Capítulo 6 - Uma fugitiva resgatada

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O anúncio que acabara de ouvir ainda ecoava na cabeça de Amanda. A travessia de balsa fora suspensa até segunda ordem devido a um acidente na rota principal.

Balsas não sofrem acidentes! Ela pensou. Eram muito grandes e atravessavam o mesmo trecho repetidas vezes. Como pôde ter acontecido?

Sem saber o que fazer, recostou-se no assento do carro e tam­borilou os dedos no volante. A única saída seria esperar. Olhou ao redor, desanimada. O pequeno comércio do terminal resumia-se a uma loja de conveniências e uma lanchonete, se é que se poderia chamar assim o corredor estreito onde eram servi­dos apenas dois tipos de refeição. Sem opção, caminhou para lá e sentou-se na cadeira de plástico, percebendo de imediato que não poderia ficar confortável por mui­tas horas enquanto esperava pelo conserto da balsa.

Quando chegou, naquela manhã, havia mais dois carros alinha­dos para entrar na balsa. Porém, não vislumbrava o menor sinal deles. Ela era a única passageira desesperada para deixar a ilha.

— Será melhor que volte para a casa da pessoa que estava vi­sitando, moça. Não há previsão para o reparo.

Ela voltou a cabeça ao ouvir a voz masculina. O jovem que lhe dirigira a palavra usava macacão alaranjado com o logotipo do serviço de transporte bordado no bolso.

— Como sabe que eu estava visitando alguém?

— Esta ilha é minúscula. Trabalhando na balsa, ficamos conhe­cendo todos os moradores, e também os turistas.

— Oh...

— Quem veio visitar?

Amanda considerou a possibilidade de não responder, mas de­cidiu que não era nenhum segredo.

— Bill Kaulitz.

— Ele não costuma receber visitas com frequência, muito me­nos para pernoitar.

— Tratou-se de um encontro de negócios — disse ela, na de­fensiva.

— Dizem que é um gênio, tão jovem....E muito excêntrico também.

— É uma boa descrição de Bill Kaulitz. Você não o conhece? — o rapaz meneou a cabeça em negativa.

— O sr. Kaulitz é muito reservado. Vi apenas um senhor que vive com ele.

— David é o mordomo.

— E também é especialista em segurança, segundo os boatos locais.

Amanda observou melhor o moço a sua frente. Aparentava quase sua idade, pouco mais de dezoito anos, mas os olhos brilhavam com a avidez de um curioso inveterado.

— Para alguém que não o conhece, você sabe muito a respeito de Bill Kaulitz.

— Aposto que nem tanto quanto você. — o rapaz sorriu, ma­licioso. — Ele não costuma trazer contatos de negócios para a ilha.

Irritada com a atitude ousada, Amanda voltou-se para o rapaz, disposta a demonstrar sua indignação. Porém, ao abrir a boca para responder, uma mão forte pousou em seu ombro.

— Não se irrite com o garoto, Amanda.

Assustado com a presença imponente, o jovem recuou um passo e ergueu as mãos em um gesto de defesa.

— Não tive intenção de ofendê-la, senhor. Estávamos apenas conversando.

— Está bem. — Com um gesto, Bill indicou que ele se afas­tasse.

Amanda se lembrou de respirar.

— Bill! O que faz aqui?

— Fiquei sabendo que a balsa está quebrada.

Uma Equação Perfeita  | Bill KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora