CÁLCICO

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FEIRA DA FRUTA


sob o saco escrotal

balança uma feira inteira de frutas

— tem que começar cedinho — disse o feirante

vez ou outra oferece gomos pra clientela experimentar

— e o açougue não funciona hoje? — perguntou um dos fregueses

— tô vendendo meu peixe tem sururu e bacanal — cravou o feirante

e continuou

— pode apertar a vontade — insinuou ele apontando o saco para uma senhora que se aproximava — dá uma provadinha

ela apertou e mais frutas caíram sobre a tenda

— direto do pé madame!

— e a galinha não chorou hoje? — comentou outro freguês

— pelo visto a banana tá com preço de nanica — emendou outro

todos querem pagar uma pechincha

mas nem verduras nem hortaliças

só frutas o feirante punha a balançar sob o saco

na barraca armada antes do sol

— na minha mão é mais tarado! insiste o comerciante — 5 contra 1 pra acabar meu freguês

— o preço balança mas não cai hein — retrucou u, que por ali passava

e quanto mais gritava o homem da vendinha

mais o saco murchava:


docinha tá esta baga

se gaba da minha gleba

rola nanica não paga

mas ela também não mela


procê amiga madame

é a festa da bebete

aqui a dúzia de treze não se engane

é menage a trios de sete


tá madurinha pó apearltá

chega mais freguês chega

ce pah gema sem ovo quebra

chora que escorre a xepa


tem promoção e tem pro moçoilo

com desconto é dez conto

me chama de urubu que te chamo de meu loiro

enquanto o pau não chupar a barraca não desmonto


Vinni Corrêa

Instagram: @ vinnicorreart

Com Mamas na LínguaOnde histórias criam vida. Descubra agora