Naquela semana, até mesmo as aulas que dava às crianças carentes na associação do bairro teve sabor especial. Em seu apartamento, sequer lhe importava que pudessem ter a companhia de Serafim e Ariel. Por mais de uma hora teria Norah por perto, longe dos amigos. Se fizesse tudo direito, sabia que poderia conquistá-la.
Caso não conseguisse, ao menos teria tentado. Quem sabe assim pudesse finalmente seguir em frente?
Começaria a ter a prova naquela tarde. Nunca antes os ponteiros do relógio custaram a correr até indicarem que era hora de seguir para seu apartamento. Ao chegar, Caio descobriu o recado de seus alunos, avisando que não iriam. Perfeito!
Infelizmente a perfeição quase o levou à loucura, fazendo com que se sentisse um adolescente à espera do primeiro encontro. Conhecia uma forma de aliviar a tensão, mas não queria endossar um comportamento inexperiente masturbando-se durante os poucos minutos que tinha antes da chegada "dela".
Quando literalmente saltou ao toque da campainha, Caio se arrependeu de não ter feito. Ao abrir a porta entendeu a expressão "estar uma pilha de nervos". Diante de Norah, lembrou-se de sorrir e se afastar para que ela entrasse.
– Voc... A senhora veio! – corrigiu-se.
– Pois é... Vamos ao mico!
A rigidez com que Norah segurava o violão enquanto olhava em volta com indisfarçada curiosidade, indicava que estava tão ou mais agitada do que ele. Ao terminar sua inspeção, ela indagou:
– Cheguei cedo?
Naquele instante Caio notou que esteve paralisado, sequer tinha fechado a porta.
– Eu diria que está atrasada.
– Atrasada?!
– Esqueça o que eu disse – Caio pediu rapidamente ao saber que verbalizou o pensamento. Para distraí-la apontou o violão: – Posso ver o que tem aí?
– Claro! Eu deveria ter mostrado antes. Talvez nem preste mais.
– Pouco provável – disse Caio depois de receber o instrumento e indicar o sofá para que ela se sentasse. – Veja só! Um Giannini! - Como o dele, mas não comentaria. - A marca é boa. Por que Cássio o chamou de velharia?
– Meu pai me deu esse violão quando eu tinha 13 anos. Ele sempre quis que eu aprendesse, mas meu interesse era mínimo.
– Que pecado!
Reflexivo, Caio passou testar a afinação até deixá-la de acordo.
– Agora sim... – murmurou de modo intimista.
De súbito, animado pela proximidade e pela atenção que tinha sobre si, Caio passou a tocar e a cantar Bem Apaixonado. Quando desconfiava que seu sentimento pudesse ser visto em seus olhos, fechava-os. Não sabia a razão, por isso o consternou vê-la chorar. De imediato Caio deixou o violão de lado e lhe segurou as mãos carinhosamente.
– Ei... O que foi?
– Me desculpe por isso.
– Estava tão ruim assim? – Caio não queria saber o motivo das lágrimas, então resolveu brincar. – Essa é a primeira vez que faço minha plateia chorar.
Conseguiu fazê-la sorrir, mas não se livrou de ouvir a explicação.
– Seu bobo! Não é nada disso. É uma coisa minha... Tem a ver com lamber feridas, então não quero falar sobre isso.
– Eu respeito – disse resignado. – E então é melhor começar nossa aula antes que desista.
– Não vou desistir. Depois que decido fazer uma coisa, vou até o fim.
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Perfeita pra Mim [ DEGUSTAÇÃO]
Romance****************DEGUSTAÇÃO***************** TODOS OS DIREITOS RESERVADOS ** PLÁGIO É CRIME Bonito, profissional estabelecido, instrutor de violão nas horas vagas, um dos destaques de seu grupo... Aos 25 anos, Caio Ressali poderia ter quantas garotas...