habilidade especial.

Eu era do tipo de ouvir e entender o que elas diziam. E muitas vezes eu preferia que não.

— É por isso que todas as mulheres te acham entediante. Você não fala nada e já até espantou ótimas companhias, sabe como é difícil encontrar uma pessoa com uma aura genuinamente pura hoje em dia?

— É... eu sei. E tipo... Ela tá aqui do ladinho. — Ajeitei o seu chapéu de cogumelo, depois passei o dedo ao longo das suas asinhas dobradas. O Irv poderia ter aparência de uma pré adolescente, mas ele era fofo com uma criança, ranzinza como um velho e bastante maduro como um adulto de quarenta anos. Não dava para saber ao certo quantos anos ele tinha, mas fora a princesa Rudbéquia, ele poderia ser o mais velho dessa região inteira.

Inclusive falou que me fez comer muito pólen e néctar para que desenvolvesse bem a minha habilidade auditiva.

— Eu mandei um espírito de vento para ficar junto da suculenta vazia. Se ela for uma má pessoa, ou alguém perigosa, iremos saber.

— Oh, bem, obrigado por isso. — Suspirei aliviado. O que eu mais temia era colocar o jardim em perigo. Minha função era guardar esse lugar e preservar todos os corredores naturais que salvamos do desmatamento.

O pessoal usava muito agrotóxicos e isso fazia um mal danado as fadas. Depois que meus pais assumiram as responsabilidades do lugar, eles investiram milhões em estrutura de estufas com energia solar para produção dos mais variados tipos de verduras, frutas, e demais produtos orgânicos livres de qualquer substância química que prejudicasse o meio ambiente.

O Otávio, que era o mais velho, estava batalhando a anos para conseguir comprar um pedaço de terra em fortaleza, lá tinha colônia do tipo camélia que estava sofrendo com a poluição e o lixo que as pessoas jogavam no terreno. Se as fadas se extinguirem, os fungos e as pragas que não eram de conhecimento humano ainda tomariam conta de toda a flora do planeta, e isso poderia nos levar à extinção.

Meus pais já haviam recuperado todo o investimento, e no momento estava morando na capital do Estado por causa da minha mais nova irmãzinha que ainda estava por vir. Basicamente trocamos de lugar por tempo indeterminado, a gravidez da minha mãe era de alto risco e ela precisava de acompanhamento intenso e de tecnologias avançadas, coisa que não tinha nessa cidadezinha, infelizmente.

Faziam três meses desde então. Como eu trabalhava com uma floricultura e tinha meu próprio negócio, não precisei prestar contas, apenas deixei meu pai e meus funcionários de confiança cuidando de tudo e minha mãe com o meu posto de guardião, enquanto tomei o seu por aqui.

Recontratar meus amigos de infância estava sendo muito bom, mesmo que vez ou outra o Irv aparecesse por lá, e sendo bem sincero... Eu já estava ficando viciado nessa calmaria.

Minha vida estava num silêncio tranquilo, até aquela garota aparecer. Quando eu a vi pela primeira vez, só reparei no seu rosto redondo, olhos castanhos e sobrancelhas bem desenhadas. Pescoço longo, clavícula marcada, busto avantajado, pernas  branquinhas e um cabelo castanho, de ondulado para cacheado, que tinha dia que estava enrolado como macarrão parafuso, outros meio liso e assanhado.

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