Capítulo cinco

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Aziraphele estava em sua sala no céu, pensando na interação que acabou de ter com Crowley. Ele parecia tão triste e decepcionado, queria tanto que ele tivesse vindo junto, uma pena não ter conseguido o convencer.

- Aziraphele. - Uma voz lhe chama, o tirando de seus pensamentos.

- Metatron. - Ele ergue o olhar. - Aconteceu alguma coisa? - Ele nunca havia entrado em seu escritório para conversar, sempre era Uriel a fazer isso por ele.

- Eu percebi que você esteve na terra, fez o que eu te pedi? - Pergunta se aproximando.

- Ah, eu realmente fui mas... Bom, eu n-não tive tempo para fazer o que o senhor pediu... Acontece que eu... Eu nem vi o Crowley. - Responde nervoso. - Mas eu já ia fazer isso...

- Oh, é mesmo? E o que precisava fazer na terra, se não este serviço?

- Bem, Eu pensei em... Ver como a terra está agora, sabe, como um reconhecimento de campo, pro plano... Desculpa por não ter avisado.

- Está certo. Eu ia mesmo te pedir para fazer isso. Na verdade, eu quero você lá quando acontecer, para receber o divino pessoalmente. - Metatron se empolga. - É claro, depois de eliminar o demônio Crowley, assim podemos iniciar.

- É uma honra estar lá... Mas, por que quer tanto que Crowley... Desapareça?

- Eu já te expliquei, Aziraphele. Crowley é um ser rebelde que se apegou demais ao universo, principalmente a terra. Ele já estragou o plano de Deus antes, não queremos que esse erro se repita. Sem pontas soltas. - Responde apoiando a mão em seu ombro. - Você entende, não é?

- É c-claro... Mas, não acho que Crowley vá se envolver. - Ri sem graça. - Você sabe, ao invés dele ficar na terra, ele pode talvez, ir a outro lugar...

- Não, não, Aziraphele você não está entendendo. - Se afasta sacudindo a mão. - Eu disse que não quero nenhuma ponta solta. Você não está me ouvindo? - Diz indignado.

- Estou, desculpa... É que...

- Eu já entendi, eu já imaginava. Você e aquele demônio se conhecem a muito tempo, é provável de que tenha se apegado. - Suspira. - Mas escuta, ele é um demônio, mesmo que tenha renunciado seu posto no inferno, continua sendo um. - Se aproxima novamente. - E você é um anjo, muito mais importante agora, você tem que entender onde é o seu lugar e o dele.

- É claro... Mas quando eu aceitei esse papel, eu estava pensando que talvez possamos mudar algumas coisinhas...

- Está tudo bem. As coisas vão mudar, acredite. Você só precisa seguir as ordem corretamente. - Metatron sorri. - É simples, não?

- Sim, simples...

- Ótimo. Me avise quando terminar. - Metatron se vira para sair.

- Pode deixar, eu direi... - Aziraphele suspira quando ele vai embora. - Merda...

°°°

Crowley estava na livraria, Muriel o escutava enquanto via ele andar para todos os lados tentando chegar a uma conclusão que o ajudasse.

- Muriel, o que eu faço? - Ele pergunta ao terminar de surtar.

- Eu... Eu acho que você deve ir atrás dele!

- No céu? - Crowley ri. - Aposto que os anjos aumentaram seus vigias para caso um demônio invada de novo.

- Bem, é verdade... - Muriel se entristece. - Mas então você pode chamar ele! - Sugere.

- Não... Eu estava meio alterado quando ele apareceu, eu acho que acabei pegando pesado... Provavelmente ele não vai me atender. - Disse triste, se sentando no sofá.

- É claro que ele vai. - Muriel se aproxima. - Aziraphele gosta muito de você, eu acho que ele entende o seus motivos.

- Eu não sei não... Ele está escondendo alguma coisa de mim e eu acho que ele vai me evitar por isso.

- O que ele poderia estar escondendo?

- Eu não sei. Talvez algo a ver com o céu...

- Chama ele, talvez esteja enganado.

- Eu tentaria ligar por telefone, mas acho que ele não tem mais um...

- Já tentou as preces? - Questiona.

- Eu nunca me comuniquei com ele desse jeito antes. Um demônio rezando para um anjo aparecer não é muito comum.

- Você pode ser um demônio, mas Aziraphele não é qualquer anjo, não é?

- Não, ele não é mesmo... - Diz fixando o olhar em um ponto distante, pensativo.

- Ele vai ouvir você, eu acredito. - Muriel sorri.

Crowley desvia o olhar para Muriel, que está lhe transmitindo uma confiança que o faz ter esperança.

- Talvez você esteja certo... Eu preciso saber o que o céu está tramando, só isso... - Diz convencido.

- Oh, então vai chamar ele? - Se alegra.

- An, sim. Mas sozinho, precisamos ter uma conversa as sós.

- Está bem, é claro.

- Então, você pode dar uma voltinha ou...

- Ah, entendi. Eu vou dar uma volta. - Sorri indo até a porta de entrada. - Até mais! Não briguem de novo.

Ao ver Muriel sair, Crowley respira fundo se levantando tentando tomar coragem para chamar Aziraphele.

- Tá legal... - Sussurra para si mesmo. - ...Eu consigo.

Ele fecha os olhos erguendo a cabeça tentando achar coragem para iniciar.

- Bem, não sei se você pode me ouvir pra ser sincero... Eu só quero que você me escute. - Começa a falar. - Talvez eu te deva desculpa por falar com você daquele jeito. Eu não fiquei bravo com você, eu não quero deixar que o que aconteceu por você ter ido embora, estrague nossa amizade de mais de seis mil anos, se quer saber...

Ele para de falar por um tempo, suspirando até começar de novo, focando em não se perder.

- Olha, eu sei que não veio até meu apartamento só para me pedir pra ir embora da terra, tem alguma acontecendo, eu quero saber. Você sabe que se tem algo a ver com a terra, eu preciso saber. - Crowley espera um tempo para ver se teria uma resposta. - Vem aqui Aziraphele. Por favor...

Ele pensou em desistir de continuar, mas enfim sente uma presença atrás de si, e ao se virar, lá estava ele, que possuía lágrimas escorrendo por seu rosto.
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⏰ Última atualização: Mar 16 ⏰

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