capítulo nove - beijo

145 14 5
                                    

— Chegamos — Anunciou com a voz preguiçosa. Draco tirou o cinto e abriu a porta, o alarme do carro apitou incansavelmente, acordando o bebê ali atrás. — Você vai demorar muito? — Perguntou, inclinando o corpo para frente, as mãos calejadas agarradas ao volante áspero. Assistiu Draco sair do carro com o olhar neutro e cansado, incomodado com as mechas do cabelo que deslizavam pelos seus olhos.

— Não vou demorar muito. Talvez vinte minutos. Depois vou dar uma volta com James — Amarrou o cabelo desajeitadamente, deixando alguns fios emaranhados saltarem para fora do elástico preto. Abriu a porta traseira do carro e apanhou o bebê embolado em um pano fino de seda. Segurou com delicadeza, James apoiou a cabeça no ombro da babá com as pálpebras sonolentas. O porta malas abriu em um estalo.

— Eu posso buscar você.. — Foi interrompido pelo sol alto da porta de metal do porta malas batendo com força. Franziu as sobrancelhas e esticou o pescoço, olhando para o retrovisor, onde Draco arrumava seu cabelo antes de montar o carrinho rapidamente, ainda com James em um dos seus braços. As mãozinhas pequenas e fofas de James encontraram a corrente de prata, puxando o pingente do símbolo da família Malfoy, brincando com o metal entre os dedos gordinhos.

— Não precisa não, Potter — A pronúncia do sobrenome fez Harry franzir o cenho. Encostou o braço direito no volante e esticou o pescoço, olhando para a figura do homem do outro lado da calçada. — Eu só vou comprar algumas coisas — Acenou para o homem com um pequeno sorriso tímido. Jogou as longas mechas loiras atrás dos ombros, deu um beijo na bochecha gordinha do bebê em seu colo e andou para dentro da loja. As portas de vidro abriram, o ar gelado bateu no rosto do bebê e da babá. James espirrou e arregalou os olhos com aquela brisa gelada repentina.

Harry apertou mais o volante. Apertou o botão na lateral da porta, os vidros subiram em um piscar de olhos, o ar condicionado ligou sozinho. Conferiu a bateria do carro no televisor, deslizou o dedo por mais alguns minutos pela pequena tela, escolhendo uma música agradável. Optou por piano clássico, deixou o vídeo da apresentação rodando na tela, encostou o braço no apoio de cabeça e conferiu o retrovisor, olhando diretamente para o outro carro atrás.















— Você está estranho ultimamente. Me ligou ontem e perguntou sobre Draco… — Girou o pulso delicadamente, a varinha girou junto. Uma xícara de café voou rapidamente para fora da cozinha, girando a porcelana sem parar. O líquido quente lá dentro permaneceu intacto enquanto a xícara dava cambalhotas e mais cambalhotas no ar. O ruivo observou a xícara parar de repente em sua frente e repousar de forma graciosa na mesa de madeira. Ron enfiou a mão dentro do paletó, os dedos apanharam um saquinho de açúcar.

— Bem… — Deu um gole na água gelada. Fechou a garrafa térmica com os lábios molhados. Engoliu seco. O ruivo em sua frente saboreou o café com gosto, tamborilando os pés na madeira gasta. O Potter enxugou os lábios com os dedos, em silêncio sentiu o coração disparar dentro do peito. Contar a verdade para Ronald que Draco era babá do seu filho? Tinha certeza que Ron iria se engasgar com aquele café e ir parar em um pronto socorro aleatório da rua. — Ron, tenho algo para te contar — Deixou a garrafa em frente ao tinteiro. Ron abriu os olhos, afastou a xícara aos lábios, um pequeno bigode de café se formou.

Ele franziu as sobrancelhas.

— Contar o que?

Ah, sim, Harry, respire. Respire. — Pensou o moreno com o olho esquerdo trêmulo. Abrir o jogo para Ron seria mais fácil para tentar entender esses sentimentos estranhos que vinham lhe rondando ultimamente. Ter alguém para desabafar sobre a sua pequena obsessão por Draco.

— Lembra do site que você me deu esses dias? — Apertou os próprios dedos, tentando esconder o nervosismo. Mas era difícil quando seu pé não parava de bater no chão. Os olhos de Ron oscilavam entre o som irritante do bater dos pés na madeira e a voz rouca do melhor amigo.

anonymous nanny Onde histórias criam vida. Descubra agora