Uma Equação Perfeita | Bill Kaulitz

Capítulo 1 - Um Obstáculo Inesperado

Enquanto subia pelo elevador do luxuoso edifício comercial, Amanda Clark repetia mentalmente as palavras que decorara durante o voo de Nova York para São Francisco.

Contemplou seu reflexo no imenso espelho ao fundo e avaliou com atenção a discreta maquiagem que aplicara no minúsculo reservado do avião. Aquele batom não estaria exagerado? Pergun­tou-se apreensiva. E o delineador? Estaria adequado para aquela hora da manhã?

Com um suspiro profundo, deu as costas para o espelho e sorriu, tentando parecer mais tranquila do que se sentia.

Mal podia crer em sua sorte! Quando apresentou sua ideia à equipe de gerentes executivos da NYCSA Group (New York Computers S.A.), duas semanas antes, não esperava causar tamanho entusiasmo em seu chefe. A proposta de fusão da empresa com a Automatic Technology Corporation, sua principal concorrente, provocou uma reação entusiástica não só em Gustav Schafer, seu chefe, mas em todos os membros do alto escalão. Não foi fácil conter a excitação quando, além de todos aplaudirem o projeto, foi indicada para realizar as negociações.

Esboçou um sorriso discreto ao imaginar todas as possibilidades que se abririam para ela se fosse bem sucedida. Se conseguis­se fechar aquele acordo, efetivaria uma posição importante na companhia.

Aos vinte e dois anos, Amanda era a mais jovem executiva da NYCSA. Desde que ingressou na empresa, um ano antes, seu objetivo era tornar-se sócia em um prazo máximo de cinco anos. Porém, o tempo que estipulara poderia ser abreviado. Tudo depen­dia da reunião com Tom Kaulitz, que estava prestes a acontecer.

Sorriu ainda mais quando as portas do elevador se abriram. Ajeitou a alça da bolsa no ombro e alisou a barra do blazer elegante antes de pisar no luxuoso hall de entrada.

Sustentando uma expressão profissional, endireitou a coluna e caminhou para a mesa circular no centro da sala. O ruído abafado dos saltos altos no porcelanato branco marmorizado parecia combinar com a suave música de fundo da recepção quase silenciosa.

Deteve-se diante de uma loira de idade indeterminada que er­gueu os olhos para ela.

— Bom dia. Sou a srta. Clark.

— Um momento, senhorita.

A recepcionista apanhou o telefone e falou com alguém do outro lado da linha. Enquanto ouvia a resposta, seu olhar pousou em Amanda, avaliando-a.

— Está bem. Vou dizer a ela. — Desligou o aparelho e a en­carou. — O sr. Kaulitz está em uma reunião de emergência. Por favor, aguarde alguns momentos. A secretária dele virá chamá-la quando estiver disponível.

Amanda assentiu com uma impaciência que quase não pôde disfarçar. Acomodou-se no luxuoso sofá e apanhou uma revista da pilha sobre a mesinha de centro, pondo-se a folheá-la ao acaso.

Marcara aquela reunião com uma semana de antecedência, e sabia que Tom Kaulitz era famoso por sua pontualidade. O que estaria acontecendo?

Talvez estivesse usando alguma estratégia psicológica para testá-la. Não, não fazia sentido. As conversas telefônicas que vi­nham mantendo demonstraram a empolgação dele com o projeto de fusão.

Mas...E se tivesse mudado de ideia?

Recostou-se no sofá, apavorada com tal possibilidade. Não se sentia tão tensa desde o fatídico dia que fugiu da casa de noivo, seguida de uma separação traumática, que deixara marcas profundas. Amanda jurara para si mesma que nunca mais tornaria a se envolver com homem algum. Mesmo depois de um ano, a lembrança do pesadelo que vivenciara com o ex-noivo ainda a machucava.