Reencontros não são felizes

Capítulo dois

Crowley entrou em seu carro ao sair da livraria, ele estava tentando assimilar tudo havia presenciado.

Desde que Aziraphele se foi, ele tentou ao máximo esquecer de tudo, suprimir estes sentimentos humanos que não deveria ter, mas falhou em todas as tentativas.

No entanto, em uma coisa ele já tinha se conformado, que nunca mais voltaria a ver Aziraphele de novo.

Ele duvidava que o novo arcanjo supremo iria voltar para terra, tendo todas aquelas responsabilidades idiotas de arcanjo.

Nem sabia o motivo de continuar indo naquela livraria estúpida.
Dizia a si mesmo que era por consideração a Muriel, um anjo que não conhecia muito bem as regras terrestres e que precisava de um guia. Mas quando Muriel descobriu a música e se estabeleceu completamente em seu novo lar, ele continuou indo até lá mesmo assim.

E que péssimo dia para resolver ir, justo quando Aziraphele decidiu vir a terra depois de ter a abandonado. Crowley estava tão confuso quando o viu, que não sabia se era real ou só coisa de sua cabeça, até ouvir sua voz.

Tentou se manter firme na sua frente, não parecer tão devastado, mas essa tentativa também foi falha, não conseguiria esconder isso de Aziraphele, ele sabe disso.

Mesmo assim ele não quis ficar, ele não tem mais um motivo pra ficar, Aziraphele sempre preferiu o céu, onde com certeza o fez mais feliz do que qualquer outra coisa que Crowley poderia oferecer.

- Olá. - Crowley desvia de um carro as pressas imediatamente, quando Muriel apareceu repentinamente enquanto estava distraído em pensamentos.

- Muriel! - Esbraveja tentando manter o controle do carro.

- Sou eu! - Muriel se alegra.

- O que está fazendo?

- Eu queria saber o porque você não disse pro Aziraphele ficar também. Não ficou feliz em ver ele de novo? - Pergunta em um tom triste e curioso.

- Eu já disse. - Crowley firma a voz. - Ele não quis me ouvir.

- Ah, mas talvez agora, ele tenha um tempo pra ficar mais um pouco.

- Não quero que ele fique se for pra ir embora de novo. - Limpa a garganta antes de prosseguir. - Mas não importa, eu não ligo. - Diz olhando para Muriel através de seu óculos escuros.

- Eu não acredito que você não liga. Aziraphele também sente sua falta. - Muriel emburrece.

- Muriel, sei o que está fazendo. Você não consegue entender que não temos mais nada a ver um com o outro? Ele fez a escolha dele e não foi eu. - Crowley suspira. - Só estou tentando superar isso. E ele também já deve ter superado.

- Ah... Tudo bem. Se é isso o que quer. - Sorri tentando confortar. - Eu vou apoiar você.

- Obrigado. - Crowley responde e Muriel vai embora.

°°°

Enquanto no céu, quando Aziraphele acaba de voltar, ele solta o que não conseguiu soltar quando estava na terra em em meio às lágrimas.

Sua respiração descontrolada e sua tentativa falha de se estabilizar, de limpar seus olhos e não chorar mais.

- Aziraphele. - Uma voz lhe faz entrar em desespero maior em sua tentativa de esconder.

Ele respira fundo e tenta ao máximo disfarçar seus sentimentos, ao se virar para a voz que lhe chamava.

- Onde esteve? - A voz pertencia a Uriel, que parecia irritado.

- Aqui. Eu estive aqui o tempo todo. - Se esforça para sorrir.

- Onde? Eu não te achei quando estava te procurando.

- Ah, devemos ter nos desencontrado sem querer. - Força uma risada. - Quer alguma coisa?

- Sim, a reunião. Você se esqueceu?

- Não. Quer dizer, eu já estava indo...

- Ótimo. Não demore. - Uriel o deixa só.

Aziraphele solta um suspiro e se prepara mentalmente para conseguir ir confiante.

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