Antigas cortinas florais conferiam uma atmosfera melancólica aos ambientes ainda vazios. Apenas uma brisa gélida adentrava pelas frestas das novas janelas, com vidros límpidos e desprovidos dos antigos insufilmes escuros. Janelas que emolduravam a paisagem primaveril e testemunhavam a vida do lado de fora.
— Você não tem ideia do trabalho que isso vai dar, Sam — Bucky suspirou, enquanto passavam por um dos quartos —, mas vai valer a pena, é um recomeço.
Bucky comentava com Sam sobre a quantidade de reforma que o lugar exigia enquanto mostrava cômodo por cômodo e os detalhes que mais precisavam de atenção.
Sam assentiu em silêncio, mantendo a mãos aquecidas nos bolos da calça, observando os detalhes que Bucky apontava em cada cômodo e a quantidade de atenção que o lugar necessitava. A madeira do assoalho era escura e rangia sob seus passos e as paredes precisavam de uma pintura nova, mas o pé direito era alto e as janelas amplas. A lareira era de mármore antiga, mas havia sido reformada no último inverno, junto com toda parte elétrica e hidráulica da casa. Aquele lugar facilmente se tornaria um lar aconchegante.
— Com certeza, Bucky. É incrível pensar em como você conquistou tudo isso, considerando... bem, tudo o que aconteceu — disse, provocando um discreto sorriso nos lábios de Bucky.
— É, eu ainda me belisco as vezes — ele admitiu, reconhecendo os aspectos positivos que superavam as adversidades da sua nova casa. — Aliás, Sam, Steve teria muito orgulho de você. Carregar o escudo, seguir seus passos...
Sam pareceu ponderar as palavras por um instante.
— É uma honra, mas também uma responsabilidade imensa. Às vezes, sinto como se estivesse vivendo sob o olhar constante dele.
— Você está fazendo um ótimo trabalho, Sam — Bucky assegurou. — Ele acreditou em você por um motivo — acrescentou, palavras envolvidas por um tom orgulhoso.
À medida que exploravam a casa, Bucky conduziu Sam até as escadas, subindo mais um lance até o cômodo dos fundos, que estava espetacularmente preservado: a biblioteca. Prateleiras altas se estendiam pelas paredes, repletos de livros antigos cujos títulos evocavam histórias atemporais: "Orgulho e Preconceito", "Drácula", "Moby Dick" e "O Sol é para Todos", pareciam ter sido deixados pelo antigo morador. Sam admirou o ambiente com um sorriso cativo em sua expressão.
— Isso é incrível, Buck. Parece que você encontrou um tesouro perdido no meio de tudo isso – ele comentou, referindo-se aos materiais de reforma pela casa.
— É... — murmurou, seus olhos azuis vagando entre os inúmeros títulos que ele mal havia conferido até então.
Sam caminhou pela biblioteca de Bucky por mais alguns instantes, admirando as estantes repletas de livros. Seus olhos atentos se detiveram em um volume com um título específico. Ele pegou o livro e começou a folheá-lo, um sorriso irônico brincando em seus lábios.
Bucky ergueu as sobrancelhas em curiosidade para a expressão de diversão no rosto de Sam, e se aproximou para ver o livro que ele folheava, se deparando com o título "The Manchurian Candidate". Seus olhos se fixaram no título e, de repente, uma lembrança ecoou em sua mente.
Bucky fechou os olhos por um momento, transportando-se de volta à Sibéria, onde Tony Stark, com seu sarcasmo característico, o havia apelidado daquela forma. Um apelido dito em tom descontraído, pouco antes de Bucky se deparar com a amargura no olhar de Tony quando ele descobriu toda a verdade sobre o assassinato de seus pais. Enquanto sua mente se deslocava de volta ao presente, Bucky retornou sua atenção ao livro, sentindo uma onda de melancolia.
— Quer que eu me livre disso? — Sam perguntou, percebendo a expressão no rosto do amigo.
Bucky balançou a cabeça em negação, esboçando um sorriso nos lábios.
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TIMELESS: Bucky Barnes
FanfictionApós o conflito com os apátridas, Bucky Barnes se vê no limiar de uma vida comum - uma possibilidade que jamais ousou imaginar. Entretanto, a liberdade o deixou desorientado, à deriva em um mundo que lhe parecia estranho após anos de lutas intensas...