A semana passou arrastada. Caio estava acostumado ao seu amor não correspondido, entretanto, ter tocado em Norah de forma mais íntima pela primeira vez, o desestabilizou. Nem mesmo a agradável companhia de Lena na noite de domingo ajudou seu corpo a encontrar o prumo.
Depois de empurrar sua calculadora para longe e bufar exasperado, Caio considerou que teria sido preferível recusar a ajuda com o protetor solar. Havia se tornado um completo inútil por muito pouco.
– O que você tem hoje? – o avô perguntou ao se aproximar de sua mesa.
– Essa conta não bate – mentiu, indicando a planilha na tela do seu computador.
– Então nenhuma tem batido, porque você tem reclamado todos os dias – observou o senhor. – De verdade, Caio... O que você tem? Está com algum problema?
Não um problema de fato, nem nada que quisesse dividir com o avô, então tentou tranquilizá-lo com outra mentira.
– Não sei sobre o que posso ter reclamado os outros dias, mas hoje só estava aqui pensando que me esqueci de dar um recado lá na associação, sobre as aulas de violão.
Há cerca de dois anos, ao se mudar para o apartamento que o avô o ajudou a financiar, no Catete, ele tinha se voluntariado para dar aulas de violão na associação do bairro. Com o tempo descobriu que sentia falta de tocar junto às outras pessoas e considerou ser interessante passar o que aprendera. No momento sentiu-se péssimo por usar a ocupação como desculpa, mas não voltaria atrás.
– Não é só ligar? – João indagou incrédulo, citando o óbvio.
– Já tentei e ninguém atende. – De súbito aproveitou a desculpa infeliz para sair mais cedo. – Acho que vou dar uma passada por lá. É mesmo importante. Depois vou pro meu apartamento e termino isso lá mesmo... Tudo bem?
– Será melhor do que você ficar aqui, bufando e reclamando. Vá de uma vez!
Depois de sorrir agradecido, Caio salvou o pouco que fez, desligou seu computador, pegou suas coisas e saiu. No caminho até o Catete, entendeu que não estava com ânimo para sair com os amigos, e também não queria ficar sozinho com seus pensamentos. Com isso, antes mesmo que chegasse ao seu apartamento ele entrou em contato com o restante do quarteto e outros conhecidos.
Depois de tapear a arrumação do apartamento, Caio foi até o mercado providenciar a parte que lhe cabia para a festa que daria à noite. Enquanto organizava tudo em sua cozinha Denis chegou.
– Qual a razão da festa? – indagou o amigo ao entregar a sacola com as bebidas que levara.
– E precisa ter motivo pra se fazer uma festa? – Caio deu de ombros, desmerecendo a decisão. – Eu só tava com preguiça de sair, oras.
– Tá bom! – Denis anuiu ao entrar. – Lembrou de chamar alguma mulher ou só vai ter cara aqui?
– Chamei a Bruna – disse Caio para arreliá-lo.
– Ah, não me fode! A Bruninha é passado.
Caio riu da bronca enquanto seguia até a cozinha para colocar as cervejas na geladeira. Lena também era passado, então não chamaria nenhuma das duas. Das que viram no final de semana, ele convidou apenas Beatriz, a pedido de Cássio. O amigo nada disse, mas parecia que o interesse começava a ser real.
Mudança significativa que Caio esperava se tornar benéfica caso um dia tivesse a chance, ou a coragem, de efetivamente se insinuar para Norah. Por vezes a adoração que o amigo devotava à mãe era preocupante. Enfim, nada com que devesse se preocupar aquela noite. Sua festa relâmpago fora organizada justamente para afastar Norah de sua cabeça por algumas horas.
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Perfeita pra Mim [ DEGUSTAÇÃO]
Roman d'amour****************DEGUSTAÇÃO***************** TODOS OS DIREITOS RESERVADOS ** PLÁGIO É CRIME Bonito, profissional estabelecido, instrutor de violão nas horas vagas, um dos destaques de seu grupo... Aos 25 anos, Caio Ressali poderia ter quantas garotas...