23° Capítulo - Perdendo o Controle

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O sangue de Gabe ainda escorria pela parede, tem pedaços dele por toda parte como uma decoração macabra e sangrenta de algum filme gore ou halloween.

Sinto uma raiva tão grande que faz todo meu sangue ferver e é como se a cada segundo eu tivesse pequenos derrames, lentos e dolorosos, embora não seja necessário respirar me sinto sufocando em uma raiva que aumenta como chamas dentro de mim.

Carl está chorando, mas não consigo me levantar e tentar cuidar dele, só consigo pensar que eu não fui forte o bastante para salvar Gabe, para não entregar Harriet e eu me odeio por isso.

Calleb veio em minha direção um pouco desnorteado e ao me olhar sua expressão de pânico e desespero me atingem como um golpe.

Correu até o berço de Harriet e me fitou tentando entender, mas eu não consigo explicar. Só sinto as lágrimas rolando frias pelo meu rosto e meu queixo tremer como um tique.

Foi até o berço e pegou Carl abraçando-o como se o colocasse em um casulo, posso ver seus lábios mexerem me questionando algo, mas não o escuto.

Aquela pressão voltou e agora parece mais intensa de uma forma que chega a ser dolorosa.

Não consigo ter reação, apenas sinto as lágrimas rolarem e minhas mãos tremerem como se algo abaixo de mim estivesse chacoalhando.

Sinto Calleb tocar meu rosto e isso me faz engolir em seco e respirar como se saísse de um mergulho.

Os sons me nocauteiam e escuto sua voz rouca de preocupação:

— Você está bem?

— Ela levou a Harriet. — Foi a única coisa que consegui falar.

Calleb também não é capaz de conter as lágrimas, está ajoelhado ao meu lado com Carl em seu colo:

— Aquele sangue... É do Gabe?

Às lágrimas rolam no meu rosto como resposta. Volto o olhar naquela marca que ficou.

Nossa atenção se volta a Sienna entrando no quarto com os olhos arregalados. Ela voltou mais cedo do que deveria.

— O que aconteceu aqui?

Encolhi como uma criança assustada e me sentindo a mais fraca e pior de todas as criaturas.

— Onde está a Harriet? Que sangue é esse por toda parte?

Calleb se levanta apreensivo e começou a tentar explicar o que estava acontecendo.

Eu quero sair daqui. Eu quero matar Agnes. Quero arrancar cada membro do corpo dela de forma lenta e cruel. Fazê-la sofrer e sentir cada osso de seu corpo ser quebrado. Quero esmagar seus órgãos não vitais e torturá-la lentamente, mas não consigo nem mesmo me levantar desse chão.

Sienna abaixou perto de mim me analisando:

— Ava, olha para mim.

Não consigo olhar diretamente para ela.

Sinto-a segurar meu rosto e me fitar:

— Nada disso é culpa sua, entendeu? Só existe uma culpada e é a Agnes. Ela vai pagar pelo que fez. Sei que está em choque, mas preciso que olhe para mim e me conte todos os detalhes que se lembra. Mesmo aqueles que parecerem irrelevantes.

A observo por instante ela está desesperada, furiosa e ferida, mas está direcionando todos esses sentimentos para encontrar uma solução.

— Ava... Por favor... Cada segundo é crucial.

— Estava tudo bem... — As lágrimas rolam, não consigo conter, sinto meu queixo tremer — Estávamos felizes e tendo paz... A gente nunca vai ter isso, não é?! Não merecemos isso.

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