Flora
Eu achava que ser mãe seria algo mais trabalhoso, mas a minha filha tinha vindo numa versão premium plus ultra que me isentava de fazer um monte de atividades que as outras mães humanas sofriam para manter tudo na linha o tempo todo.
A minha filha dormia três horas por dia, comia a cada trinta e três, seu corpo raramente soltava resíduos, ela não chorava, não carecia de braço, mas obviamente eu fazia questão, e ela passava a noite inteira com o Irv “estudando” enquanto o meu marido e eu tirávamos o sono da beleza e eu não estava recuperada o suficiente para a gente namora.
Quer dizer, eu já estava, mas na minha cabeça ainda meio humana, eu estava pelo menos tentando esperar um mês e meio para garantir que não tinha nada de errado nas minhas partes íntimas. A Rani praticamente resolveu nascer sozinha e quando eu peguei a menina nos braços eu fiquei tão chocada que nem chamei o Oliver.
Por falar nele...
— O que foi? — Veio me dar um beijinho na bochecha.
— Queria que Rani as vezes fingisse querer mamar. É nesse momento que eu me sinto responsável por ela, como se a minha filha dependesse um pouco de mim. — Suspirei pesadamente, olhando a irmãzinha do meu Oliver se alimentando.
Pela primeira vez estávamos tendo contato com os nossos pais e irmãos depois de tanto meses. A minha mãe nem veio falar comigo, estava tão enfeitiçada pela beleza da minha filha que tinha esquecido de mim, e eu conseguia dizer a mesma coisa da minha irmã mais nova curiosa e do meu pai babão.
— Eu já sou ao contrário, queria que a minha comesse menos, principalmente à noite, tô cansada demais e com pouco látex.
— Látex? — Eu enrruguei a testa. Látex geralmente era uma seiva tóxica.
— Sim, A gente fez um teste para saber que tipo de comida eu estava produzindo. De todos os meus filhos eu produzi néctar ou sumo, mas a Petúnia me fez produzir látex não tóxica, na realidade é ótimo para para a elasticidade da pele.
— Uau! — Fiquei impressionada, eu achava que era só eu que tinha um “leite” diferente. O que a Rani não mamava eu tirava e colocava em lotes para o Irven botar para congelar no seu banner secreto na antártica. — O meu tipo de líquido materno é como se fosse uma geleia quase transparente. É grosso e tem um sabor levemente adocicado pelo que provei do que tirei.
— Quais as propriedades? Para alimentar um nefilim e a deixar isenta de fome por tanto tempo deve ser muito poderoso.
— Hum... eu não sei se consigo fazer um resumo. Mas tem poder regenerativo no meio. Por isso que nós estávamos congelando tudo o que sobra.
— Vocês acham que Petúnia poderia tomar dele? Quero que ela cresça forte e não sei se vou ter leite até para o próximo mês. Crianças como as nossas têm que se alimentar até os dois primeiros anos e nada mais. Não quero que minha filha sofra de desnutrição ou tenha algum problema de saúde por minha causa.
O Oliver se remexeu incomodado e foi até onde ela estava sentada na poltrona com a irmã dele no colo.
— Ei... Mãe, não é sua culpa. Vou até lá no reino perguntar ao Irv, espera um pouco. — Ele só balançou o braço e que um portal girando no chão apareceu e ele pulou dentro.
— Er... Era só uma ideia, não precisam se incomodar tanto e tão rapidamente. Sua bebê pode aumentar a frequência com que come no futuro e... — Ela se calou quando Oliver apareceu atravéz da parede com a minha bombinha portátil adaptada.
— Ele disse que não tem problema, mas é bom fracionar a quantidade, misturar em outra coisa para a Petúnia não comer algo tão pesado e denso, e dá uma vez ao dia. Então um copinho deve durar por mais ou menos uma semana.
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O Lar Das Pequenas Criaturas.
RomanceIsso não é uma fantasia infanto juvenil. Apesar de Flora ser professora do ensino fundamental do interior de uma cidadezinha na Paraíba. Após se mudar para trabalhar na vaga de emprego que conseguiu, ela passou a habitar uma pequena casinha alugada...