Flora
Eu não sabia que depois de transar com o Oliver a nossa rotina fosse mudar drasticamente. Nós estávamos namorando oficialmente há um mês e parecia que tinha sido a dez segundos que eu tinha acordado pela primeira vez na sua cama e visto o meu bonitão dormindo pelado e profundamente.
Era exatamente o que eu estava fazendo no momento, a gente tinha transado no início da noite, com camisinha porque o Oliver não queria que eu tomasse anticoncepcional e tivesse algum probleminha de fertilidade ou de mudança hormonal. Eu cedi ao capricho dele, sabendo que era forma mais segura da gente se proteger enquanto o relacionamento estava na fase inicial e que não poderíamos dar um vacilo de estragar tudo com uma criança surpresa.
Não que a criança fosse ser um problema, longe disso, a questão era que nós não estávamos preparados para ser pais e muito menos nos conhecíamos o suficiente para estarmos seguros e estabilizados. O Oliver morava em João Pessoa e eu era de Pipa. Atualmente estávamos muito longe das nossas residências originais, porém ao menos ele estava cuidando da casa dos pais.
— Você tá meio azedo. — Cheirei o topo da sua cabeça e passei o dedo bem suavemente nas tatuagens do seu corpo, admirando como ele conseguia dormir confortável ao meu lado. — Bom dia.
Depois de deixar um beijinho casto perto da sua orelha, eu levantei vagaroso da cama e sai de fininho até a cozinha para beber água. Eu já estava tão acostumada andar nessa casa que eu conseguia saber onde ficava cada móvel de olhos fechados. Eu olhei para os papéis que tinham em cima da mesa dentro de uma pastinha transparente e uma caneta destampada. Eu não era tipo espelhotar as coisas do Oliver mas, eu não consegui deixar de me sentir curioso em relação a tudo que envolvia a ele.
Com copo de água em mãos eu fiquei empinando à medida que li os poucos papéis e nem seus documentos separados junto do número de telefone do Alisson. Quando passei para a próxima página, havia um passo a passo de como realizar um casamento no civil e me engasguei com a água sem acreditar que ele realmente tinha levado aquele assunto a sério.
Desnorteada e completamente chocada eu fui atender o meu celular que tava vibrando em cima do balcão da cozinha e tem um olá tremido para minha mãe.
— Cadê Flora, tu enfiou esse celular no cu que não me atende mais!? Esqueceu tem mãe?
— Desculpa.
— Oxi, onde já se viu... Como tu tá? E as novidades?
— Faz quanto tempo desde a última vez que a gente se falou? Eu não tô conhecendo o número, esse é o seu celular novo? Eu vi que era você por causa da foto com a Vivi.
— Seu pai comprou um celular para mim, mulher. E ainda ganhou outro num sorteio de uma menina que passou vendendo rifa aqui.
— Que bicho sortudo! — Me animei com a notícia.
— Ta aqui se achando porque ganhou um celular numa rifa. Se teu pai fosse rico ele pisava em pobre.
— Deixa de implicância. A senhora tá bem? Tá cuidando da diabetes direitinho?
— Bom e basta, comi uma farofa de figado de porco torrado ontem mesmo, num senti nada.
— É porque eu já falei, quando a senhora morrer, vai ser de uma vez.
— Deus te ouça! Agora me conte alguma fofoca? quais são as novidades? — Perguntou com o tom de voz estourado e tive que afastar o celular do ouvido para não correr o risco de ficar surda.
— Eu tenho novidades. Tô noiva. — Fui direta.
— Bora, deixe de brincadeira.
— É sério. A gente se conheceu quando eu me mudei e estamos namorando há um mês mais ou menos. Na realidade eu que pedi ele em casamento primeiro, então a gente meio que tá noivo.
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O Lar Das Pequenas Criaturas.
RomanceIsso não é uma fantasia infanto juvenil. Apesar de Flora ser professora do ensino fundamental do interior de uma cidadezinha na Paraíba. Após se mudar para trabalhar na vaga de emprego que conseguiu, ela passou a habitar uma pequena casinha alugada...