Oliver
— Não surta. Respira! — Irv fez o movimento de respiração mesmo que ele não tivesse um pulmão como os humanos. — Não tranca a porta Oliver, como a Flora vai entrar?
Soltei a chave da porta do meu quarto e fui me sentar desconfiado sobre a cama.
Bati com a testa no travesseiro e fiquei com a bunda arrebitada para cima, fiz isso varias vezes, tantas que me senti tonto e miserável. Eu detestava ser assim, qualquer coisa, oportunidade, tudo eu dava uma desculpa para fugir e não sair da minha zona de conforto.Irv voou na minha direção e praticamente cresceu até ficar do meu tamanho. Ele tirou o chapéu de cogumelo da cabeça e colocou sobre a minha, um gesto que repentinamente me deixou surpreso, e me fez congelar no mesmo instante.
Então disse algo baixinho, uma língua que não era das fadas, nem das sereias, nem dos elfos ou dos gigantes. As palavras soaram desconexas na minha cabeça, mas me acalmaram.— Melhor? — Perguntou.
— Sim. O que... Você disse? — Meu coração parecia bater normalmente de novo. Ele nunca falou nada em uma língua que eu não soubesse.
— Ué... Você não conseguiu traduzir? É Coruan, a língua do vale perdido.
— Como vou saber uma língua morta?
— Pensei que a sua habilidade fosse capaz de traduzir. Mas enfim, só falei que você está bem e que não precisa se preocupar. Sou o seu apoio e a Flora é a seu lírio, por que o pânico?
— Você ao menos já se reproduziu? — Droga... A pessoa mais próxima que falei sobre sexo foi o Jacinto. Ele me deu viagra para poder me ensinar a colocar um preservativo e quando viu que mesmo assim eu estava morrendo de vergonha, ele mesmo tomou um e me mostrou como se fazia. A situação foi horrível, mas depois de muita insistência eu consegui fazer o negócio certo e o meu irmão me deixou em paz.
— Sabe que eu não consigo fazer isso.
— Mentiroso.
— Sabe que fadas não mentem. — Me deu um sorriso perverso.
— Mas você mente Irv, e é por isso mesmo que tá amaldiçoado. Poderia ao menos me explicar como isso funciona?
Ele passou a mão sobre os cabelos curtos e mexeu no seu brinco de fragmentos de cometa. Me olhando de canto, piscou os olhos rosé e abriu as assas antes de diminuir de tamanho e vir sentar no meu ombro.
— A flora não é uma adolescente inocente, por que você não pede ajuda a ela? Vou lançar uma barreira de som temporária sobre a casa para deixar o acesso restrito para as outras fadas e espíritos, caso surja alguma emergência. Ela já tá aqui, tá? Levanta logo daí e corre atrás da sua garota. — Praticamente me empurrou para o chão. — Ao menos um de nós, né?
O sorriso que me deu parecia um tanto amargurado e me senti mal pelo meu amigo. O que eu sabia sobre ele era que estava amaldiçoado e por alguma razão incapaz de entrar no reino das fadas.
Mistérios à parte, lhe entreguei o chapéu e sai do quarto para poder ver a minha garota, mesmo que eu quisesse muito me esconder nesse momento.
Assim que a Flora me viu ela abriu aquele sorriso maroto que me deixava todo derretido, tava cheirosa como sempre, usava uma roupão cor de rosa que do nada tentou tirar no meio da rua, pensei de treco ali mesmo e puxei a menina para dentro antes que alguém, mágico ou não, visse ela pelada.Ela tava tão linda, parecia um lírio cor-de-rosa precioso, eles tinham desaparecido do vale dos lírios encantados a bastante tempo, antes mesmo de eu nascer e a flora poderia muito ser uma fadinha das terras que estavam sob minhas jurisdição. A princesa delas, porque ela era perfeita para esse nível e além.
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O Lar Das Pequenas Criaturas.
RomanceIsso não é uma fantasia infanto juvenil. Apesar de Flora ser professora do ensino fundamental do interior de uma cidadezinha na Paraíba. Após se mudar para trabalhar na vaga de emprego que conseguiu, ela passou a habitar uma pequena casinha alugada...