capítulo três - mercado

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— Senhor Potter, o jantar estava bom? — O ômega perguntou com sua voz suave enquanto colocava os pratos dentro da pia. Algumas mechas do longo cabelo loiro deslizavam pelos seus ombros. Harry ficou olhando para aquela cena, com o braço apoiado na cadeira.

— Sim.. a sopa estava ótima. — Engoliu seco. Suas mãos trêmulas foram de encontro a gola do pijama, onde ele puxou levemente o tecido. Seus olhos verdes se recusaram a parar de admirar Draco. — Mas, realmente, não precisava fazer tudo isso. — O sonserino deu de ombros, muito concentrado em lavar a louça para olhar para o alfa atrás dele.

— Potter, um alfa não deve limpar a casa e nem cozinhar. Eu fiz um favor para você. — Cantarolou com uma naturalidade estranha. Harry engasgou com o suco de maracujá assim que ouviu aquelas palavras. Colocou a mão sob os lábios e começou a tossir. — Que foi? É a verdade. — Olhou para o Potter um pouco confuso. Draco enxugou sua mão no pano pendurado ao lado do fogão e guardou os pratos limpos.

— Desculpa, como assim um alfa não deve limpar a casa? — Ergueu uma das sobrancelhas. Estava tão chocado com aquela fala que mal conseguiu expressar alguma reação.

— Ah, senhor Potter.. — Um silêncio pairou no lugar por longos segundos. Apertou as mãos magras e agitou levemente a cabeça. — Meu pai sempre me disse que o papel de alfa era apenas trabalhar para sustentar a família. Já o ômega.. — Lambeu os lábios. Chacoalhou a cabeça e abanou a mão.

Harry não ficou surpreso. Que Lucius Malfoy era um conservador chato para um cacete era a mais pura verdade. Mas, ele não esperava que aquela Barbie falsificada faria o próprio filho cumprir com papéis ridículos que ele achava certo. Draco sempre foi um tesouro para aquele homem, e de repente ele para de tratar seu primogênito como um príncipe encantado e começa a tratá-lo como uma empregada qualquer.

— Bom.. isso não é verdade. — Potter disse depois de um longo silêncio, com um sorriso carinhoso. Nunca foi legal com Malfoy, na verdade, na época da escola os dois só faltaram sair no soco. Mas agora ele sentiu um pouco de.. pena. — Não é porque é ômega que tem que fazer todas as tarefas de casa.. e não é porque é alfa que não pode fazer as tarefas de casa. Por exemplo, minha mulher não é ômega, claro, mas, ela vive trabalhando e eu também. — Esfregou o dedo indicador na aliança de ouro no dedo anelar da mão esquerda.

Às vezes ele esquecia que era casado.

— Ah, Potter. Por isso sua casa estava uma bagunça. — Balbuciou ao revirar os olhos. Harry suspirou. — Olha a hora! — Exclamou assim que olhou para o relógio de ponteiro pendurado em cima do fogão. Draco secou suas mãos na calça, caminhou até o sofá, onde pegou sua bolsa e seu casaco.

Harry levantou rapidamente, limpou os cantos dos lábios sujos de sopa. Pegou sua carteira do bolso da calça e apanhou as notas um pouco amassadas.

— Bom, como eu fiquei umas sete horas fora, então.. — Contou as células mentalmente. A armação do óculo escorregou pelo nariz. — São mil e quatrocentos dólares no total. — Draco acenou com a cabeça, pegando as células rapidamente. Nunca esteve tão feliz por ter escolhido um cliente rico. — Bom.. hã.. eu vejo você.. amanhã? — O ômega guardou o dinheiro dentro da carteira de couro. Harry tinha certeza que aquela carteira valia mais do que aqueles mil e quatrocentos dólares.

Nunca pensou que iria estar dando dinheiro para um herdeiro da família puro-sangue mais rica do mundo bruxo.

— Até amanhã, senhor Potter. — Fechou a bolsa. Colocou o casaco embaixo do braço e olhou mais uma vez para o alfa. Harry ficou em silêncio, olhando para aqueles olhos cinzentos lindos. Fazia tanto tempo que não via eles.. seu coração oscilou. — Potter, a porta. — O auror voltou ao normal com a fala, rindo sem graça.

anonymous nanny Onde histórias criam vida. Descubra agora