🧚🍄 Como Tudo Começou 🍄🧚

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Irven

Coruan — Cidade Oficial do Reino das Fadas
Estado atual: Exterminada.

A notícia que chocou o mundo mágico naquele dia foi sendo esquecida com o tempo. Mas o que ninguém sabia é que existiam duas fadas traidoras.

Quando me condenaram ao exílio no mundo externo esperavam que eu morresse assim que entrasse em contato com o ar pobre em magículas antes que eu virasse o jantar do demônio adormecido em krakatoa.
Eu fiquei sozinho na beira daquele vulcão, com a cabeça queimada, minha língua cortada e as minhas asas picadas em pedaços, sangrando enquanto esperava morrer e ficar para sempre preso no vale dos mortos sem ter direito a reencarnação.

Eu não sabia por qual milagre o Irzen, meu irmão gêmeo havia me achado na beirada daquele precipício. Desde que eu o ajudei a fugir do reino para as terras dos humanos, tínhamos perdido todo e qualquer contato.

O meu irmão era a fada que se apaixonou por uma humana, foi ele quem deu início a raça dos shifters, quem semeou a vida nesse lugar árido e cruel e viveu até a sua filha assumir o trono. Eu vi cada um dos soberanos do reino externo, era o conselheiro de todos eles, e continuava vivo todos esses anos por puro capricho da mãe natureza.

Em pura solidão.

Eu já havia me pegado em tantos momentos de cansaço, atentei contra minha própria vida, e me desmontei em pedaços, e acordei remontado. Já não era mais eu mesmo, apenas uma criatura desfigurada que vivia em cima de um morro esperando o tempo passar, definhando na minha própria desgraça até que encontrei criaturas peculiares ao longo da minha estadia nas raízes de uma árvore qualquer.

Uma delas me deu um abraço e um chapéu feito de um cogumelo alucinógeno encontro de um encantamento um tanto peculiar, que ao longo do tempo me fez ter cabelo novamente. Outra foi o seu par de asas no leito de morte em troca de um lugar quentinho para descansar, e o cérebro, o cão do inferno, que teve uma das suas cabeças cortadas, obteve a minha ajuda numa magia profana, e dele recebi um pedaço da sua língua. 

Eu não era mais uma fada pura que estava sofrendo por causa do meu “erro” em ajudar um traidor. Apenas uma quimera que obteve a habilidade extra de mentir, manipular pensamentos e de metamorfose.

O que assustou a jovem menina que veio até o meu laboratório depois de fazer um tour com o meu amigo pelo reino externo. A Flora quando me viu de uma forma gigante e mais humanoide possível, ficou completamente chocada.

— Sabe, não precisa ficar nervoso, eu já tive quase todas as profissões desse mundo e creio que eu seja devidamente capacitado para tirar o sangue dela, Oliver. — Só suspirei pesado quando vi a minha criança protegida ser tão teimosa e ansiosa.

Fazia pelo menos três séculos desde que eu conheci um shifther que tinha a capacidade de escutar a frequência com que nós fadas evoluídas falávamos. Não era que nós evitássemos falar com minoria, existia uma barreira natural que separava os shifther evoluídos dos impuros com presença fraca de magículas no sangue.

Depois de muita pesquisa que eu fiz ao longo das décadas, descobri quase que inteiramente sozinho uma forma de fazê-los nos enxergar e cultivar magia.
A barreira principal era tornar o invisível visível. O organismo desses humanos híbridos começou o processo de metamorfose natural, mas limitados a assumir um meio termo, incapazes de atravessar completamente para o mundo invisível.

Coisa que mais tarde também dei um jeitinho.

— Cuidado. — Pediu me encarando fixamente.

— É só uma gota, credo. — Revirei os olhos e espetei o dedo da Flora e fui colocando as gotas dentro de cada tubo com as soluções de teste. Para estancar o sangramento, apenas deslizei o dedo sobre o furo e ele se fechou como se nunca tivesse sido aberto. — Doeu?

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