Capítulo quatro

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Faltava 28 horas para o prazo da missão de Aziraphele chegar ao fim, e ele ainda não tinha ideia do que fazer.

Em momentos como este, ele recorreria a Crowley, mas ele é a razão do problema atualmente, e já não estão mais se falando.

Mas seu único caminho agora, era recorrer a coisa que acha certo a se fazer, falar com ele. Mesmo que Crowley certamente não quer mais ver Aziraphele, e muito menos conversar, essa era a melhor opção que ele tinha no momento.

Primeiramente, foi até a livraria atrás de Muriel, pois não tinha certeza se Crowley voltou ao seu antigo apartamento e precisa saber onde ele está agora.

- Aziraphele! Você voltou de novo. - Muriel o cumprimenta sorrindo.

- Olá, Muriel. - Aziraphele dá um sorriso pequeno. - Será que pode me ajudar com uma coisa?

- É claro que sim. Do que precisa? - Responde alegremente.

- Eu gostaria de saber... Bem, gostaria de saber onde Crowley está morando agora. Você por um acaso saberia?

- Oh, entendi! Mais é claro, eu posso ajudar com isso. - Responde saltitante.

- Que bom. Então, onde?

- Ele disse que recuperou seu antigo apartamento, ele mora lá.

- Entendo, isso é bom.

- Sim. Muito bom. Você vai finalmente fazer as pazes com ele?

- Bom, não é bem assim... Mas tem algo que eu preciso falar com ele.

- Ah, entendo... Mas é sua chance! Vocês podem conversar de novo.

- Sim... - Aziraphele fica pensativo. - Muriel, por que quer que eu e Crowley façamos as pazes? - Pergunta curioso.

- Porque ele está triste, eu percebi que com você, ele era mais feliz. Eu não gosto de ver as pessoas triste, mesmo que sejam demônios... - Saber que Crowley está triste deixa o coração de Aziraphele apertado, mas ao mesmo tempo esperançoso.

- isso é normal, você é um anjo afinal.

- Sou sim.

- De qualquer forma, eu tenho que ir. Obrigada.

- De nada! Fico feliz em ajudar.

°°°

Crowley estava sentado em sua cadeira segurando uma garrafa. Após terminar de beber o conteúdo que havia dentro, ele a joga no canto da sua sala, fazendo o recipiente se espatifar no chão se juntando a outros cacos de vidros.

Esse ciclo de bebida se repete desde que voltou para casa. Ele tinha decidido, não iria mais correr atrás do que não podia ter, mas ver Aziraphele realmente mexeu consigo.

Ele pega mais uma garrafa em cima de sua mesa, e vira o líquido de uma vez até chegar ao seu fim, repetindo o processo de a jogar na parede.

O álcool ajudava as vezes, fazia as coisas em sua mente ficar turva e impedia ele de se lembrar da dor que sentia. Mas nem sempre funcionava, as vezes seus pensamentos era mais alto do que o efeito da bebida.

Parou o que estava fazendo quando ouviu baterem em sua porta. Ele se levanta cambaleando com a visão meio embaçada e vai em direção a sua porta de entrada com dificuldade.

Ele coloca seu óculos e segura a maçaneta da porta a abrindo.

- Olá, Crowley. - A sua frente está Aziraphele, aquele está com uma expressão triste e preocupada, que se estende ao ver a situação que o demônio se encontra. - Eu posso entrar? - Pergunta receoso esperando uma resposta.

Crowley suspira desviando o olhar para cima antes de conseguir responder.

- O que faz aqui, Aziraphele? - Enfim pergunta. Sentia um nó na garganta ao olhar para ele, não entende o porque do anjo estar aqui agora, o porque continua aparecendo.

- Eu preciso te dizer uma coisa... É importante. - Seu tom de voz revela sua angústia. - Por favor... - Crowley aperta mais a maçaneta em sua mão.

Ele não diz nada quando decide dar espaço para que Aziraphele entre.

O anjo entende seu sinal e adentra no apartamento. Ele olha a sala ao redor, e em um outro cômodo aberto é possível ver cacos de vidros de garrafas no chão, algumas em cima da mesa.

- Oh, Crowley. Acho que deixou cair algumas garrafas. - Diz preocupado.

- Não ligue pra isso. O que você quer aqui? - Sua voz soava séria e embriagada, fechando a porta a trás dele.

- Eu... - A sua coragem vacila ao finalmente ter que dizer o que tem que ser dito. - Bem, eu sei que... Que desde a última vez que nos vimos, não foi tão... afável. E, eu...

Respira fundo ao dizer, o sentimento de nervosismo lhe invade deixando suas mãos inquietas.

- Onde quer chegar? Será que pode explicar? - Crowley pergunta impaciente.

- Eu tenho... Uma missão. E, está missão envolve... Você. - Tenta explicar, falando frase por frase bem devagar tentando não se embolar nas palavras.

- Eu? - Ri desacreditado. - O que o céu quer comigo, Aziraphele? - Crowley soa irritado. - Eles não conseguem me deixar em paz?

- Acontece que... Metatron não quer ver você na terra.

- O que?

- Olha, eu sei que eu não posso te pedir isso, mas é necessário... - Se aproxima de Crowley. - Só... Por favor, saia da terra. Não é para sempre, só por algum tempo.

- Você tem razão. - Crowley diz, deixando Aziraphele confuso. - Você não pode me pedir isso. Eu não vou sair da terra. Eu não dou a mínima pro que Metatron quer, ele que se dane.

- Crowley! Você não entende, por favor...! - Aziraphele implora. - É por pouco tempo, até eu achar outro jeito...

- Que outro jeito? Do que está falando?

- Eu- Só, por favor, faça o que eu estou te pedindo... Eu sei que está irritado comigo mas-

- Não, eu não estou irritado, anjo. - Interrompe, fechado os olhos tentando reunir forças para continuar a falar. - Eu... Eu não estou...

Ouvir Crowley o chamar de anjo novamente fez Aziraphele ter uma mini esperança de que ele lhe ouviria.

- Se não está, então, por favor... - Se aproxima tentando ver seus olhos, mas o óculos intervinha. - Crowley... - Crowley segura o pulso de Aziraphele quando ele tenta retirar seus óculos.

- Eu não posso. - Diz em um sussurro. - Vá embora, por favor. - Ele fala se afastando, ficando de costas pro Aziraphele.

- Eu... Eu não posso voltar pro céu sem completar minha missão...

- Só vai embora e diga que falhou.

Sua voz era áspera, Crowley tenta ao máximo demostrar que não se importa, de que quer Aziraphele longe, mas ele sabe que não é verdade.

- Tudo bem... - Aziraphele diz em fim, suspirando. - Adeus, Crowley... - E então, ele vai embora o deixando para trás.

Crowley cerra os punhos com ódio, não de Aziraphele, mas de si mesmo.

- Mas que merda! - A raiva lhe invadindo, enquanto começa a cambalear pra lá e pra cá. - Por que eu continuo me sentindo assim!? Que idiota, idiota!

Seu corpo inteiro entra em combustão fazendo subir um vapor, preste a explodir.

Ele grita em excesso de raiva. Algo dentro de si sabe que Aziraphele está escondendo algo, algo importante que ele não quer falar.

E Crowley ainda se importa, mesmo que não queira, e está enlouquecendo enquanto não decide o que fazer, ele sabe que nunca quis tratar Aziraphele daquele jeito.
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