Oliver
Surpresas a parte, aceitar o fato de que eu seria pai foi uma coisa fácil, no entanto fiquei preocupado que a Flora estava se culpando pelo ocorrido.
Em nenhum momento eu pensei que fosse culpa dela, até porque a Flora não tinha feito essa criança sozinha. Eu também fiquei me sentindo mal por causa da minha ansiedade, fiquei estressado, abatido, acometido por sentimentos violentos e crises de pânico, até que me sujeitei a beber as porções do meu amigo para conter as minhas emoções, coisa que ela fortemente odiou.
Isso não precisava ser motivo para ela achar que eu a culparia ou estaria chateado. Usamos proteção, ela tomou a pílula do dia seguinte, mas era aquela coisa, nenhum método era garantido cem por cento. E após o Irv me revelar assuntos importantes, eu me dei conta que essa criança estava destinada a nascer.
Só que, isso não me impediu de ficar com um pouco de ciúmes e chateado no início, eu queria poder festejar o fato de que teria um bebê, mas saber que a minha filha tinha sido gerada para outra finalidade deu uma sensação de desconforto assim como na Flora. Parecia que éramos peças xadrez, coisas que estavam só servindo para algo maior, fez parecer como se a nossa existência se resumisse à função de genitores de uma criança prometida.
Pensamento que mais tarde o Irven fez questão de rebater e brigar conosco.Ele disse que era natural que nós dois nos sentíssemos inferiores, estávamos gerando um celestial do mais alto escalão, que provavelmente seria uma das figuras mais importantes do reino invisível, junto com seu irmão que se tornou uma deva e estaria protegendo e gerando mágiculas para que nós pudéssemos ter um lar seguro.
Ele também pediu para que não nos esquecessemos que seríamos os Guardião dos Vale dos Lírio. A Flora se tornaria um querubim, guardiões dos tesouros mais importantes das fadas do nosso território, e eu cuidaria das florestas e das flores, éramos importantes e preciosos, assim como a nossa filha.
Ele teve que ficar falando isso o tempo inteiro porque estava sendo muito difícil para nós os primeiros meses da gravidez dela por conta do efeito estranho que aura da nossa filha causava, e quanto mais a criança se desenvolvia, mais sentíamos o poder forte e puro nos rodeando e às vezes tomando a nossa consciência nos sonhos para se comunicar com a gente.
Ainda lembrava do primeiro recado que a minha filha me deu, ela disse que era para eu parar de ser tão medroso. Eu fiquei impressionado em como ela tinha uma inteligência superior e um ego extremamente forte, às vezes até conseguia calar a boca do Irv e isso era algo de se admirar.
A nossa filha era uma mistura muito doida, toda vez que a Flora saia, as criaturas ficavam a rodeando como se soubessem e adorassem a existência dela, o que normalmente acontecia com toda criança, já que as fadas eram naturalmente atraídas para lugares com magículas puras. O Irv até estava juntando um bocado e mandando em esferas para a minha irmãzinha que tinha nascido prematuramente.
Evitamos encontrar os nossos pais nesse meio tempo, se a presença da nossa menininha já a causava tanta deturpação e influenciava as nossas mentes, era bem capaz dos meus irmãos menores e da minha maninha bebê sofrerem com a presença esmagadora.
Evitar ter contato com o mundo humano foi o melhor remédio, o Irven falou que o poder natural da nossa filha poderia fazer acontecer coisas estranhas no mundo humano e não era bom que as pessoas soubessem da existência da nossa bebê por enquanto, o mundo comum não estava preparado para isso e ela tão pouco sabia se controlar, o que também era extremamente desnecessário já que estava em processo de evolução e desenvolvimento.
Chegando no sétimo mês a barriga da Flora cresceu bastante e se tornou bem redonda e durinha. O contrato na escola tinha acabado e para o meu alívio ela sempre estava em casa, ou bisbilhotando as coisas na residência do Irv, já que ela não conseguia ficar parada.
Na realidade, a Flora falou que estava sentindo desejo por sabedoria, por aprender coisas novas, como se tivesse que adquirir conhecimento para matar essa sede dentro de si.
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O Lar Das Pequenas Criaturas.
RomantizmIsso não é uma fantasia infanto juvenil. Apesar de Flora ser professora do ensino fundamental do interior de uma cidadezinha na Paraíba. Após se mudar para trabalhar na vaga de emprego que conseguiu, ela passou a habitar uma pequena casinha alugada...